Trump poderá reconhecer Jerusalém capital de Israel
Palestinos querem Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado e comunidade internacional não reconhece reivindicação de Israel sobre a cidade como um todo; decisão agradaria aliados israelenses, mas revoltaria mundo árabe
WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos Donald Trump deve reconhecer em um discurso na próxima quarta,6, Jerusalém como a capital de Israel, de acordo com a agência de notícias Reuters. A medida deve aumentar a tensão no Oriente Médio e é criticada pelos palestinos.
Os palestinos querem Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado, e a comunidade internacional não reconhece a reivindicação israelense sobre a cidade como um todo.
Quando era candidato a presidente, Trump disse que mudaria a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, mas a ideia vem sendo adiada por seu governo. O reconhecimento da cidade como capital seria uma forma de cumprir parte da promessa de campanha.
O anúncio acontece após meses de discussões internas na Casa Branca, de acordo com a agência de notícias Associated Press e a rede de TV CNN.
Fontes disseram aos dois veículos que Trump deu a confirmação para a medida nos últimos dias, apesar de algumas autoridades temerem que a decisão dificulte um acordo de paz entre israelenses e palestinos, que também reivindicam Jerusalém como sua capital.
O presidente estudava fazer o discurso na quarta-feira com a decisão. Outra opção é que o vice, Mike Pence, faça o anúncio durante sua viagem para Israel em dezembro.
Pence declarou na última terça,28, que Trump considerava "quando e como" mudar a embaixada para Jerusalém. A expectativa é que a transferência seja adiada por pelo menos seis meses.
Oficialmente, a Casa Branca negou que qualquer decisão já tenha sido tomada. A porta-voz Sarah Sanders disse que qualquer anúncio nesse sentido seria "prematuro".
A mudança da embaixada e o reconhecimento de Jerusalém como capital podem dificultar os esforços de um acordo de paz liderados por Jared Kurshner, genro e assessor do presidente.
Uma lei de 1995 assinada pelo então presidente Bill Clinton determina que a embaixada seja transferida de Tel Aviv para Jerusalém, mas abre uma brecha. A cada seis meses, o presidente pode assinar uma ordem adiando a decisão por um semestre por questões de segurança.
Desde 1995, todos os presidentes assinaram a ordem para impedir a mudança, incluindo o próprio Trump em junho. Na ocasião, a Casa Branca disse que a transferência ainda era um objetivo para o futuro próximo.
O presidente tem até o fim do ano para assinar uma nova ordem para adiar a mudança mais uma vez e a expectativa é que ele faça isso na segunda-feira,4.
Aliados americanos no Oriente Médio, como o rei Abudallah 2º bin Al-Hussein, da Jordânia, já pediram a Trump para que não altere a posição americana de que o reconhecimento de Jerusalém como capital depende de uma negociação entre Israel e palestinos.
Resistência
A medida também encontra resistência entre conselheiros de Trump, incluindo os secretários de Estado, Rex Tillerson, e da Defesa, James Mattis. Eles argumentam que uma possível transferência da embaixada possa aumentar as tensões contra os americanos na região, ameaçando a segurança dos diplomatas e das tropas militares em países árabes ou de maioria muçulmana.
Por isso, Trump teria decidido emitir a nova ordem adiando a transferência da embaixada por mais seis meses, ao mesmo tempo em que faria a declaração reconhecendo Jerusalém como a capital israelense.
Para evitar problemas diplomáticos, uma das possibilidades é que a Casa Branca também indique no anúncio que um futuro Estado Palestino tem direito de ter Jerusalém Oriental como sua capital.
Há ainda um desafio legal para a medida, já que o Conselho de Segurança da ONU não reconhece a soberania de Israel sobre Jerusalém.
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