Levantamento feito pelo Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e repassado com exclusividade a O Estado, com base nas chamadas normais climatológicas de 1981 a 2010 e em dados gerados a partir das últimas precipitações, apontam São Luís, atualmente, como a quinta capital no país com maior registro pluviométrico. De acordo com a pesquisa, a capital maranhense registra, em média, 2.199,9 milímetros de chuva por ano, sendo superada no volume de chuvas anuais apenas para as cidades de Belém, no Pará (com 3.084 milímetros), Macapá, no Amapá (com 2,549,7 milímetros), Manaus, no Amazonas (com 2.301,2 milímetros) e Recife, em Pernambuco (com 2,263mm). Por causa do alto volume de chuvas, São Luís registra ainda vários pontos com riscos de desmoronamento de terra.
Considerando as 10 capitais com maior volume pluviométrico do país, São Luís supera cidades como Rio Branco (AC), João Pessoa (PB), Salvador (BA), Maceió (AL) e Palmas (TO). Em contrapartida, ainda de acordo com a pesquisa da Uema, as capitais com menor índice de chuvas são Teresina (PI), Vitória (ES) e Aracajú (SE). Segundo a pesquisa, estas cidades possuem índices anuais de chuvas avaliados, respectivamente, em 1.325,0 mm, 1.318,6mm e 1.300,2 mm.
Antes do levantamento mais recente das chamadas normais climatológicas (de 1981 a 2010), a pesquisa anterior datava do período de 1961 a 1990. Nele, São Luís também ocupava a quinta posição no índice de chuvas. No entanto, apresentava maior valor pluviométrico, ou seja, por ano, na cidade, chovia aproximadamente 2.290 milímetros. A pesquisa anterior também apontava a capital paraense, Belém, como a mais chuvosa do país. Mas, no levantamento anterior, a cidade registrava volume de chuvas inferior ao relatório atual (2.921,7 mm).
Além da posição geográfica e por ser uma ilha, outro fator apontado como responsável pelo índice alto pluviométrico da capital maranhense, em comparação com outras cidades do país, é a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCI). Além disso, a característica natural do estado, que está mais próximo do rol de territórios influenciados pelo clima equatorial (que tem como característica a predominância de um clima quente e úmido), também é um fator que influencia no índice de chuvas.
Nem mesmo o aumento da temperatura média do planeta, ao longo das últimas décadas, atenuou o nível pluviométrico de São Luís. “A posição geográfica da cidade e a interferência do clima mais úmido da Região Amazônica contribuem para esses dados positivos, em comparação com outras cidades”, disse Gunter Reschke, do Nugeo, da Uema, e responsável direto pela elaboração do estudo que catalogou dados acerca do nível de chuvas no país.
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Para ele, o fato de o primeiro semestre deste ano apresentar índices pluviométricos considerados altos e acompanhando a tendência histórica do período, é normal e responsável direto pela mudança no cenário no segundo semestre, ou seja, característico de altas temperaturas e longos períodos de estiagem. “A tendência é de alta clara das chuvas até abril e a partir de maio haver uma queda natural. A partir de junho e em meados de julho, a população de São Luís viveria o período de transição da estação seca para a chuvosa”, afirmou.
Já caiu mais da metade das chuvas
Até o momento, ainda de acordo com dados coletados no Nugeo da Uema, choveu 1.415,45 milímetros de chuva, considerando o período entre 1º de janeiro e 19 de abril deste ano. Tendo como referência a média pluviométrica que leva a cidade a ser a quinta com maior índice de chuvas, choveu 64,34% do esperado para todo o ano.
Ou seja, em dados absolutos, restaria apenas 784,54 milímetros de chuva para cair ao longo dos próximos oito meses para igualar, no mínimo, a expectativa do ano.
Mês a mês
Apesar da média que aponta a capital, São Luís, como uma das mais chuvosas do país, os totais de chuva mês após mês de 2018 seguem uma tendência de queda, em comparação com o que foi registrado no ano passado. Dos quatro meses deste ano, em dois (janeiro e março), a média pluviométrica do período não superou a média registrada no mesmo mês de 2017. Em janeiro do ano passado, choveu 418,5 milímetros de chuva. Já no primeiro mês deste ano, a média foi de 332,75 milímetros.
Em março deste ano, foram 345,2 milímetros de chuva, enquanto no mesmo mês de 2017 foram 440 milímetros. Apenas em fevereiro, houve mudança do quadro. Se em 2017, no segundo mês do referido ano, foram 352,5 milímetros de chuva, no mesmo período deste ano, foram 433,8 milímetros.
Somente nos 19 primeiros dias de abril, choveu 88,3% do esperado para todo o mês. Até o momento, de acordo com dados do núcleo de estudo meteorológico da Uema, choveu 322,75 milímetros. Em abril do ano passado, foram 365,4 milímetros.
Chuva do dia
Na segunda-feira, 16, quando a população de São Luís enfrentou uma forte chuva que alagou vias e causou transtornos na cidade, de acordo com a Uema, caíram aproximadamente 86 milímetros de chuva.
Ou seja, em pouco mais de duas horas, choveu 26% do esperado para todo o mês de abril. Para se ter uma ideia do alto índice pluviométrico na data, a cidade maranhense que mais se aproximou do volume pluviométrico neste dia foi Urbano Santos (MA), que registrou volume pluviométrico de aproximadamente 42,75 milímetros de chuva.
Consequências das chuvas
Se por um lado o alto índice pluviométrico de São Luís é favorável, por exemplo, para o pequeno e médio agricultor (que pode desenvolver sua produção), por outro lado os transtornos causados na infraestrutura da cidade, por causa das chuvas, deixam grande parte da população insatisfeita.
Na terça-feira, 17, em que foi registrada forte chuva, vias como as avenidas dos Franceses e Daniel de La Touche foram tomadas por água.
Apesar das informações favoráveis quanto ao percentual de precipitações, fontes superficiais e subterrâneas da cidade ainda sofrem com a escassez de reservas de água. O Batatã, por exemplo, que já foi responsável pelo abastecimento de cerca de 60% da capital maranhense, atualmente está com menos da metade de sua capacidade plena.
SAIBA MAIS
Normais climatológicas das capitais brasileiras (de 1981 a 2010)*
Belém (PA) – 3.084 mm
Macapá (AP) – 2.549,7 mm
Manaus (AM) – 2.301,2 mm
Recife (PE) – 2.263,4 mm
São Luís (MA) – 2.199,9 mm
Rio Branco (AC) – 1.997,6 mm
João Pessoa (PB) – 1.914 mm
Salvador (BA) – 1.871,1 mm
Maceió (AL) – 1.867,4 mm
Palmas (TO) – 1.831,6 mm
Florianópolis (SC) – 1.768,6 mm
Natal (RN) – 1.721,4 mm
Boa Vista (RR) – 1.711,6 mm
Fortaleza (CE) – 1.668,9 mm
Goiânia (GO) – 1.633,5 mm
São Paulo (SP) – 1.616 mm
Belo Horizonte (MG) – 1.602,6 mm
Curitiba (PR) – 1.575,8 mm
Brasília (DF) – 1.477,4 mm
Campo Grande (MS) – 1.455,3 mm
Cuiabá (MT) – 1.454,5 mm
Porto Alegre (RS) -1.425,2 mm
Teresina (PI) – 1.325,0 mm
Vitória (ES) – 1.318,6mm
Aracajú (SE) – 1.300,2 mm
*Porto Velho (RO) e Rio de Janeiro (RJ) não foram incluídas na pesquisa por falta de dados.
Fonte: Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema)
Índices pluviométricos
Janeiro 2018 – 332,75 milímetros (janeiro/2017 – 418,5 milímetros)
Fevereiro 2018 – 433,8 milímetros (fevereiro/2017 - 352,5 milímetros)
Março 2018 – 345,2 milímetros (março/2017 - 440 milímetros)
Abril/2018 – 303,7 milímetros (abril/2017 – 365,4 milímetros)
Total 2018 – 1415,45 milímetros
Fonte: Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema)
Normais climatológicas das capitais brasileiras (de 1961 a 1990)*
Belém (PA) – 2.921,7 mm
Macapá (AP) – 2.561,3 mm
Recife (PE) – 2.417,6 mm
Manaus (AM) – 2.307,4 mm
São Luís (MA) – 2.290 mm
Porto Velho (RO) – 2.255 mm
João Pessoa (PB) – 2.145,4 mm
Salvador (BA) – 2.144 mm
Maceió (AL) – 2.070,5 mm
Rio Branco (AC) – 1.947,5 mm
Aracajú (SE) –1.695,2 mm
Fortaleza (CE) – 1.608,4 mm
São Paulo (SP) – 1.591 mm
Goiânia (GO) – 1.571,4 mm
Brasília (DF) – 1.540,6 mm
Campo Grande (MS) – 1.533,8 mm
Florianópolis (SC) –1.517,8 mm
Curitiba (PR) – 1.483,4 mm
Natal (RN) – 1.465,4 mm
Belo Horizonte (MG) – 1.463,7 mm
Boa Vista (RR) – 1.420,4 mm
Teresina (PI) – 1.393,2mm
Cuiabá (MT) – 1.342,3mm
Porto Alegre (RS) – 1.320,2 mm
Palmas (TO) – 1.301,2 mm (conta apenas a partir da data de fundação da cidade)
Vitória (ES) – 1.252,3 mm
Rio de Janeiro (RJ) – 1.069,4 mm
Fonte: Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema)
Saiba mais
Atualmente, para catalogar dados referentes aos índices pluviométricos, por exemplo, o Nugeo da Uema utiliza o sistema Geocast. Ele permite a manipulação de imagens e dados de satélites ambientais, além de produtos e serviços derivados do sistema GEoess (Global Earth Observation System of Systems). A partir das informações coletadas, de acordo com Gunter Reschke, é possível ter subsídio para tomada de decisões conscientes em várias áreas, incluindo saúde pública, energia, agricultura, tempo, água, clima, desastres naturais e ecossistemas
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