Defesa

Presidente sul-coreano rejeita saída de soldados dos EUA da Península

Medida não será concessão para alcançar paz com Coreia do Norte, indica Moon Jae-in; ontem, a Coreia do Sul confirmou que vários caças americanos F-22 "Raptor" foram enviados ao território para executar operações aéreas conjuntas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
O presidente sul-coreano Moon Jae-in quer manter as tropas dos EUA no seu país
O presidente sul-coreano Moon Jae-in quer manter as tropas dos EUA no seu país ( O presidente sul-coreano Moon Jae-in quer manter as tropas dos EUA no seu país)

SEUL - O presidente sul-coreano Moon Jae-in rejeitou ontem a ideia de que milhares de soldados americanos presentes na Coreia do Sul saiam do país como parte da assinatura de um tratado de paz com a Coreia do Norte. Moon e o líder norte-coreano Kim Jong-un concordaram na última sexta-feira, 27, trabalhar pela paz duradoura na Península Coreana, mas não citaram a retirada das forças dos EUA da região na declaração conjunta assinada.

A posição de Moon foi dada ao mesmo tempo que o governo de Seul confirmava o envio de vários caças americanos F-22 na Coreia do Sul para executar manobras aéreas conjuntas este mês. As manobras aéreas entre EUA-Coreia do Sul, chamadas de "Max Thunder", começarão em 11 de maio e terão duração de duas semanas. As operações devem contar com cerca de 100 aviões de ambos os países.

O presidente se manifestou após um conselheiro presidencial declarar publicamente que a presença de soldados, marinheiros e aviadores americanos se colocaria em questão no caso de um tratado de paz com Pyongyang. O conselheiro Moon Cung-in escreveu na revista "Foreign Affairs" que seria "difícil justificar a manutenção (das forças americanas) na Coreia do Sul", após o acordo com o vizinho.

"As Forças dos Estados Unidos na Coreia (USFK, em inglês) são uma questão que depende da aliança entre Coreia do Sul e Estados Unidos. Não tem nada a ver com a assinatura de um tratado de paz", declarou Moon em referência ao acordo bilateral que autoriza a presença de 28.500 militares americanos no Sul.

Um dos pontos acordados por Moon e Kim foi a iniciativa de desnuclearizar a Península Coreana. Enquanto os EUA, aliados da Coreia do Sul, defendem o fim das armas nuclareas da Coreia do Norte, Kim se refere à Península por inteiro, o que implicaria a saída da presença americana na região.

Caças americanos

Após anos de uma crescente tensão devido ao programa nuclear e bélico norte-coreano, a Península passa desde o início de 2018 por um período de distensão notável, que se refletiu na cúpula entre os dois líderes coreanos na semana passada. A reunião se mostrou como um prelúdio a um encontro entre Kim e o presidente americano Donald Trump, que indicou na terça-feira que o local e data serão anunciados em breve.

Ontem, a Coreia do Sul confirmou que vários caças americanos F-22 "Raptor" foram enviados ao território para executar operações aéreas conjuntas, apesar da recente aproximação com o regime norte-coreano.

"A Max Thunder é um exercício regular que estava previsto muito antes de surgir o projeto de cúpula entre Estados Unidos e Coreia do Norte", indicou um comunicado do Ministério de Defesa sul-coreano, que pediu à imprensa para evitar especulações sobre as intenções do envio de aviões.

O jornal conservador "Chosun Ilbo" afirmou anteriormente que o objetivo do envio dos aviões era aumentar a pressão sobre Pyongyang antes do encontro histórico entre Trump e Kim. Como chegou a ser falado sobre a realização da cúpula na Zona Desmilitarizada entre as duas Coreias, a publicação indicou que o envio dos caças seria para reforçar a segurança da região.

Aviões militares americanos sobrevoaram a Coreia do Sul em dezembro, quando Seul e Washington realizaram seus maiores exercícios aéreos, dias depois de a Coreia do Norte lançar um míssil balístico intercontinental (ICBM) com capacidade de alcançar solo americano.

As autoridades norte-coreanas sempre reagem agressivamente à movimentação de caças americanos que, segundo elas, podem ser usados para atacar pontos estratégicos do regime. No entanto, Kim Jong-un se mostrou aparentemente mais conciliador, ao dizer em março ao emissário sul-coreano Chung Eui-yong que estaria disposto a abrir mão de seu arsenal nuclear se obtivesse garantias de segurança.

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