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Flávio Dino criou 36 novas vagas de capelão da Polícia em 3 anos

Governador diz que com aumento da tropa foi necessário aumentar o número de capelães na corporação; PRP alega ser abuso de poder político e econômico

Carla Lima/Subeditora de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32
Flávio Dino participou de evento da Assembleia de Deus em Chapadinha e falou sobre vagas de capelães
Flávio Dino participou de evento da Assembleia de Deus em Chapadinha e falou sobre vagas de capelães (Flávio Dino)

O governador Flávio Dino (PCdoB) criou mais 36 vagas de capelães da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para distribuir para lideranças religiosas, principalmente, das igrejas evangélicas. Segundo confessou o comunista, em evento da Assembleia de Deus em outubro de 2017, outras 10 vagas de capelão serão criadas para a Polícia Civil.
As informações constam de uma notícia de fato com pedido de providências impetrada pelo presidente estadual do PRP, Severino Sales, contra o governador Flávio Dino na Procuradoria Regional Eleitoral. Na representação, o partido acusa o governador de abuso de poder político e econômico nas nomeações de capelães da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros em troca de votos de “curral eleitoral” de fiéis de igrejas evangélicas.
Segundo a denúncia do PRP, Flávio Dino confessou o aumento do número de capelães em seu governo. Quando assumiu o comando do estado, em 2015, existiam 14 pastores e padres que estavam lotados na Polícia Militar para ser capelão. Em pouco mais de três anos, a quantidade de capelães chegou a 50.
Os dados foram confessados pelo próprio Flávio Dino em discurso na convenção das Assembleias de Deus do Estado do Maranhão (CEADEMA), em dezembro do ano passado.
Em sua fala, Flávio Dino diz que garante um estado laico e confessa que aumentou o número de vagas para capelão na Polícia Militar e que pretende criar mais vagas para a Polícia Civil. “Quando eu cheguei ao governo, os capelães eram apenas 14 e hoje são 50 e nós vamos criar, anuncio aqui, mais 10 vagas”, disse o governador.
Para o PRP, no evento da Assembleia de Deus, o governador demonstrou o uso eleitoral na distribuição de vagas de capelães para garantir apoio político eleitoral em 2018. “Com efeito, as provas são diversificadas e irrefutáveis, demonstrando a utilização da estrutura com o fito de desequilibrar o pleito de 2018”, diz trecho da ação da legenda.
Na representação assinada por Severino Sales, há a demonstração também dos valores pagos a cada capelão. Segundo consta na ação, os salários variam de cerca de R$ 6 mil até R$ 21 mil. Para o PRP, não há sentido, a não ser por questões de apoio de lideranças religiosas que podem resultar em votos de fiéis, para a variação salarial entre os capelães, já que todos desempenham a mesma função.
“Observa-se a imensa disparidade existente entre os valores de remuneração/subsídio destacadas para os capelães sem qualquer justificativa. Ora, se a situação fática e jurídica são as mesmas, deveria haver equiparação remuneratória com base nos princípios da isonomia e legalidade. Entretanto, apesar de todos desempenharem a mesma função, os salários sofrem variação de R$ 6.914,00 a R$ 21.438,00”, diz trecho da ação.

Vagas de partidos

Também foi evidenciado na ação, que os pastores nomeados por Flávio Dino pertencem a partidos que fazem parte da base aliada do governador. Na ação são citados os pastores Pedro de Lima Vilela, que é do PDT, e desempenham o cargo de tenente da PM, o coronel Misael Mendes, que também é do PDT e foi o primeiro capelão a ser tornar coronel de polícia, algo destacado pelo próprio Dino. Do
PP é o major capelão Raimundo Lopes e do PPS, Francisco Fábio Silva Leite. Do DEM foi agraciado com o cargo de capelão o pastor Jessé Lemos Coutinho, do PSC ganhou o cargo o pastor Paulo Guilherme Fernandes.

Dino promoveu pastor pulando três patentes

Consta na representação do PRP por abuso de poder político e econômico de Flávio Dino na criação de cargos de capelão da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros a promoção de um pastor que passou de tenente para coronel em um só dia. Raimundo Gomes Meireles era 1º tenente da Polícia Militar, quando foi exonerado em 19 de janeiro por Flávio Dino. E no mesmo dia, o mesmo Raimundo Gomes Meireles aparece no Diário Oficial do Estado com o posto de Coronel, não mais da PM e sim do Corpo de Bombeiros Militar.
Raimundo Gomes é o segundo coronel a ser nomeado por Flávio Dino. Nas gestores anteriores, os capelães eram nomeados somente até major da Polícia Militar.
A relação agora denunciada pelo PRP já havia sido tema de denúncias do deputado Wellington do Curso (PP) na Assembleia Legislativa.

PRP ingressou com ação por denúncias de deputados

O PRP, antes desta notícia de fato com pedido de providências no caso das nomeações de capelães, entrou com representação na Procuradoria Regional Eleitoral para que fosse apurada a denúncias de deputados estaduais contra secretários de Flávio Dino acusado de usar a estrutura do governo em troca de apoio político por prefeitos no interior do estado.
No início deste ano, cinco deputados denunciaram na Assembleia Legislativa o uso da estrutura do governo por parte de secretários estaduais que disputarão as eleições deste ano pra conseguir apoio político em municípios do interior do Maranhão.
Diante disso, o procurador encaminhou ofício a Assembleia Legislativa com cinco perguntas. As respostas darão subsídio ao procedimento de investigação aberto por Pedro Henrique Oliveira após representação do presidente estadual do PRP, Severino Sales.
A investigação da Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) não se estende somente aos secretários Márcio Honaiser (Agricultura) e Adelmo Soares (Agricultura Familiar) que foram citados na denúncia dos deputados governistas.
Na representação do PRP, é pedida também investigação contra Neto Evangelista (Desenvolvimento Social), Márcio Jerry (Comunicação e Articulação Política) e Marcelo Tavares (Casa Civil).
As perguntas do procurador são: Sabe informar a identidade desses secretários? Sabe informar em quais municípios os fatos se deram? Sabe dizer em quê consistiram os benefícios em troca de apoio político? Sabe informar quais os prefeitos e lideranças que teriam sido assediados/pressionados por esses secretários? Deseja relatar algum outro episódio de que seja conhecedor mas que não tenha sido mencionado?

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