Cuidados

Caramujo africano pode ter chegado a São Luís por meio de plantações

Pesquisadora da Uema não descarta hipótese e acrescenta que a espécie pode ter sido também introduzida no Maranhão para criação e fins comerciais

Daniel Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

Há a suspeita de que o caramujo africano encontrado no último final de semana na Ponta d’Areia, chegou a São Luís em plantações na área do Espigão Costeiro e também pode ter sido introduzido para criação e fins comerciais, para substituir o escargot, de acordo com a pesquisadora Patrícia Cantanhede, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Ainda segundo a pesquisadora, essa espécie se alimenta de fezes de rato e, com isso, contraem o verme Ongiostrongylus cantonensis, que é prejudicial à saúde humana, quando ingerido, e causa meningite eosinofílica.

“É possível que pequenos ovos e exemplares do caramujo africano tenham chegado em plantas, da região do Espigão Costeiro. Eles enterram os ovos na areia. Mas há registros mais antigos de que essa espécie pode ter sido introduzida aqui no Maranhão para criação e fins comerciais, para substituir o escargot, assim como em outros estados do Brasil. Fomos chamados para identificar qual o tipo de caramujo e constatamos que de fato é o caramujo africano. Estamos estudando o caso, e umas amostras serão levadas à Fundação Osvaldo Cruz, para um diagnóstico preciso e saber se esses moluscos estão contaminados, acrescentou a pesquisadora.

Ainda conforme a pesquisadora, a espécie tem alta capacidade de reprodução. “Nossa preocupação é com a infestação para além do bairro da Ponta d’Areia. Essa espécie tem alta capacidade de reprodução. Não temos registros, aqui no Maranhão, de casos de meningite causada pelo caramujo africano, mas no Brasil já foram registrados casos, entre 2007 e 2008, nos estados de Pernambuco e Espírito Santo”, explicou Patrícia Cantanhede.

Contágio
Os caramujos africanos causam contaminação ao ser humano, por meio do seu muco, que pode ser expelido em frutas, hortaliças ou em qualquer outro produto. “A infecção ocorre porque o caramujo ao se locomover libera um muco. Essa secreção faz mal à saúde humana. Tem que ter também muito cuidado com os brinquedos dos bebês, pois as crianças colocam na boca.

E se esse objeto também estiver contaminado com o muco?”, indagou Cantanhede.
Os milhares de caramujos encontrados na Ponta d’Areia foram coletados e, em seguida, incinerados, no último fim de semana, durante uma força tarefa da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Sema), secretarias de Turismo e Cultura, Corpo de Bombeiros e Universidade Estadual do Maranhão (Uema).

Cuidados
A recomendação da pesquisadora Patrícia Cantanhede é que, em caso de contato com o animal, seja feita a higienização correta das mãos, lavar com bastante água e sabão. Frutas, legumes e hortaliças, também devem ser bem limpas. “O ideal é fazer uma solução de água com água sanitária (uma colher de sopa de água sanitária para um litro de água) e deixar as verduras de molho por 30 minutos. Esse molho consegue matar as larvas.

SAIBA MAIS

CARAMUJO AFRICANO

O caramujo africano (Achatina fulica) é uma espécie de molusco terrestre tropical, originário do leste e nordeste da África. Foi mundialmente disseminado pela ação humana ligada à gastronomia, pela região da Tailândia, China, Austrália, Japão e, recentemente, pelo continente americano. Essa espécie é considerada uma das cem piores espécies invasoras do mundo, causando sérios danos ambientais. No Brasil, foi introduzida a partir de 1988 como uma forma barata de substituir o escargot. O caramujo africano, além de praga agrícola, é o responsável pela transmissão de parasitas pertencentes ao grupo dos nematoides do gênero Angiostrongylus, que causam doenças de difícil diagnóstico em humanos. A pessoa é infectada pelo parasita acidentalmente quando ingere alimentos ou água contaminados com larvas de terceiro estágio, presentes no muco secretado pelo caramujo, seus hospedeiros intermediários. Os principais parasitas que podem ser transmitidos pelo caramujo africano são o Angiostrongylus cant onensis e o Angiostrongylus costaricensis.
Fonte: Infoescola.com

Meningite eosinofílica

De acordo com um estudo publicado em junho de 2014 na revista científica “Memórias”, do Instituto Oswaldo Cruz, o primeiro relato brasileiro desse tipo de meningite decorrente do Angiostrongylus foi feito em 2007. Desde então, houve 34 casos confirmados em pacientes de Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Um deles resultou em morte. Os cientistas acreditam que essa distribuição se deve, especialmente, à disseminação do caramujo-gigante-africano pelo território nacional.

Sintomas

A meningite eosinofílica se manifesta da mesma forma que as outras versões da doença. “O paciente pode apresentar dor de cabeça, febre, vômito e rigidez na nuca”, informa o infectologista Paulo Olzon, da Universidade Federal de São Paulo.
Fonte: Saúde.abril

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