Farc na Colômbia

UE anuncia € 15 milhões para integração ex-guerrilheiros

Em visita a Bruxelas, presidente Juan Manuel Santos destaca dificuldades do processo de paz

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

BRUXELAS - A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, anunciou ontem uma ajuda de € 15 milhões (US$ 17,5 milhões) à Colômbia para ajudar na reinserção de ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - extinta guerrilha que deu origem ao partido Força Alternativa Revolucionária do Comum. Segundo a autoridade, o apoio financeiro é um aspecto "concreto" do apoio contínuo ao país latino-americano no período pós-conflito, que durou 50 anos.

"A UE determinou uma contribuição adicional de € 15 milhões para ajudar os ex-membros das Farc a construir suas novas vidas civis", anunciou Mogherini durante uma conferência sobre o processo de paz colombiano no Museu de Belas Artes de Bruxelas, junto ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que visitou o Parlamento europeu na quarta-feira.

Para ajudar a Colômbia, os europeus criaram um Fundo Fiduciário para o futuro da Colômbia com uma injeção inicial de € 95 milhões, dos quais já se destinaram cerca de € 62 milhões em projetos, indicou Santos. O chefe de Estado colombiano, que deve abandonar o cargo em agosto, destacou a oposição da opinião púbica que encontrou em um primeiro momento, quando decidiu abrir o diálogo com os guerrilheiros:

"É muito difícil mudar a mentalidade das pessoas", indicou. "Em um processo de paz, é muito importante minimizar o máximo possível os efeitos políticos a curto prazo", disse Santos, enfatizando que é preciso pensar a longo prazo e "saber desde o início onde quer chegar e ter suas linhas vermelhas esclarecidas".

A dificuldade de absorção de ex-guerrilheiros das Farc se reflete de várias formas na Colômbia, como a baixa representação legislativa e proliferação de grupos dissidentes. Apesar de ter garantidos dez assentos no Parlamento colombiano seguindo as disposições do acordo de paz firmado com o governo, o partido Farc teve resultado de estreia abaixo do esperado nas eleições legislativas de março, nas quais os partidos de direita tiveram a maioria relativa dos votos.

Com apenas 85 mil votos, o que equivale a cerca de 0,5% dos eleitores que compareceram às urnas, a legenda não atingiu os 3% de votos válidos necessários (cerca de 400 mil) para que qualquer partido possa eleger um parlamentar no país. Ainda assim, o acordo de paz garante a presença mínima da legenda no Poder Legislativo.

Além disso, há cerca de 18 dissidências da guerrilha, que atuam em pelo menos 13 departamentos entre Colômbia e Equador. Os grupos se dedicam a atividades ilegais que vão do narcotráfico ao plantio de coca e mineração. Recentemente, há registros de recorrentes assassinatos de combatentes.

Após o agradecimento do chefe de Estado à contribuição no plenário Parlamento Europeu em Estrasburgo (Nordeste da França), Mogherini reiterou que os europeus continuarão ao lado da Colômbia:

"Não importa de onde vêm os desafios, de dentro, de fora, da região, de longe, da lua, a UE continuará a seu lado em todos os âmbitos", disse Mogherini, que designou Eamon Gilmore como seu enviado especial durante as negociações de paz entre o governo colombiano e as Farc.

A chefe diplomática da UE destacou as negociações que levaram a um acordo de paz assinado em novembro de 2016 como um exemplo a ser seguido. Mogherini destacou a coragem de Santos, que agora se vê em meio a outras negociações com o Exército de Libertação Nacional (ELN), a última guerrilha ativa do paz, para construir a paz.

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