Eleições 2018

Palanque furta-cor de Dino abre contenda entre os seus aliados

Comunista quer repetir salada partidária de 2014, juntando de PT a DEM, de PP a PPS, visando apenas a eleição, sem se importar com posição de cada sigla

Marco Aurélio D''Eça/ Editor de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33
Em 2014, Dino abraçou Aécio Neves e deu a vaga de vice para os tucanos
Em 2014, Dino abraçou Aécio Neves e deu a vaga de vice para os tucanos (Flávio Dino)

Preocupado com os riscos de perder a eleição de outubro, o governador Flávio Dino (PCdoB) iniciou uma ofensiva abertamente fisiologista em busca de um palanque o mais eclético possível para sua coligação. E as reações de aliados da chamada esquerda têm sido na mesma proporção em que ele negocia cargos em troca de apoios.
Na semana que passou, Dino ofereceu cargos ao DEM em troca da garantia de aliança com o seu PCdoB – algo inusitado até para os padrões fisiologistas do comunismo. Aos democratas, foi oferecido o Fundo de Amparo dos Servidores do Estado, o Funbem, com algumas dezenas de cargos. Em tro­ca, o partido terá de filiar o secretário de Educação, Felipe Camarão, cotado para compor a cha­pa do próprio Dino.
A reação foi imediata. Pré-candidato a senador pelo PT – e ex-secretário de Juventude do próprio governo comunista –, o professor Márcio Jardim classificou os novos parceiros do DEM de “escravocratas”.
“Representante de um partido que tem visão escravocrata de sociedade, assim pensa o pré-candidato do DEM à Presidência da República. O que escraviza as pessoas é a miséria, estúpido”, atacou Jardim, rebatendo ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para quem “o Bolsa-Família escraviza as pessoas”.
Agora garantido no governo comunista, o DEM maranhense quer ainda a filiação do ex-governador José Reinaldo Tavares para a disputa pelo Senado, uma outra afron­ta às pretensões do PT.

Guerrinhas
Outro foco de crise no palanque do PCdoB é a pré-candidatura, já assumida pelo governador, do deputado federal Weverton Rocha (PDT) ao Senado. O apoio dinista não é bem visto tanto pelo PT quanto pelo PP, pelo Avante e pelo PPS, que também têm pré-candidatos a senador.

Governo acredita em aliança ampla

O PCdoB de Flávio Dino comemora a aliança com cerca de 11 partidos. O presidente da sigla no Maranhão, Márcio Jerry, aposta que todos sigam com o governador no projeto de reeleição do comunista. No entanto, o cenário nacional pode mudar o quadro atual.

Palanque da eleição de 2014 foi uma aberração política histórica no Maranhão

Uma das mais absurdas relações políticas no Brasil foi protagonizada pelo governador do Maranhão Flávio Dino, em 2014. Naquele ano, em busca da vitória nas urnas, ele resolveu transformar o seu palanque de esquerda em uma espécie de estacionamento de candidatos a presidente, fossem eles quem fossem.
Dino se abraçou com Aécio Ne­ves (PSDB), trocou afagos com Eduardo Campos (PSB), beijou Dilma Rousseff (PT) e se reuniu com Marina Silva (Rede). A salada ideológica do comunista maranhense exibiu ao mundo a sua falta de ideologia, mesmo filiado a um dos partidos considerados mais ideológicos do país.
O governador ainda tentou repetir a dose em 2018. De tudo fez para manter o PSDB atrelado ao seu governo, usando o vice-governador Carlos Brandão na empreitada. Sem identidade com o tucanato nacional, Brandão perdeu a guerra para o senador Roberto Rocha, que agora controla o ninho maranhense.

Nova realidade
A dificuldade para Dino manter seu palanque sem qualquer compromisso com a coerência ideológica se dá pelo fato de a realidade nacional também ter mudado em 2018. Hoje, a imagem das esquerdas no Brasil é a pior possível, o que leva partidos ditos de centro-direita a repensar aliança com PT, PDT, PSB e PCdoB, por exemplo.
O PSDB de Rocha já determinou que não fará aliança com nenhum partido do campo esquerdista. Outras legendas, como o Avante e o Podemos chegaram a incluir esta proibição n o próprio Estatuto.
Além de ter dificuldade de manter sua banda direitista em seu palanque, Flávio Dino pode ainda perder outros partidos mais à esquerda, como o PSB, por exemplo. Os socialista estão em franca negociação para aliança nacional com o PSDB. Se isso ocorrer, Roberto Rocha emplacará mais uma vitória sobre o comunista maranhense. l

Dentre os candidatos, dois tomam posições mais públicas, embora diferentes entre si. A deputada federal Eliziane Gama (PPS) prefere a adesão aberta e clara a tudo que diz respeito a Flávio Dino, inclusive aderindo ao prefeito Edivaldo Júnior (PDT), alvo de suas críticas nos últimos seis anos. Outro deputado federal, Waldir Maranhão (Avante), prefere o confronto, e tem feito ameaças veladas ao governador em caso de não cumprimento da promessa de apoiá-lo ao Senado.
A salada partidária de Flávio Dino reúne ainda figuras do peso de um Josimar de Maranhãozinho (PR), notório deputado investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, tucanos que têm candidatos a governador, membros do PR também investigados e até gente vinculada à campanha de um de seus inimigos públicos, o presidenciável Jair Bolsonaro. Tudo em nome da reeleição em outubro.

Posição de aliados no MA é incoerente

Mesmo diante de tanta incoerência política e ideológica, os aliados do governador dos mais diversos partidos costumam justificar a aberração alegando que as legendas no Maranhão têm posição diferente do que é defendido em âmbito nacional. E as posições dos aliados na política nacional também são ignoradas pelos comunista.

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