14 de julho

A violência nossa de cada dia

Muito embora não possamos comparar com a violência do Rio de Janeiro, São Luís também vive tempos difíceis

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37

O Instituto de Segurança Pública (ISP) registrou em abril, no Rio de janeiro, 12.089 casos de roubo, número considerado recorde histórico. Nenhuma área da cidade foi poupada. Copacabana, por exemplo, viu um crescimento de 128% nos registros de roubo nos últimos dois anos.

Um outro dado sobre o Rio diz que, em todo o estado, que tem população de 16 milhões, estima-se que 550 mil pessoas sofram do chamado transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), cujos sintomas são: vítima revive o trauma o tempo todo, isolamento (inclusive de amigos e familiares), sentimento de culpa, hipervigilância, insegurança, insônia, irritabilidade e comportamento autodestrutivo.

Um estudo (ainda não publicado) constatou que 97,6% dos casos de TEPT não são identificados pelos médicos em exames clínicos convencionais. Só na capital, são cerca de 214 mil pessoas, segundo o Instituto de Psiquiatria da UFRJ, que realizou a pesquisa.

O transtorno de estresse pós-traumático é uma doença psiquiátrica que surge em decorrência de alguma experiência traumatizante. Embora os dados falem do Rio de Janeiro – as informações foram retiradas de um especial feito pelo site G1.com -, a vivência da violência urbana é uma realidade constante nos centros urbanos.

A escala da violência não escolhe classe social, embora os mais abastados tenham condição de buscar mais proteção pessoal, com sistemas de segurança de última geração e carros blindados, por exemplo. Somos milhões de pessoas que convivem com os males causados por efeitos da violência.

Na Região Metropolitana de São Luís, nos 10 primeiros dias deste mês foram registradas 18 mortes violentas, entre homicídios, achado de cadáver, acidentes de trânsito e assassinatos em unidades de ressocialização, uma média aproximadamente de dois casos por dia. Um dos de maior repercussão foi na tarde do domingo, quando o agente penitenciário Jorge Lobo foi alvejado na Avenida Litorânea.

Muito embora não possamos comparar com a violência do Rio de Janeiro, São Luís também vive tempos difíceis. Andar de ônibus virou uma arriscada tarefa, muito embora a grande maioria da população não possa se furtar de fazê-la. Mas essa é a violência urbana, real e cruel.

Tem outra grande violência que o povo brasileiro tem vivido. É a institucional, não menos traumática. Com mudanças significativas em direitos trabalhistas, aumento no desemprego, perda do poder de compra e descrença real na política, os brasileiros passam agora por tempos difíceis.

Todos esses golpes deixam sequelas e sintomas fortes, tanto quanto o transtorno de estresse pós-traumático. Noites mal dormidas têm acompanhado os brasileiros. Afinal, contas e aumentos sucessivos em contas e serviços básicos são constantes. O medo de perder o emprego formal deixa todos à flor da pele – atualmente, um contingente de 14 milhões de pessoas, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), encontra-se desempregado.

Se o tratamento do TEPT, entre outras coisas, inclui terapia, para as demais violências, cabem grandes doses de paciência e esperança.

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