Buscas

Houve uma explosão na região onde submarino desapareceu

Argentina recebeu comunicado sobre evento ''violento e não nuclear'' horas após a desaparição do submarino, no último dia 15; as esperanças de encontrar alguém com vida são menores; navios e aviões investigam origem do barulho

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Submarino ARA San Juan, que está desaparecido desde o dia 15 deste mês
Submarino ARA San Juan, que está desaparecido desde o dia 15 deste mês (Submarino ARA San Juan, que está desaparecido desde o dia 15 deste mês)

ARGENTINA - O porta-voz da Marinha Argentina, capitão de navio Enrique Balbi, afirmou ontem que recebeu a comunicação de que "houve um evento anômalo, singular, curto, violento e não nuclear, consistente com uma explosão" horas após a desaparição do submarino ARA San Juan e na mesma região em que ele se encontrava.

O submarino desapareceu no último dia 15, com 44 pessoas a bordo. Uma megaoperação internacional continua buscando a embarcação, que manteve seu ultimo contato há oito dias. Mas as esperanças de encontrar alguém com vida são menores.

Quarta-feira à noite, o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, informou que uma “anomalia hidroacústica” tinha sido registrada três horas apos o submarino ARA San Jose ter se comunicado com a base, pela ultima vez, às 7h30 de quarta-feira da semana passada,15.

"Não sabemos a causa que produziu isso nesse lugar, nesse tempo. Sobre qualquer hipótese ou conjectura, até que não tenhamos uma evidência concreta, não podemos dar nenhuma afirmação conclusiva", acrescentou o capitão Balbi.

Navios e aviões foram enviados para investigar a origem do barulho, 30 milhas ao norte do local onde o submarino estava.

Itati Leguizamon, esposa de um dos tripulantes, recebeu a noticia com raiva e indignação. “Estão quebrando tudo lá dentro”, disse, referindo-se ao local onde estavam reunidos os parentes dos 43 homens e a mulher que embarcaram no submarino. Ela criticou a falta de investimento público nas Forças Armadas e na renovação de equipamento. O submarino ARA San Juan foi construído na Alemanha em 1980 e recondicionado em 2014.

Segundo Balbi, essa informação só pode ser liberada oito dias apos o ruído ter sido produzido porque estavam comparando informações. Encontrar submarinos é difícil, porque são construídos para não serem detectados, e o mar não é um lugar silencioso, o que dificulta a busca – feita com sonares e radares.

Análise do ruído

As informações analisadas partiram dos Estados Unidos e da Áustria, país sede da Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA), criada em 1957 para promover o uso pacífico e seguro de tecnologia nuclear. Segundo o embaixador argentino em Viena, Rafael Grossi (que é especialista em assuntos nucleares), existe uma rede internacional de sensores para monitorar testes nucleares e movimentos sísmicos. O ruído foi registrado tanto pela OIEA quanto pelos Estados Unidos.

“A partir dessa análise pudemos obter informação que confirma a existência de um evento isolado, horas após o último contato do submarino com a Terra, consistente com algum tipo de explosão”, disse Balbi. Segundo ele, os sensores medem a velocidade e o movimento das ondas (da explosão) e podem determinar se foi causada por um terremoto, um teste nuclear ou um animal (baleia). Todas essas hipóteses foram descartadas, o que levou os especialistas a achar que poderia ter partido do submarino – que estava próximo daquele local, naquela hora.

Segundo o porta-voz da Marinha, o governo argentino demorou a informar sobre a explosão porque esperava a confirmação da Áustria, que chegou na manhã de ontem. Essa avaliação foi comparada com informação do governo norte-americano, que também tinham captado um ruído. “Esse evento coincide com a informação que recebemos ontem dos Estados Unidos, que centralizaram a análise”, disse.

As buscas pelo submarino continuam. “Seis unidades estão varrendo a região para localizar o submarino. Até não ter certezas ou outros indícios, continuaremos com o esforço de busca. Não podemos fazer uma afirmação contundente”, completou Balbi.

Última viagem

O capitão do submarino ARA San Juan, Pedro Martín Fernández, prometeu a sua mãe que faria sua última viagem na embarcação e então trabalharia em terra firme, contou Emma Nelly Juárez ao jornal local "La Gaceta". Casado e pai de três filhos, Fernández tem 45 anos e é um dos 44 tripulantes desaparecidos, cuja busca desesperada concentra esforços de vários países.

Fernandéz passou toda sua infância e parte da adolescência em San Miguel de Tucumán, maior cidade e capital da província de Tucumán, até começar a carreira militar. Na casa materna do capitão, familiares, amigos e vizinhos vivem momentos de incerteza e angústia. Todos tentam confortar sua mãe Emma, de 80 anos, que nas últimas horas entrou em estado de choque emocional devido à situação dramática.

" Ele viajou pelo mundo todo e navegou duas vezes com a Fragata Liberdade", recorda Emma com orgulho ao La Gaceta. "Ele me contou que essa iria ser sua última viagem no submarino. Depois trabalharia em terra".

Segundo a mãe do capitão, ele sempre quis ser militar e se preparou para entrar para o Exército, mas uma lesão durante uma partida de rúgbi o fez mudar para a Marinha. Ao jornal, Emma contou que esperava com ansiedade as visitas de seu filho, a nora e os três netos nas férias de julho e em dezembro para as festas de fim de ano. Há nove anos, Fernandéz morava em Mar del Plata com sua mulher, que conheceu quando tinha 14 anos na escola em que estudavam.

Dor e indignação

Os parentes dos 44 membros da tripulação do submarino desaparecido há oito dias no Atlântico Sul reagiram com dor e indignação ao relatório divulgado ontem pela Marinha argentina sobre uma explosão no mar no dia do último contato com a embarcação. Quase cem parentes esperavam esperançosamente dentro da base naval de Mar del Plata, cujo perímetro nos últimos dias foi preenchido com mensagens de encorajamento, imagens religiosas e bandeiras argentinas.

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