Denúncia

No Peru, papa diz que indígenas jamais estiveram tão ameaçados

Francisco se encontrou com indígenas peruanos, brasileiros e bolivianos em Puerto Maldonado em seu segundo dia no Peru

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

PERU - O papa Francisco alertou na sexta-feira,19, em visita à floresta amazônica peruana, que os povos indígenas originários "nunca estiveram tão ameaçados quanto agora".

Francisco se reuniu com cerca de 3.500 indígenas peruanos, brasileiros e bolivianos no ginásio do Centro Madre de Diós, em Puerto Maldonado, na Amazônia, no segundo dia de visita ao Peru.

Os representantes de povos indígenas citaram as "crueldades e injustiças" que sofrem e pediram que ele proteja a Amazônia. Hector Sueyo e Yésica Patiachi, do povo harakbut, se encarregaram de contar a dramática situação e foram aplaudidos pelo público ao final da história.

"Os nossos irmãos indígenas de várias regiões da Amazônia sofrem com as explorações dos nossos recursos naturais. Atualmente, muitas pessoas de fora invadem os nossos territórios: madeireiros, garimpeiros, companhias de petróleo", começaram o relato.

Os dois contaram que a vida da população foi completamente alterada com a chegada de pessoas interessadas em explorar o solo. "Entram nos nossos territórios sem nos consultar e nós sofreremos muito e morreremos quando essa gente perfura a terra para tirar água preta metalizada, sofreremos quando envenenem e desperdiçam os nossos rios que se transformam em águas pretas da morte", continuaram.

Os indígenas também pediram auxílio na educação das filhos, para que não sofram discriminação e mantenham a história e a sabedoria ancestral vivas.

Outro testemunho foi o de María Luzmila Bermeo, de 64 anos, da etnia awajún. Segundo ela, a Amazônia tinha "bons costumes e os pais formavam os filhos com bons valores, mas agora muitos jovens se perderam" e adquiriram vícios hábitos ruins que afetam toda a comunidade.

Ela denunciou ações abuso contra a natureza e fez um apelo: "Que as autoridades nos ajude a conservar as florestas, para manter o nosso ambiente limpo e para que possamos respirar o ar puro novamente, como quando eu era criança".

Defesa

Na quinta, antes de partir para o Peru, o papa defendeu o bispo chileno Juan Barros, acusado de encobrir abusos sexuais do clero contra menores.

Abordado pelos jornalistas em sua chegada à cidade de Iquique, norte do Chile, última etapa de sua viagem a esse país, Francisco referiu-se pela primeira vez às acusações contra Barros, bispo de Osorno, cujas presença nas atividades do papa no país causaram uma grande polêmica.

"No dia que me trouxerem uma prova contra o bispo Barros, aí vou falar. Não há uma única prova contra ele. É tudo calúnia, está claro?", indagou Francisco.

Barros é acusado por vítimas do sacerdote Fernando Karadima, condenado pelo Vaticano em 2011 por abuso sexual contra menores de idade, de encobrir suas ações.

Este tema delicado manchou a imagem da Igreja católica em todo mundo, e ofuscou a viagem do papa ao Chile, onde se pede ao Vaticano atos e não apenas palavras.

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