Eleições 2018

Ciro Gomes vê invasão Judiciário e do Ministério Público nos demais poderes

Para candidato do PDT à presidência da República, atores vinculados ao setor jurídico querem governador o Brasil no lugar dos políticos eleitos pelo povo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Ciro Gomes critica atuação política do Judiciário e do Ministério Público
Ciro Gomes critica atuação política do Judiciário e do Ministério Público (Ciro Gomes)

BRASÍLIA - O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, defendeu nesta terça-feira, 22, que há uma "invasão intolerável" entre os poderes no Brasil e que é preciso "colocar um fim" nesta prática. Segundo ele, o Ministério Público e o Judiciário querem governar "no lugar de todo mundo" e é necessário "deslocar" o eixo do poder político no País para o controle dos políticos eleitos pelo povo.

"Hoje o Congresso Nacional é desmoralizado, o poder federal, desmoralizado, a autoridade política, desmoralizada. Há uma invasão absolutamente intolerável, que tem de ser posto um fim, de atribuições democráticas por poderes que não são votados. O Ministério Público quer governar no lugar de todo mundo. o Judiciário quer governar no lugar de todo mundo", disse ao discursar na XXI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, em Brasília.

Em seguida, Ciro defendeu que o Brasil precisa "se livrar" da medida que impôs um teto para os gastos públicos, a emenda constitucional 95, aprovada pelo governo Michel Temer. Diante de uma plateia formada por vereadores e prefeitos, Ciro pediu ajuda dos prefeitos para uma mobilização contra os "poderosos" que implantaram essa medida.

"O Brasil precisa se livrar da tal emenda 95, e isso não se fará sem uma ampla mobilização. O baronato quer tabelar todos os gastos para deixar livre os gastos com juros e rolagem de dívida pública", afirmou antes de explicar que isso não significa que esteja defendendo o déficit das contas públicas.

"Eu não tenho um dia de déficit na minha longa vida pública, entretanto, no caso brasileiro, produzimos uma norma que não há precedente no mundo. Todas as necessidades dramáticas estão limitadas a 25% da execução orçamentária", argumentou.

"Só implementaremos essas medidas se conseguirmos deslocar o eixo do poder político para a verdadeira circunstância democrática que são os políticos eleitos pelo povo. O que está errado no Brasil está errado por interesse dos poderosos. Nós precisamos restaurar a autoridade moral do político brasileiro", disse.

Pedetista diz que Meireles qualifica o debate

Ciro Gomes disse também que o nome do MDB para disputar a sucessão de Michel Temer, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, qualifica o debate eleitoral, mas praticamente jogou fora sua biografia "tendo que suportar uma agenda antipovo, antipobre e antinacional imposta por seus chefes".

"'Eu eleito' é a certeza de revogação dessa agenda. Por exemplo, será revogada a entrega do petróleo do pré-sal aos estrangeiros. Será revogada toda e qualquer tentativa de internacionalização da Embraer. Será proposta a revogação e substituída por uma nova regra mais moderna e minimamente séria essa selvageria que eles deram o nome de reforma trabalhista", afirmou.

"Uma reforma da legislação laboral com a diretriz de proteger o trabalho. Não temos que ter medo de reformar. Na reforma que eu tenho, mulher grávida não pode ser locada em ambiente insalubre. O trabalho intermitente é outro. 380 mil brasileiros perderam o emprego e estão recontratados por trabalho temporário ganhando menos do que o salário mínimo e tendo que tirar do bolso o dinheiro que não têm para pagar a contribuição previdenciária."

O pré-candidato do PDT afirmou que a oposição "não permitirá" que o presidente Michel Temer seja escondido das campanhas de Meirelles e do pré-candidato do PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Ele também falou do pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro, classificado por ele como "candidato a ditador".

Marina ainda negocia

apoios com partidos

aliados de 2014

Ex-ministra busca conversas com PHS, PRP, PPS, PPL e PSB; PSL resolveu lançar Jair Bolsonaro

BRASÍLIA - Pré-candidata da Rede à Presidência da República, a ex-ministra e ex-senadora Marina Silva disse nesta terça-feira, 22, que ainda negocia apoio com partidos que integraram sua coligação em 2014. À época, sua coligação era formada por PHS, PRP, PPS, PPL, PSB e PSL, que neste ano lançou o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ) na disputa presidencial.

"Estou discutindo com partidos. O diálogo é constante com os partidos que caminharam juntos em 2014. Tenho respeito pela dinâmica interna desses partidos, alguns possivelmente virão conosco, outros estão em definição se terão ou não candidatura própria", afirmou ela, sem dar nome às siglas, após discursar na marcha dos prefeitos a Brasília, organizada pela Confederação Nacional dos Municípios.

Ela declarou já ter apoio de movimentos cívicos como Brasil 21, Frente Favela, Agora, Acredito, entre outros.

Marina também comentou a desistência do presidente Michel Temer, que hoje indicou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles como nome do MDB para disputar o Planalto: "No caso do presidente Michel Temer, com 3% de popularidade, dentro da margem de erro, é possível que seja zero".

A ex-senadora afirmou que os partidos que criaram problemas revelados na Operação Lava Jato não vão resolvê-los e que em 2014 fez campanha sem recursos ilícitos.

Marina reclamou de sua atual estrutura de campanha, que considera uma disparidade com os demais pré-candidatos: "A reforma eleitoral foi uma reforma de encomenda que me deixou com 10 segundos (de tempo de TV), com orçamento de fundo eleitoral incomparavelmente menor do que PT, PSDB e MDB. Todos que não são megapartidos ficaram prejudicados".

Marina também criticou a PEC do teto dos gastos e disse que o controle de gastos deveria ser feito anualmente na definição do orçamento. "O congelamento por 20 anos é sinal de que se está congelando a saúde, a educação, a segurança, o saneamento e a infraestrutura que temos", disse ela.

Em discurso a prefeitos e vereadores, ela afirmou que não há "escolha de Sofia" na Educação e que o governo deve investir nos ensinos básico, fundamental e superior. Ela disse que a falta de saneamento básico no País afeta o desenvolvimento de crianças e onera a saúde pública e a educação e cobrou a aplicação dos planos nacionais desenvolvidos. "A gente vive de anúncio de planos que não se realizam por si mesmo, um consenso louco em que todos concordam, mas ninguém viabiliza os recursos."

A pré-candidata sinalizou que o governo federal deveria avaliar formas de evitar que o descontrole no preço dos combustíveis afete os consumidores. "Nem todos os derivados do petróleo são importados, uma parte disso é produzida aqui e talvez, naquilo que é nossa própria produção, haja margem para que se possa fazer algum tipo de mediação com essa situação que está onerando sobremaneira o consumidor. Temos que ter uma atitude de responsabilidade em relação a esse momento que estamos vivendo em função também da conjuntura internacional. A Petrobras tem seus compromissos vinculados ao dólar e isso precisa ser observado."

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