Trump ignora alertas e reconhece Jerusalém como capital de Israel
Presidente anuncia transferência da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para cidade sagrada; gesto vai contra toda a comunidade internacional e gera preocupações de mais violência; Trump foi pressionado para que não tomasse decisão
WASHINGTON - O presidente americano Donald Trump contriariou as pressões internacionais e anunciou na tarde de ontem que os EUA reconhecem Jerusalém como capital de Israel. A medida foi acompanhada da decisão de transferir a embaixada dos EUA de Tel Aviv, que concentra todas as embaixadas no país, para a cidade sagrada. Trump foi alvo de forte pressão para que não tomasse tal passo, que pode causar instabilidade nas negociações de paz entre Israel e palestinos e foi criticado por líderes de vários países e organizações.
"Em 1995, o Congresso apelou ao governo para realocar a embaixada (...). A lei foi apoiada pelo imensa maioria e ratificada com unanimidade pelo Senado" afirmou Trump, relembrando que os presidentes desde então nunca aplicaram a lei de 1995. "É hora de oficialmente reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Israel é uma nação soberana com o mesmo direito de outras nações de determinar sua capital. Reconhecer isso é um passo para alcançar a paz. (...) É a capital do povo judeu e do governo moderno israelense".
De acordo com Trump, o governo instruirá o Departamento de Estado a contratar arquitetos para iniciar a construção da nova representação diplomático.
Premiê israelense
O atual primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chefia o país desde 2009, sempre amparado em coalizões de centro-direita. Sob seu governo, o país endureceu em seus conflitos militares com os vizinhos, como a guerra de 2014 em Gaza, na qual morreram 2.200 palestinos e 71 israelenses. A ONU pede que ele negocie a paz.
Segundo Trump, Jerusalém "não é só lar de três religiões, mas terra de uma moderna democracia", na qual membros de outras religiões "podem viver livremente".
"Jerusalém devem ser um lugar onde judeus, cristãos e muçulmanos rezam", afirmou Trump, estendendo-se aos palestinos. "Nossa missão é promover um acordo de paz entre os diferentes lados envolvidos. Quero fazer todo o possível para tal. (...) Os EUA irão apoiar uma solução de dois Estados se ambos os lados quiserem. Enquanto isso, peço aos dois lados para que mantenham o status quo.
Segundo Trump, seu vice, Mike Pence, viajará à região para apelar contra os extremismos nos debates políticos sobre a situação de Israel e dos palestinos.
Prazo vencido
O prazo para decidir se iria transferir a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém venceu na última segunda-feira. O presidente poderia, então, assinar ou não uma dispensa que adiaria por mais seis meses a transferência da representação diplomática, como tem feito todo presidente dos EUA desde que o Congresso aprovou uma lei sobre a questão em 1995.
Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, o Exército de Israel, tomou quase 6 mil quilômetros quadrados da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental e de mais de 20 aldeias no leste da cidade. As forças governamentais israelenses também conquistaram as Colinas de Golã da Síria, e o Monte Sinai e a Faixa de Gaza do Egito. Hoje, o governo israelense reclama toda Jerusalém como sua capital indivisível, enquanto os palestinos pedem que a porção oriental da cidade seja a capital do seu desejado Estado.
A decisão indica o reconhecimento da cidade sagrada como capital de Israel, o que diverge de um antigo consenso internacional e de resoluções da ONU — e ameaça interromper as negociações de paz entre israelenses e palestinos na região. A medida frustraria o sonho palestino de ver a cidade como capital de um futuro Estado. Facções palestinas na Cisjordânia convocaram três dias de protestos contra a possível decisão de Trump. As manifestações começaram ontem e vão durar pelo menos até a sexta-feira,8, e estão sendo apoiadas pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), segundo líderes palestinos.
Em resposta a Trump, facções palestinas convocaram três dias de protestos.
“O reconhecimento do governo americano de Jerusalém ocupada como a capital da ocupação e a transferência da embaixada para Jerusalém ultrapassam todas as linhas vermelhas”, declarou o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em nota. A ANP alegou que a decisão acabaria de vez com as conversas de paz, congeladas há tempos, e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) afirmou que Trump desqualificaria o papel dos EUA na mediação do conflito. Em Israel, a resposta foi de cautela: o premier Benjamin Netanyahu pediu aos ministros que não fizessem declarações públicas, e o governo negou-se a comentar a decisão.
Por telefone, o rei saudita, Salman, disse ao aliado Trump que a mudança da embaixada “é uma iniciativa perigosa” e pode desatar “a ira dos muçulmanos em todo o mundo”. Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi à TV deixar seu recado ao americano. "Senhor Trump! Jerusalém é uma linha vermelha para os muçulmanos".
Frase
‘Os EUA irão apoiar uma solução de dois Estados se ambos os lados quiserem’
Donald Trump
Presidente dos EUA
Saiba Mais
- Trump se despede da Casa Branca: ''governar EUA foi a maior honra da minha vida''
- Impeachment de Trump põe Biden em situação desconfortável
- Democratas apresentam pedido de impeachment contra Trump
- Facebook e Instagram bloqueiam conta de Trump por tempo indeterminado
- Trump diz que discorda de resultado eleitoral, mas que haverá ''transição ordeira''
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.