Alerta

Pesquisador chama atenção para incidência de caramujos em São Luís

Esses moluscos vivem principalmente nas áreas periféricas, onde há falta de saneamento básico e há maior incidência de esquistossomose ou barriga-d’água

Leandro Santos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37
Caramujos estão sendo encontrados cada vez mais em bairros periféricos de São Luís, conforme pesquisador
Caramujos estão sendo encontrados cada vez mais em bairros periféricos de São Luís, conforme pesquisador (caramujo)

Um professor e pesquisador da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) está chamando a atenção para a alta incidência, em bairros de São Luís, de caramujos infectados com os parasitas que transmitem a esquistossomose. As localidades estão situadas nas áreas mais periféricas da cidade, onde existe carência de saneamento básico.

De acordo com o professor Raimundo Nonato Cutrim, a incidência do caramujo do gênero biomphalaria, responsável por hospedar o parasita que transmite a doença, aumenta nesse período em que as chuvas estão cessando. O molusco prefere áreas úmidas como córregos, riachos e outras fontes de água, onde se reproduz com frequência.

Incidência
Segundo um levantamento feito pelo pesquisador, com base em informações da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), alguns bairros da zona periférica da cidade estão apresentado uma quantidade elevada do caramujo biomphalaria. Entre eles destacam-se Barreto, Camboa, Coroado, Coroadinho e Liberdade.

Além de estarem repletas de caramujos, a zona periférica da cidade tem em comum a deficiência no saneamento básico. É comum observar nesses bairros esgoto a céu aberto, córregos ou valas onde as pessoas têm o contato com a água onde está o molusco.

O animal é o hospedeiro intermediário da esquistossomose. Ele também é encontrado em água doce, com pouca ou nenhuma correnteza, como lagoas, lagos, brejos, riachos, alagados, valetas de irrigação e outros. Essas águas são geralmente cobertas por vegetações importantes para a alimentação do caramujo e necessárias para a proteção dos seus ovos, que são colocados debaixo da folhagem.

Apesar da forma mais grave da doença ser mais rara, a fase aguda da enfermidade é registrada com bastante frequência, em que náuseas e diarreias são sintomas comuns nas pessoas contaminadas. “É uma doença que vem da pobreza, onde não há um saneamento básico, e que muitas vezes é negligenciada pela população”, disse o professor, que chamou atenção também para a necessidade de investir na melhoria da qualidade de vida das pessoas para que a doença seja erradicada por completo.

Geralmente, as pessoas portadoras da doença vivem em locais sem saneamento básico ou residem próximo de rios, córregos e outros ambientes com água doce. Além disso, têm nível de escolaridade baixo e dificuldade de fazer exames para detecção da doença, enquanto ainda está em estágio inicial.

Doença
A esquistossomose é uma doença de grave evolução crônica causada por um verme chamado Schistossoma mansoni. A enfermidade também é conhecida popularmente como xistossoma, barriga d’água, mal de caramujo e xistose.
Schistossoma mansoni é um verme pequeno, medindo cerca de 6,5 a 12 milímetros, de cor esbranquiçada ou leitosa, e vive dentro das veias do fígado e intestino, geralmente acasalados macho e fêmea. Os ovos eliminados pela fêmea têm formato oval e são encontrados nas fezes das pessoas contaminadas.

A transmissão da doença acontece pela seguinte forma: os ovos do Schistossoma mansoni são eliminados pelas fezes do homem doente. Na água, estes eclodem, liberando uma larva chamada miracídio, a qual infecta o caramujo biomphalaria após a sua penetração.

Depois de quatro a seis semanas, os miracídios abandonam o caramujo em forma de cercária - forma infectante para o homem –, que ficam livres nas áreas naturais e vão penetrar, por meio da pele da pessoa sadia, quando ela entrar em contato com a água contaminada.

A maioria das pessoas infectadas pode permanecer assintomática. Dependendo da intensidade da infecção, elas podem apresentar, em uma fase aguda, manifestações cutâneas como coceiras, inchaço ou vermelhidão no local da penetração da cercária. Após três a sete semanas de infecção, as pessoas podem apresentar febre, falta de apetite, dor abdominal, episódios de diarreia, náuseas e tosses seca, podendo também surgir aumento do fígado e do baço.
Na fase da esquistossomose crônica, após seis meses de infecção, podem surgir sinais progressivos da doença como ascite (aumento do abdômen); ruptura de varizes do esôfago; acentuada anemia e desnutrição e aumento do fígado e do baço.
As pessoas que moram nas áreas onde existem caramujos devem procurar um posto de saúde mais próximo de suas residências e fazer exame parasitológico de fezes uma vez por ano, com o objetivo de detectar a doença.l

SAIBA MAIS

Localidades em São Luís com maior incidência de caramujos Biomphalaria
Barreto
Argola de Tambor
Camboa
Coroado
Coroadinho
Liberdade
Residencial Primavera
Sá Viana
Salina do Sacavém
Vila Embratel
Vila Jambeiro
Vila Palmeira
Bairro de Fátima
Vila Magril
Anjo da Guarda
Vila Ivar Saldanha
São Raimundo

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