Violência

Mãe de bebê baleado no útero recebe alta e diz que gostaria de 'tocar' o filho

Claudinéia recebeu alta no fim da manhã desta quinta e deixou o hospital Moacir do Carmo por volta das 12h45. Bebê permanece internado em estado gravíssimo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37

RIO - Claudinéia dos Santos Melo, a mulher baleada com o filho ainda no útero, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, recebeu alta médica no fim da manhã de ontem. Por volta das 12h45, ela deixou o Hospital Moacir do Carmo, acompanhada de familiares.

O bebê Artur permanece internado em estado gravíssimo no hospital Adão Pereira Nunes, o hospital de Saracuruna, em Caxias. "Não consigo nem explicar", disse Claudinéia sobre a situação do filho recém-nascido. Questionada sobre o que mais queria fazer, respondeu: "Tocá-lo".

A mulher estava grávida de nove meses quando foi atingida por uma bala perdida na Favela do Lixão. A criança nasceu após uma cesariana de emergência.

O disparo, que deixou o bebê paraplégico, também arrancou um pedaço da orelha dele e criou um coágulo na cabeça. O tiro atravessou o quadril da mãe e atingiu a criança - perfurando os pulmões e provocando uma lesão na coluna. O bebê, no entanto, pode recuperar os movimentos.

"Não temos como medir a capacidade de evolução desta criança no momento. Devemos agora manter o suporte à vida e aguardar. Quanto à paraplegia, é um quadro que pode até se reverter, caso não haja lesão medular", explicou o neurologista Eduardo França.

"Nesse momento, trata-se de uma criança muito grave, com ventilação mecânica, o que tem que fazer é o suporte à vida. A gente não pode mensurar a capacidade de uma criança em evoluir", acrescentou o médico.

Estatística

Claudineia e Arthur entram para uma estatística que não para de crescer no Rio, a de pessoas atingidas por balas perdidas. Levantamento feito pela Folha indica que pelo menos uma pessoa foi atingida a cada dois dias na região metropolitana em 2017.

Na última terça,4, uma menina de 11 anos morreu após ser baleada na cabeça durante um tiroteio entre traficantes e policiais no complexo de favelas do bairro Lins de Vasconcelos, zona norte do Rio. A menina foi a quarta pessoa a morrer em menos de uma semana nas favelas do Rio.

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