Embaixada

Trump ignora alertas e reconhece Jerusalém como capital de Israel

Presidente anuncia transferência da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para cidade sagrada; gesto vai contra toda a comunidade internacional e gera preocupações de mais violência; Trump foi pressionado para que não tomasse decisão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Trump diz que gesto de proclamar Jerusalém como capital de Israel 'demorou muito' para acontecer
Trump diz que gesto de proclamar Jerusalém como capital de Israel 'demorou muito' para acontecer (Trump diz que gesto de proclamar Jerusalém como capital de Israel 'demorou muito' para acontecer)

WASHINGTON - O presidente americano Donald Trump contriariou as pressões internacionais e anunciou na tarde de ontem que os EUA reconhecem Jerusalém como capital de Israel. A medida foi acompanhada da decisão de transferir a embaixada dos EUA de Tel Aviv, que concentra todas as embaixadas no país, para a cidade sagrada. Trump foi alvo de forte pressão para que não tomasse tal passo, que pode causar instabilidade nas negociações de paz entre Israel e palestinos e foi criticado por líderes de vários países e organizações.

"Em 1995, o Congresso apelou ao governo para realocar a embaixada (...). A lei foi apoiada pelo imensa maioria e ratificada com unanimidade pelo Senado" afirmou Trump, relembrando que os presidentes desde então nunca aplicaram a lei de 1995. "É hora de oficialmente reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Israel é uma nação soberana com o mesmo direito de outras nações de determinar sua capital. Reconhecer isso é um passo para alcançar a paz. (...) É a capital do povo judeu e do governo moderno israelense".

De acordo com Trump, o governo instruirá o Departamento de Estado a contratar arquitetos para iniciar a construção da nova representação diplomático.

Premiê israelense

O atual primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chefia o país desde 2009, sempre amparado em coalizões de centro-direita. Sob seu governo, o país endureceu em seus conflitos militares com os vizinhos, como a guerra de 2014 em Gaza, na qual morreram 2.200 palestinos e 71 israelenses. A ONU pede que ele negocie a paz.

Segundo Trump, Jerusalém "não é só lar de três religiões, mas terra de uma moderna democracia", na qual membros de outras religiões "podem viver livremente".

"Jerusalém devem ser um lugar onde judeus, cristãos e muçulmanos rezam", afirmou Trump, estendendo-se aos palestinos. "Nossa missão é promover um acordo de paz entre os diferentes lados envolvidos. Quero fazer todo o possível para tal. (...) Os EUA irão apoiar uma solução de dois Estados se ambos os lados quiserem. Enquanto isso, peço aos dois lados para que mantenham o status quo.

Segundo Trump, seu vice, Mike Pence, viajará à região para apelar contra os extremismos nos debates políticos sobre a situação de Israel e dos palestinos.

Prazo vencido

O prazo para decidir se iria transferir a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém venceu na última segunda-feira. O presidente poderia, então, assinar ou não uma dispensa que adiaria por mais seis meses a transferência da representação diplomática, como tem feito todo presidente dos EUA desde que o Congresso aprovou uma lei sobre a questão em 1995.

Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, o Exército de Israel, tomou quase 6 mil quilômetros quadrados da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental e de mais de 20 aldeias no leste da cidade. As forças governamentais israelenses também conquistaram as Colinas de Golã da Síria, e o Monte Sinai e a Faixa de Gaza do Egito. Hoje, o governo israelense reclama toda Jerusalém como sua capital indivisível, enquanto os palestinos pedem que a porção oriental da cidade seja a capital do seu desejado Estado.

A decisão indica o reconhecimento da cidade sagrada como capital de Israel, o que diverge de um antigo consenso internacional e de resoluções da ONU — e ameaça interromper as negociações de paz entre israelenses e palestinos na região. A medida frustraria o sonho palestino de ver a cidade como capital de um futuro Estado. Facções palestinas na Cisjordânia convocaram três dias de protestos contra a possível decisão de Trump. As manifestações começaram ontem e vão durar pelo menos até a sexta-feira,8, e estão sendo apoiadas pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), segundo líderes palestinos.

Em resposta a Trump, facções palestinas convocaram três dias de protestos.

“O reconhecimento do governo americano de Jerusalém ocupada como a capital da ocupação e a transferência da embaixada para Jerusalém ultrapassam todas as linhas vermelhas”, declarou o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em nota. A ANP alegou que a decisão acabaria de vez com as conversas de paz, congeladas há tempos, e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) afirmou que Trump desqualificaria o papel dos EUA na mediação do conflito. Em Israel, a resposta foi de cautela: o premier Benjamin Netanyahu pediu aos ministros que não fizessem declarações públicas, e o governo negou-se a comentar a decisão.

Por telefone, o rei saudita, Salman, disse ao aliado Trump que a mudança da embaixada “é uma iniciativa perigosa” e pode desatar “a ira dos muçulmanos em todo o mundo”. Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi à TV deixar seu recado ao americano. "Senhor Trump! Jerusalém é uma linha vermelha para os muçulmanos".

Frase

‘Os EUA irão apoiar uma solução de dois Estados se ambos os lados quiserem’

Donald Trump

Presidente dos EUA

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