Solidariedade

Papa dedica missa no Chile às vítimas da ditadura de Pinochet

Celebração de pontífice em Temuco ocorreu em aeródromo que funcionou como centro de detenção e tortura no passado; Francisco cumprimentará hoje, antes da missa em Iquique, duas pessoas que sofreram na ditadura

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33
Papa Francisco acena para multidão ao chegar ao aeroporto de Maquehue, em Temuco
Papa Francisco acena para multidão ao chegar ao aeroporto de Maquehue, em Temuco (Papa Francisco acena para multidão ao chegar ao aeroporto de Maquehue, em Temuco)

CHILE - O papa Francisco dedicou a missa que realizou ontem em Temuco, no sul do Chile, às vítimas da ditadura de Pinochet. O pontífice lembrou que no aeródromo de Maquehue, onde foi celebrada a missa, "tiveram lugar graves violações de direitos humanos". No local, funcionou um centro de detenção e tortura durante os anos da ditadura de Augusto Pinochet.

Algumas organizações de direitos humanos pediram que a celebração conduzida pelo papa não fosse realizada no aeródromo, por causa das lembranças negativas que o lugar evoca.

Segundo a agência Efe, Francisco cumprimentará hoje, antes da missa em Iquique, duas pessoas que sofreram na ditadura de Pinochet e que lhe entregarão uma carta.

O papa começou a homilia falando em mapudungun, a lingua do povo original: "Mari, Mari" (Bom dia) e "Küme tünngün ta niemün" (a paz esteja com vocês), disse.

Diante de dezenas de milhares de pessoas, agradeceu por ter visitado a região da Araucanía, elogiou sua beleza e cumprimentou "de maneira especial os membros do povo mapuche, assim como também os demais povos originais que vivem nessas terras austrais". Ele dedicou o restante da homilia aos problemas indígenas da Aracaunía.

Mapuches

Temuco é o coração da terra dos mapuches, a etnia mais importante do Chile, que denuncia discriminação e abusos e reivindica a restituição de territórios ancestrais hoje em mãos privadas.

Francisco também se posicionou contra o uso da violência na luta pelo reconhecimento dos povos. “É imprescindível reconhecer que uma cultura do reconhecimento mútuo não pode se constituir com base na violência e na destruição que acaba cobrando vidas humanas”, afirmou, acrescentando que “não se pode pedir o reconhecimento aniquilando o outro, porque isso o único que desperta é mais violência e divisão”.

“É imprescindível reconhecer que uma cultura do reconhecimento mútuo não pode se constituir com base na violência e na destruição que acaba cobrando vidas humanas”, disse o Papa.

A "missa da integração dos povos" em Temuco reuniu uma multidão. Desde a madrugada, milhares de fiéis iniciaram a vigília no local, depois de percorreram mais de três quilômetros a pé.

Envoltos em mantas, ou em sacos de dormir, com gorros e parcas para suportar o frio do sul do Chile, os peregrinos aguardavam por horas a missa que oficiará o papa Francisco, o segundo pontífice que visita esta cidade depois de João Paulo II em 1987.

Ataques

Na madrugada de ontem, ataques com artefatos incendiários a templos católicos e a três helicópteros de empresas florestais foram registrados na região de Araucanía, onde fica Temuco, horas antes da visita de Francisco. Um dos conflitos deixou um policial ferido a bala, informa a agência EFE citando a polícia.

Após a missa realizada ontem, o papa almoçou com oito membros dos mapuches e conheceu as problemáticas e reivindicações da população. O almoço aconteceu na Casa Madre de Santa Cruz, a poucos quilômetros do Aeroporto Maquehue. O bispo de Temuco, Héctor Eduardo Vargas Bastidas, também esteve presente no encontro.

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