Realidade construída

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35

Acuado em sua gestão por uma série de aspectos que mostram o fracasso da mudança anunciada durante a campanha de 2014, o governador Flávio Dino (PCdoB) agora se utiliza de uma série de institutos de pesquisas financiados pelo próprio governo para tentar gerar uma realidade favorável ao seu projeto de reeleição.
A cada revés que o comunista sofre na realidade - como o mais novo escândalo da “gaiola humana” em Barra do Corda -, esses institutos surgem, do nada, com números de pesquisas que apontam uma popularidade estratosférica e uma consolidação de vitória contra os principais adversários.
A princípio, essas empresas eram capitaneadas pelo Instituto Exata, que, contratado pelo Estado, apenas chancelava números apresentados pelo Instituto DataM, cuja credibilidade é tão pequena que precisa usar terceiros em suas divulgações. Sem ter como sustentar os números de interesse de Flávio Dino sem comprometer o próprio conceito, a Exata preferiu ficar apenas nas adjacências. Surgiu então o tal Data Ilha, que chegou a ter, inclusive, a existência contestada.
Em entrevista a O Estado, no mês passado, o dono do Data Ilha deixou claro que não divulgaria o contratante de suas pesquisas. E voltou a aparecer agora, quando o comunista enfrenta desgaste intenso por conta da morte de um empresário dentro da gaiola humana de Barra do Corda.
Flávio Dino vai tentando construir a própria realidade para poder suportar a pressão até o pleito de 2018. Em alguns casos, no entanto, a realidade de alguns não passa de delírios emocionais. Que sempre acabam frustrados pela própria efemeridade.

Culposo
O governador Flávio Dino não consegue dar respostas a questões simples, como o cancelamento de projetos já aprovados pelo BNDES.
E agora se vê às voltas com imagens da Delegacia de Barra do Corda, iniciada pelo governo Roseana Sarney (PMDB) e paralisadas por ele logo que assumiu o governo.
Com dinheiro em caixa e projeto já aprovado, Dino preferiu manter a “gaiola humana” naquela cidade, o que resultou na morte do empresário Francisco Edinei Lima.

Se perdendo
Apontado como uma espécie de futuro dos institutos de pesquisa no início dos anos 2000, o Instituto Exata acabou optando pelo vínculo financeiro a projetos político-eleitorais.
E em troca de contratos com o governo comunista, acabou comprometendo a própria credibilidade, ao chancelar levantamentos que não são seus.
O resultado é que, hoje, os números da Exata são considerados tão “consistentes” quanto os do notório DataM, instituto que chegou a ser proibido pela Justiça Eleitoral.

Nas redes
Candidato a governador pelo PSDB, o senador Roberto Rocha está radicalizando, gradativamente, sua relação com o governador Flávio Dino.
O tucano percebeu que as redes sociais são um dos campos mais fortes do comunista, e também sentou praça por lá, com perfis no Twitter e no Facebook.
E nesta seara, Dino já não tem vida fácil, sendo confrontado em qualquer situação que tenta se impor como a referência política maranhense.

Estratégia
A nova estratégia do governador Flávio Dino para contrapor seus adversários é usar o argumento de que todos eles pertencem ao grupo Sarney.
O comunista quer repetir em 2018 o já surrado debate Sarney x Anti Sarney que repete desde que entrou na vida pública, há mais de 10 anos.
Mas a estratégia só reflete a preocupação do governador com uma disputa em que a lógica é um segundo turno imprevisível, qualquer que seja seu adversário.
Nas sombras
Uma espécie de acordo de cavalheiros está sendo firmado pelos novos comandantes do PSDB maranhense e os filiados ao partido que estejam atrelados ao Governo do Estado.
A ideia dos novos tucanos é deixar esses filiados à vontade, desde que não tentem influenciar no projeto partidário de 2018.
Ocorre que a direção nacional do PSDB sequer cogita que seus membros façam campanha - ainda que às escondidas - para qualquer partido de esquerda.

Chega pra lá
Os defensores da candidatura do deputado Jair Bolsonaro no Maranhão recolheram as armas desde que foram desautorizados pela direção local do PEN.
Membros da chamada União da Direita Maranhense (UDM), os bolsominions tentaram tomar o PEN de assalto, falando de campanha em nome da legenda.
Receberam uma reprimenda pública do ex-deputado Jota Pinto, que controla o partido no Maranhão e quer fortalecê-lo com a eleição de uma forte bancada.

DE OLHO

R$ 2 milhões É o total movimentado por mês na Feirinha São Luís, que o governo comunista agora quer copiar

E MAIS

• O prefeito Domingos Dutra começa a enfrentar a mesma resistência de prefeitos anteriores, pela falta de ações consistentes em Paço do Lumiar.

• A feirinha inventada pelo governo Flávio Dino na Ponte Bandeira Tribuzi foi vista por membros da Prefeitura como uma disputa com a Feirinha São Luís.

• Tem chamado atenção o silêncio de gente como Antônio Pedrosa, do PSOL e da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos diante do “gaiolão humano” de Barra do Corda.

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