Narcotraficantes

Violência deixa 30 mortos no México em guerra do tráfico

Assassinatos são resultado de disputa entre dois grupos do cartel da região de Sinaloa após captura de Joaquín ‘El Chapo’ Guzmán

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37
(tiro)

CIDADE DO MÉXICO - A violência no estado mexicano de Sinaloa deixou pelo menos 30 mortos em 24 horas – informaram as autoridades locais ontem. Situado na costa norte do Pacífico mexicano e berço de um dos maiores narcotraficantes do país, Sinaloa vivia em relativa calma, mas, no último ano, as ocorrências de tiroteios, assassinatos e descoberta de cadáveres dispararam.

Analistas atribuem essa escalada a uma disputa pela liderança entre dois grupos do cartel de Sinaloa, após a recaptura, em 2016, do chefão do tráfico Joaquín “El Chapo” Guzmán e de sua deportação para os Estados Unidos em janeiro passado.

Na tarde de sábado, o governo estadual convocou uma reunião de segurança para analisar os violentos episódios e discutir sobre quais medidas adotar nesse contexto.

A violência também atingiu outras regiões do México. Maio foi o mês mais letal desde 1997, quando se começou a fazer um registro oficial da criminalidade. Foram 2.186 homicídios somente nesse mês, mas não há informações sobre quantos estariam relacionados ao tráfico de drogas.

Tiroteio noturno

A violência explodiu na noite de sexta, 30, quando houve um tiroteio de grandes proporções no porto de Mazatlán. Uma chamada para o número de emergência alertou que um comando armado havia executado dois homens, e a polícia chegou.

Na fuga, em quatro caminhonetes, os criminosos foram interceptados por policiais estaduais e militares, e a troca de tiros começou. “17 pessoas morreram”, todas do comando armado, declarou em entrevista coletiva no sábado o secretário estadual de Segurança, Genaro Robles.

Momentos antes do confronto, o comando armado havia assassinado dois homens de 24 e 54 anos, totalizando 19 vítimas fatais desse mesmo episódio. Cinco policiais ficaram feridos no tiroteio, e seu quadro de saúde é estável.

Ao longo do sábado, as autoridades informaram pelo menos outras 11 mortes violentas em diferentes pontos do estado.

Entre essas vítimas, está um homem abatido por indivíduos que invadiram a sala de cirurgia de uma clínica de Culiacán, enquanto que, em Navolato, mais três jovens foram localizados sem vida.

A violência também aumenta no vizinho Chihuahua. Esse estado é central na rota das drogas, ao compartilhar uma ampla fronteira com os Estados Unidos. Já no de Guerrero, na costa sul do Pacífico, onde fica o balneário de Acapulco, os assassinatos cotidianos não dão trégua.

Ainda no sábado, segundo boletins da Polícia, seis homens foram mortos em diferentes incidentes em três comunidades de Guerrero. Em várias localidades de Chihuahua, principalmente na fronteiriça Ciudad Juárez, desde quinta-feira (29) há registro de uma série de ocorrências, que teriam terminado em cerca de 20 mortos.

Saiba MAIS

Disputa por território

Nos últimos dias, foram encontrados em Mazatlán cartazes com mensagens de grupos rivais, advertindo sobre a presença de uma nova célula criminosa. Na disputa dentro do cartel de Sinaloa, estariam envolvidos os filhos de Guzmán e o grupo de seu então principal colaborador, Dámaso López, conhecido como "El Licenciado". López foi preso recentemente.

Analistas também apontam a presença de grupos rivais, como o cartel dos Beltrán Leyva – um antigo aliado de Guzmán, agora enfraquecido, após a detenção de seus principais líderes.

Embora menos visível, outro envolvido na briga seria o irmão de Guzmán, Aureliano, ou "El Guano", que teria o controle da zona de Badiraguato, cidade natal de "El Chapo".

Entre as vítimas da violência em Sinaloa, está o conhecido jornalista e colaborador da AFP Javier Valdez, assassinado a tiros em 15 de maio, em Culiacán. No início deste ano, Valdez entrevistou López para um veículo de comunicação local, o que teria incomodado os filhos de Guzmán.

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