Violência

Theresa May trata atropelamento em Londres como terrorismo

Van avançou sobre fiéis na região de Finsbury Park, no norte de Londres; dez pessoas ficaram feridas; premiê lembrou que o vínculo entre os quatro países do Reino Unido se baseia na liberdade de expressão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
Theresa May visitou local onde van atropelou grupo de muçulmanos, em Londres
Theresa May visitou local onde van atropelou grupo de muçulmanos, em Londres (Theresa May visitou local onde van atropelou grupo de muçulmanos, em Londres)

LONDRES - A primeira-ministra, Theresa May, referiu-se ao atropelamento que terminou com uma pessoa morta e dez feridas perto de uma mesquita em Londres como atentado terrorista. Na madrugada de ontem, um homem jogou uma van sobre um grupo de muçulmanos em Finsbury Park, no norte da cidade. O homem foi contido pela população e preso em seguida.

"Esta manhã, nosso país acordou com notícias de outro ataque terrorista nas ruas da nossa capital: o segundo deste mês e tão doentio quanto aqueles que vieram antes", disse May, segundo a Reuters. "Mais uma vez, o agressor visou inocentes em seu dia a dia". Ela afirmou que o suspeito, de 47 anos, que não teve a identidade divulgada, atuou sozinho.

May lembrou que o vínculo entre os quatro países do Reino Unido se baseia na liberdade de expressão, de discurso e religiosa. “Nesta manhã, vimos uma tentativa doentia de destruir essas liberdades e quebrar esses laços de cidadania que definem o nosso Reino Unido.”

A premiê ainda afirmou que o Reino Unido foi muito tolerante com todas as formas de extremismo no passado e que recursos policiais adicionais serão mobilizados para garantir a segurança, segundo a Reuters.

Ataque

O motorista jogou o carro sobre fiéis que deixavam uma mesquita à 0h20 (horário local, 20h20 de domingo em Brasília). Durante o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, os fiéis jejuam do alvorecer até o anoitecer e costumam rezar até a madrugada.

O suspeito foi levado para um hospital para uma avaliação de saúde mental. Uma testemunha disse à BBC que o agressor afirmou que queria "matar todos os muçulmanos". Um vídeo divulgado em redes sociais mostra populares contendo o homem após o ataque, impedindo que ele fugisse até a chegada da polícia.

"Um homem de 47 anos foi detido por tentativa de assassinato e transferido a uma delegacia do sul de Londres, onde permanece sob custódia. Além disso, foi detido pela comissão, preparação e instigação ao terrorismo incluindo assassinato e tentativa de assassinato", explicou a polícia em um comunicado. A polícia corrigiu a idade do homem, que inicialmente dizia ter 48 anos, segundo a France Presse.

A polícia investiga o que teria levado o homem a praticar o ataque. "Estamos mantendo a mente aberta. A ação está sendo tratada como um ataque terrorista e o Comando contra o Terrorismo está investigando", disse Neil Basu, o coordenador da polícia antiterrorismo, segundo a rede americana CNN.

Morte investigada

A Scotland Yard ainda tenta explicar se a morte está diretamente vinculada ao atentado, pois essa pessoa já recebia primeiros-socorros quando o veículo atropelou os pedestres.

"O ataque ocorreu quando o homem já estava recebendo primeiros socorros no local. Infelizmente esse homem morreu. Qualquer ligação causal entre sua morte e o ataque fará parte da investigação. Mas é muito cedo para dizer se a sua morte foi resultado desse ataque", afirmou Basu.

Dos dez feridos, dois foram atendidos no local com ferimentos leves e oito foram hospitalizados. Dois estão internados em estado grave, segundo a polícia. Todas as vítimas são muçulmanas.

Islamofobia

O conselho muçulmano britânico (Muslim Council of Britain, em inglês) emitiu um comunicado em que "aparentemente, segundo relatos de testemunhas, o autor foi motivado por islamofobia".

Segundo o documento, assinado pelo secretário-geral do conselho, Harun Khan, "nas últimas semanas e meses, muçulmanos enfrentaram muitos incidentes de islamofobia, e esta foi a manifestação mais violenta até o momento".

O grupo alerta sobre o fim do mês do Ramadã para pedir que "as autoridades aumentem a segurança do lado de fora das mesquitas urgentemente".

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, afirmou que policiamento extra será enviado para proteger comunidades e que o atropelamento de Finsbury Park foi um ataque nos valores de tolerância, liberdade e respeito. Sadiq Khan, que é muçulmano, chamou o atropelamento "terrível ataque terrorista".

Ataques recentes

O Reino Unido enfrentou uma série de ataques terroristas recentemente. No mês passado, uma explosão de bomba deixou 22 mortos e dezenas de feridos na saída de show da cantora Ariana Grande, na cidade de Manchester.

No início deste mês, outro ataque terrorista deixou dez mortos, entre eles sete vítimas e três suspeitos, que usaram uma van para atropelar pedestres na London Bridge e depois armas brancas para esfaquear pessoas no Borough Market.

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