SÃO LUÍS - ​O ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira (PSDB) engrossou, em recente entrevista à TV Bandeirantes local, o coro dos que consideram ingratidão o fato de o governador Flávio Dino (PCdoB) não ter garantido ao deputado federal José Reinaldo Tavares (sem partido) apoio para uma candidatura ao Senado.

O ex-governador rompeu com o comunista no fim da semana passada, depois de tentar, sem sucesso, uma conversa definitiva como chefe do Executivo sobre as eleições deste ano. Zé Reinaldo diz que sequer conseguiu marcar uma audiência no Palácio dos Leões.

Madeira destacou o gesto do ex-governador, ainda em 2006, que garantiu a eleição de Dino a deputado federal com mais de 100 mil votos.

“O governador Zé Reinaldo foi o responsável pela entrada do Flávio [Dino] na política. Ele não tinha um voto no Maranhão, […] não tinha um voto. O governador Zé Reinaldo chamou Humberto Coutinho e disse: ‘é para apoiar o Flávio Dino’. Chamou o Tema e disse: ‘é pra apoiar o Flávio Dino’. Chamou o Rubens Pereira, de Matões: ‘é para apoiar o Flávio Dino’. Ele tirou 120 mil votos, ele não tinha nenhum. E agora, o governador Zé Reinaldo quer ser candidato ao Senado e não é ouvido, nem cheirado”, disse.

Segundo o tucano, a postura do governador no caso de Zé Reinaldo é a mesma em relação a outras lideranças “que têm o mínimo de independência”. Ele citou o próprio caso e disse que o comunista padece de conselheiros com mais voz ativa. “Ele só convive com quem diz amém, só convive com labigó”, disse, referindo-se ao movimento sempre afirmativo do animal.

Afastamento –n O ex-prefeito explicou, então, por que, depois de apoiar o atual governador em 2014, decidiu afastar-se da gestão.

“Ele tirou na nossa região 80% dos votos. É só a gente comparar: no Maranhão todo ele teve 63%, na nossa região ele teve 80%. Teve alguma diferença e eu calculo que a diferença foi o meu trabalho. E eu achei, bom, eu ajudei a eleger, eu vou estar no núcleo do governo, eu vou ser ouvido. Aí eu senti sendo escanteado, afastado, não fez nenhum convênio comigo, quando vinha fazer uma obra em Imperatriz, era independente, pelo Estado, aí as máquinas estavam asfaltando as ruas e os membros do PCdoB de casa em casa: ‘olha, isso aqui não tem nada a ver com o prefeito Madeira. Dêem um aperto no Madeira para ele dizer onde está botando o dinheiro do município. Então eu comecei a sentir que eu não estava no projeto”, comentou.

E lembrou que a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) tem parcela importante nas obras e ações da atual gestão, porque deixou R$ 2 bilhões em caixa para uso da gestão Flávio Dino.

“Para você ter ideia do que é R$ 1 bilhão, se for contar de R$ 1,00 em R$ 1,00, 24 horas por dia, passará 33 anos para chegar em R$ 1 bilhão, avalie R$ 2 bilhões”, finalizou.

“Relação indestrutível”, diz Zé Reinaldo sobre Cleomar Tema

O deputado federal José Reinaldo Tavares (sem partido) afirmou ontem, em contato com O Estado, que segue confiante no apoio do presidente da Famem, Cleomar Tema (PSB).

O socialista é aliado de proa do governador Flávio Dino (PCdoB), mas um dos maiores entusiastas da candidatura do ex-governador ao Senado. Ele já tentou demovê-lo da ideia de afastar-se do Palácio dos Leões, sem sucesso.

Apesar de, atualmente, estarem em campos separados, Zé Reinaldo diz não ter dúvidas de que ele e Tema estarão juntos na campanha.

“Minha relação com o Tema é indestrutível. É de amizade e confiança”, disse.

Segundo ele, os dois já avaliaram juntos os recentes acontecimentos. “Fizemos uma análise do caso. Eu e o Tema estaremos sempre juntos”, concluiu.

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