Alerta

Macron diz que ''uso de armas químicas'' na Síria terá resposta

Em entrevista com Putin, presidente francês falou sobre guerra na Síria e cobra Rússia por Direitos Humanos; ele disse que o Ocidente "fracassou" sobre esta questão, ao ser excluído do processo de cessar-fogo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
Emmanuel Macron e Vladimir Putin durante encontro no Castelo de Versailles
Emmanuel Macron e Vladimir Putin durante encontro no Castelo de Versailles ( Emmanuel Macron e Vladimir Putin durante encontro no Castelo de Versailles)

PARIS - O presidente francês Emmanuel Macron advertiu ontem que todo uso de armas químicas na Síria "será alvo de represálias e de uma resposta imediata" de Paris, durante uma coletiva de imprensa conjunta com o russo Vladimir Putin.

Macron também declarou que deseja reforçar a parceria com a Rússia no âmbito da luta contra o terrorismo na Síria.

"Uma linha vermelha muito clara existe do nosso lado, a utilização de armas químicas, por quem quer que seja", alertou o chefe de Estado francês, que recebeu Putin no castelo de Versailles.

"Nossa prioridade absoluta é a luta contra o terrorismo. É o fio condutor de nossa ação na Síria e sobre a qual desejo, além do trabalho que realizamos dentro da coalizão, reforçar nossa parceria com a Rússia", explicou o presidente, referindo-se ao combate ao grupo extremista Estado Islâmico (EI).

O novo presidente francês se pronunciou a favor de "uma transição democrática na Síria, mas preservando um Estado sírio". Ele ainda apontou os Estados falhos como uma ameaça para a democracia e um terreno fértil para o progresso dos grupos terroristas.

Para Emmanuel Macron, é necessário falar com a Rússia sobre a crise síria, a fim de "mudar o quadro para uma saída da crise militar e construir de forma mais coletiva uma solução política inclusiva".

O presidente francês considera que o Ocidente "fracassou" sobre esta questão, ao ser excluído do processo de cessar-fogo patrocinado pela Rússia, Irã e Turquia.

Encontro

Putin foi o primeiro chefe de Estado a visitar Macron desde que ele assumiu o comando do país, no último dia 14.

Após um aperto de mão caloroso no tapete vermelho no hall do castelo, os dois chefes de Estado se reuniram em um salão, antes de um almoço.

Além de inaugurar uma exposição intitulada "Pierre le Grand, un tsar en France" (Pedro o Grande, um czar na frança, o presidente russo também visitou, ao final da tarde, o novo Centro Espiritual e Cultural Ortodoxo Russo, com a sua catedral com abóbodas douradas, no coração de Paris.

Putin deveria tê-lo inaugurado em outubro de 2016, mas a escalada verbal entre Paris e Moscou, provocada pela campanha militar do regime sírio e seu aliado russo contra a parte rebelde de Aleppo (norte da Síria), resultou no cancelamento da viagem.

Aparar arestas

Os dois chefes de Estado tentarão ainda aparar as arestas após a campanha presidencial francesa, marcada pela visita ao Kremlin da candidata da extrema-direita Marine Le Pen (Frente Nacional, FN) e os ataques cibernéticos visando o movimento político de Emmanuel Macron, "Em Marcha!", atribuídos aos hackers russos.

A presidente da FN desejou que reunião desta segunda permita "normalizar as relações com a Rússia" para atender o enorme desafio das relações internacionais e "lutar contra o fundamentalismo islâmico".

"Pode-se imaginar que a conversa será muito franca e direta", pontuou a ministra dos Assuntos Europeus, Marielle de Sarnez. "Donald Trump, o presidente turco (Recep Tayyip Erdogan) e o presidente russo são adeptos de uma lógica de equilíbrio de força, o que não me incomoda", observou o presidente Macron, que prometeu um "diálogo exigente e sem concessões".

Após a eleição de Macron, Putin lançou um apelo para "superar a desconfiança mútua" em uma mensagem de felicitações.

Direitos Humanos

Rompendo com a discrição observada por François Hollande sobre a questão dos direitos Humanos, o Palácio do Eliseu disse que a célula diplomática na presidência havia recebido várias ONGs para discutir a liberdade de associação na Rússia e a situação dos homossexuais na Chechênia.

A este respeito, a Anistia Internacional pediu a Macron que pressione o líder do Kremlin, denunciando a perseguição "com impunidade" de homossexuais na região do Cáucaso "com a bênção da autoridade russa."

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