A Gente Conta

“Quero apenas o sorriso e o abraço de quem nada mais tem para dar”

Ela integra o grupo Herdeiras do Reino e, com muito boa vontade, não mede esforços para estender as mãos a quem mais precisa

Evandro Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34

[e-s001]Um largo, uma igreja, luzes acesas, 15 mesas e 100 cadeiras. Música tocando, um coral animando e um saxofonista acompanhando a execução da canção. Os convidados sentados às mesas são servidos por várias mulheres: água, suco, refrigerante, frutas e comida farta, incluindo sobremesa. Os presentes de Natal são camisetas, bolsas e copos personalizados.

A cena transcorreu no último dia 12 deste mês, na Praça Gonçalves Dias, no centro de São Luís, bem em frente à Igreja dos Remédios. Quem passava ficou curioso para saber de que se tratava. Quando descobria, registrava com fotos.
Era uma confraternização natalina organizada para moradores de rua. Pessoas marginalizadas, geralmente desprovidas da atenção do próximo, mas que ali, naquele momento, eram especiais e o centro das atenções.

No comando, sempre com um sorriso no rosto, entusiasmada e satisfeita, estava Xarlene Mafra Colistet, uma mulher tímida, mas com um coração bem maior que a praça. “Foi um momento muito marcante. Pensamos em algo simples, mas de todo o coração. Queríamos que aquelas 100 pessoas se sentissem importantes, abraçadas e na presença de Deus”, diz.
Xarlene é administradora. Gerencia um escritório de empréstimos consignados no centro da cidade. Mas só não empresta o
que tem de sobra para dar: carinho, amor e atenção aos menos favorecidos. Seu maior prazer é ajudar.

Foi ela, com toda a sua boa vontade e alegria, quem formou o grupo Herdeiras do Reino no Maranhão, inspirado no homônimo do Rio de Janeiro, aqui integrado por 72 mulheres com o coração do tamanho do dela e ligado à Igreja Casa do Senhor, na Cohama. Todos os anos, o grupo participa de uma conferência nacional na Cidade Maravilhosa.

Ações
As Herdeiras passam o ano inteiro envolvidas em ações sociais nas ruas, asilos e centros de recuperação. Elas entregam cestas básicas, roupas e dão muita atenção e carinho. “Em troca, recebemos apenas o sorriso e o abraço de quem nada tem para dar. Assim, nos sentimos pessoas melhores e estamos fazendo a nossa parte. Não custa nada. Sentimos uma alegria muito grande dentro da gente”, afirma.

A ceia foi toda organizada pelas 72 mulheres. Elas próprias foram para uma cozinha industrial preparar o jantar: arroz branco, farofa, salada e estrogonofre eram alguns dos itens do cardápio. Dias antes da confraternização, Xarlene e sua equipe haviam cadastrado 50 mendigos para participarem da ceia. Apareceu o dobro. “Sem problemas. A comida e a bebida deram para todo mundo e ainda sobrou. Os convidados também puderam levar em quentinhas”, conta ela, com entusiasmo.

[e-s001]As Herdeiras do Reino nunca estão sozinhas. Maridos, namorados, parentes e agregados as acompanham nas boas ações. Xarlene, por exemplo, tem 10 irmãos e todo mundo arregaça as mangas. “Todos se mobilizam. É gratificante e estamos sempre de braços abertos a quem quiser nos acompanhar”, revela.

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