Festa a Marçal sob intervenção e sem presença de voluntários

A direção do Instituto São Marçal de Cultura e Desenvolvimento Social oficializou, em 2017, que não é mais responsável pela organização do tradicional Encontro de Bois realizado há mais de 90 anos na avenida São Marçal, no bairro João Paulo. Sob nova organização, moradores e brincantes temem que as tradições sejam rompidas.
O Grupo Ação de Voluntários foi formado em 1985 e desde 2005 foi integrado ao Instituto São Marçal de Cultura e Desenvolvimento Social. Por muitos anos, estes grupos, em parceria com os governos estaduais e municipais, realizaram a tradicional Festa de São Marçal que, no último dia do mês de junho, homenageia o santo venerado pelos brincantes de bumba meu boi. Apesar do histórico, desde 2017 os voluntários deixaram a organização da festa.
O desligamento se deu após um impasse entre a diretoria do instituto e o governo estadual sobre os recursos destinados ao evento. De acordo com Paulo de Tasso, voluntário e integrante da diretoria do instituto, a Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Sectur) se dispôs a contribuir apenas com 20% do valor necessário para a realização da celebração.
“No ano passado, nós mandamos um ofício ao Governo do Estado no início de março e no início de maio eles nos chamaram para conversar pedindo um novo orçamento. Nós fizemos isso e às vésperas do São João nos chamaram para dizer que arcariam com R$ 20 mil no ano em que a festa completava 90 anos e que nós gastaríamos R$ 20 mil só em troféus”, esclareceu Paulo de Tasso, voluntário e integrante da diretoria do Instituto São Marçal de Cultura e Desenvolvimento Social.
O grupo tentou um novo acordo com a Sectur, mas não obteve sucesso. Com isso, preferiu abrir mão da organização do evento que há dois anos é uma realização do governo estadual em parceria com a Prefeitura de São Luís.
“Era uma festa diferente, eram 90 anos era uma festa onde iríamos homenagear o cantador João Chiador, íamos fazer boas camisas, bons troféus, para marcar a festa de 90 anos e foi uma decepção”, contou Raimundo Morais, voluntário do Instituto.

Sem feijão e água
Apesar de garantir a festa, o Governo do Estado acaba deixando de lado algumas tradições que faziam parte das comemorações. Uma delas é a distribuição de caldo de feijão e água aos brincantes. A ação era feita pelo 24º Batalhão de Infantaria de Selva (Bis), instalado no bairro João Paulo.
O Exército recebia os ingredientes do grupo de voluntários, produzia e distribuía o caldo durante a festa, mas desde o ano passado não tem participado da celebração. De acordo com o tenente-coronel Marcus Vinicius, comandante do 24º Bis, o Exército não foi procurado pela organização do evento para esta atividade.
Hélio Braga, um dos fundadores do instituto teme que a comissão interventora que hoje organiza a Festa de São Marçal, enfraqueça o tradicionalismo das comemorações.
“Nós lamentamos que nessas mãos vão acabar com a festa de São Marçal. Lamentamos que uma conquista como a do Exército Brasileiro, que não abre aquelas portas para qualquer grupo, esteja deixando de participar junto com o povo”, ressaltou Hélio Braga.
Em nota, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Sectur), informou que está apoiando o Festejo de São Marçal, realizado todo dia 30 de junho, no João Paulo, e ressaltou que, reconhecendo a importância da festa para a salvaguarda da tradição cultural do Maranhão, o Governo fica responsável pela estrutura da festa, como palco, som, iluminação e banheiros químicos.

Nós lamentamos que nessas mãos vão acabar com a festa de São Marçal. Lamentamos que uma conquista como a do Exército Brasileiro, que não abre aquelas portas para qualquer grupo, esteja deixando de participar junto com o povo” Hélio Braga, integrante da diretoria do Instituto São Marçal de Cultura e Desenvolvimento Social

Segurança reforçada e trânsito com alterações na área da festa

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), através da Polícia Militar do Maranhão (PMMA) informou a O Estado que foram disponibilizados mais de 200 policiais militares para garantir a segurança aos brincantes e ao público durante o festejo de São Marçal. Estão mobilizados para o festejo equipes do Comando Geral de Polícia Militar no monitoramento a pé, em viaturas, motos e barreiras com apoio de efetivo do Comando de Policiamento Metropolitano de São Luís (CPAM I), Cavalaria, Batalhão de Choque, Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam), Centro Tático Aéreo (CTA) e Corpo de Bombeiros.
O trânsito da região será controlado pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT). Em nota, o órgão informou que intensificará as fiscalizações e fará disciplinamento e intervenções nas imediações dos locais onde ocorre o festejo. No João Paulo, palco da festa de São Marçal, serão feitas interdições que visam garantir maior fluidez ao trânsito e segurança ao público.
Desde a noite de ontem, 29, três pontos da cidade foram interditados: Avenida São Marçal, próximo à Feira do João Paulo; Avenida Getúlio Vargas, próximo ao Curso Wellington; e Avenida Kennedy, próximo ao Colégio Gonçalves Dias. As interdições seguem até o fim das festividades.

Desvios
No sentido bairro-centro, pela Avenida São Marçal, o trânsito está sendo desviado na Jordoa, pela Rua 5 de Janeiro, seguindo até o Elevado Alcione Nazaré. No trecho centro-bairro, estão sendo feitas duas interdições: a primeira na Avenida Kennedy, onde o trânsito é desviado para a Rua Armando Vieira da Silva (em frente ao Colégio Gonçalves Dias), seguindo em direção à Avenida Getúlio Vargas; e a outra, na Avenida Getúlio Vargas, sentido centro-bairro, próximo ao Curso Wellington, com desvio em direção à Avenida dos Franceses. Também seguem interditadas as ruas transversais que dão acesso à Avenida São Marçal, no trecho compreendido entre a feira do João Paulo e a Rotatória São Marçal.
Os ônibus do Sistema de Transporte Coletivo de São Luís que trafegam pelo João Paulo tiveram seus itinerários modificados conforme desvios programados pela SMTT, até o fim das festividades na Avenida São Marçal. A SMTT também pediu a compreensão dos condutores para que evitem transitar nas respectivas avenidas a fim de diminuir transtornos e, consequentemente, maiores complicações ao trânsito no local.

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