"Senhor das Armas"

Brasileiro se declara culpado por tráfico internacional de armas

Frederick Barbieri foi responsável pelo envio de 60 fuzis que foram apreendidos no Aeroporto Internacional do Rio, em junho do ano passado. As armas estavam dentro de aquecedores de piscina em contêineres vindos de Miami

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

FLÓRIDA - Frederick Barbieri, considerado o maior traficante de armas do país, se declarou culpado e admitiu que enviava armas para o Brasil. Ele está preso nos Estados Unidos desde fevereiro desse ano e participou de audiência na Flórida.

A Justiça americana divulgou um comunicado informando que Barbieri confessou "exportar ilegalmente armas de fogo, acessórios e munição do sul da Flórida para o Rio de Janeiro.

Barbieri, considerado o "Senhor das Armas", foi responsável pelo envio de 60 fuzis para o Brasil em junho do ano passado. A polícia apreendeu as armas que estavam dentro de aquecedores de piscina em contêineres vindos de Miami.

As autoridades americanas descobriram que entre maio de 2013 e fevereiro desse ano, Barbieri se juntou a outros criminosos para obter armas de fogo com números de série adulterados e enviou essas armas por transportadoras internacionais, sem informar o que havia dentro.

O comunicado diz ainda que nem Barbieri, nem os comparsas, tinham licença ou outro documento do departamento de estado dos Estados Unidos para exportar qualquer tipo de armamento.

A Justiça da Flórida marcou para o dia 19 de julho para definir a sentença de Barbieiri, cuja pena pode chegar a até 25 anos de prisão. Fontes da promotoria da Flórida dizem que a confissão faz parte da decisão de Barbieri em colaborar com a justiça em troca de uma redução da pena.

O traficante é investigado desde 2009 no Brasil, no entanto, fugiu para os Estados Unidos, onde conseguiu a cidadania americana.

Desde 2015, a Justiça brasileira decretou a prisão de Barbieri por tráfico internacional de armas, mas só em junho do ano passado ele entrou para lista de procurados da Interpol.

Pedido de extradição

Em nota, o Ministério da Justiça informou que já apresentou o pedido de extradição de Barbieri para o governo norte americano. No entanto, houve um pedido de documentação complementar traduzida para o inglês, explica o governo

Frederik Barbieri é investigado em procedimentos criminais instaurados no Brasil e nos EUA.

"Os pedidos de cooperação jurídica internacional entre os países para produção de provas encontram-se em andamento", informa ainda o ministério.

Mais

Cronologia: Barbieri era procurado há 8 anos

2010: Frederick Barbieri, que nasceu em Irajá (subúrbio do Rio de Janeiro), passa a ser procurado pela polícia da Bahia, depois que uma carga de munição para fuzis foi apreendida no porto de Salvador, em um contêiner que estava no nome dele.

Julho de 2012: Barbieri teria fugido para Miami, nos Estados Unidos, com medo de ser preso. Lá, ele obteve cidadania americana.

2015: Um mandado de prisão preventiva foi emitido contra ele, que passou a ser considerado foragido da Justiça brasileira. O Ministério Público também pediu a inclusão dele na lista de procurados da Interpol, mas o pedido foi negado pela Justiça. Em sua justificativa para negar o pedido do MP, o juiz Antônio Osvaldo Scarpa alegou que Frederik tinha endereço conhecido nos Estados Unidos.

No mesmo ano, em abril, um confronto dentro de um ônibus em Niterói, onde um policial militar foi morto, fez a Polícia Civil do Rio de Janeiro investigar a procedência de um fuzil de assalto no calibre 762 apreendido. Os investigadores descobriram que o mesmo tipo de arma estava sendo usado em diferentes comunidades do Rio para o tráfico de drogas e o roubo de cargas. As armas seriam intermediada por pelo menos dois homens, e Barbieri foi apontado como o transportador e fornecedor delas.

Maio de 2017: A Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) intercepta e apreende 60 fuzis AK-47, AR-10 e G3 no terminal de cargas do Aeroporto do Galeão, no Rio.

Julho de 2017: A Polícia Federal emite um segundo mandado de prisão contra Barbieri e uma mulher, e cumpre nove mandados de prisão em Rio das Ostras e São José do Rio Preto (RJ). Entre os presos estão o o filho de Barbieri, João Felipe, e Edson da Silva Ornelas, apontado como contador da quadrilha. Na época, Barbieri procurou a TV Globo e negou estar envolvido em tráfico de armas.

Fevereiro de 2018: Barbieri é preso pelo Serviço de Imigração e Alfândegas dos EUA, que também conseguiu barrar o envio de 40 fuzis para o Brasil.

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