Encontro

Em Berlim, Macron e Merkel propõem ''reformar'' a UE

Presidente francês defende ''reforma histórica'' na Europa e chancelar diz que Alemanha pode mudar tratados do bloco; eles concordaram em desenvolver um roteiro sobre como aprofundar a integração da União Europeia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
A chanceler alemã Angela Merkel cumprimenta o presidente francês Emmanuel Macron
A chanceler alemã Angela Merkel cumprimenta o presidente francês Emmanuel Macron ( A chanceler alemã, Angela Merkel, recebe o presidente francês, Emmanuel Macron, em Berlim)

BERLIM - Em sua primeira viagem ao exterior como presidente da França, Emmanuel Macron se reuniu ontem em Berlim com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel.

No encontro, os dois líderes indicaram a possibilidade de revisar os tratados da União Europeia para revitalizar o bloco regional –a relação com a UE foi um dos temas predominantes da eleição na França, dividindo o eleitorado.

"Estou feliz por podermos trabalhar juntos em um plano comum para [reformar] a União Europeia e a zona do euro", declarou Macron em entrevista coletiva conjunta. "No passado, o tema das mudanças de tratados era um tabu francês. Esse não será mais o caso."

Para Macron, que tomou posse neste domingo (14) após derrotar nas urnas a candidata eurocética Marine Le Pen, há diversas áreas em que pode haver maior cooperação entre os países da UE, como a política para refugiados e o comércio bilateral.

"Precisamos de mais pragmatismo, menos burocracia e uma Europa que proteja nossos cidadãos", disse o líder francês.

Por sua vez, Merkel afirmou que "do ponto de vista alemão, é possível mudar os tratados se houver necessidade". "Primeiro, devemos trabalhar no que queremos mudar, e caso seja necessário uma mudança de tratado, então estaremos preparados para fezê-lo."

"Cada um de nós representa os interesses de seu próprio país, mas os interesses da Alemanha são naturalmente ligados aos interesses da França", acrescentou a chanceler alemã.

Dívida

Macron também usou o encontro para acalmar a Alemanha, que tinha a preocupação de que o líder francês ressuscitasse a proposta de que a UE emitisse títulos de dívida de modo a assumir a responsabilidade pelas dívidas de países mais fracos da zona do euro.

"Eu nunca defendi [a ideia dos] 'Eurobonds' [títulos de dívida da UE] ou a mutualização de dívidas existentes na zona do euro", afirmou Macron, sem descartar, porém, a possibilidade de usar esse mecanismo em projetos futuros.

Durante as negociações regionais sobre a dívida da Grécia, em 2015, Macron, que na época era ministro da Economia da França, defendeu soluções que evitassem a sobrecarga das finanças do país.

Sua posição, alinhada à do governo grego, acabou derrotada pelos credores europeus e pelo governo alemão, que exigiram da Grécia a aplicação de políticas de austeridade para evitar um eventual calote da dívida externa.

Primeiro-ministro

O prefeito de Le Havre, Edouard Philippe, de 46 anos, foi escolhido pelo presidente Emannuel Macron para o cargo de primeiro-ministro da França, anunciou ontem o Palácio do Eliseu, em Paris. É uma ação sem precedentes na França pós-guerra: a escolha voluntária de um líder de fora do partido do presidente para ocupar o cargo de premiê.

A escolha de Philippe, que é também deputado pelo partido Os Republicanos, foi anunciado por Alexis Kohler, o secretário-geral do presidente.

Considerado de centro-direita, ele é um aliado político próximo de Alain Juppé, ex-primeiro-ministro que concorreu, sem sucesso, na primária presidencial republicana o ano passado e que também é uma figura central da ala centrista do partido.

Ele será uma contrapartida para os parlamentares ex-socialistas que se juntaram à causa de Macron, que é do partido de centro República em Marcha!.

Philippe é a aposta de Macron para dividir a direita e dificultar a eleição de uma grande bancada dos republicanos nas eleições legislativas de junho. Se o plano der certo, outros políticos conservadores podem migrar para o partido de Macron, aumentando as chances de o presidente conquistar a maioria na Assembleia Nacional e ter o caminho facilitado para realizar reformas.

O novo premiê não era uma figura nacionalmente conhecida na França até a semana passada, quando os meios de comunicação começaram a afirmar que ele era um dos principais favoritos para virar primeiro-ministro.

Elite política

Edouard Philippe tem a mesma formação que Macron, como informa a Rádio França Internacional. Com um perfil típico da tradicional elite política francesa, o novo primeiro-ministro é formado em gestão de Serviços Públicos pela Universidade Sciences Po de Paris e diplomado pela Escola Nacional de Administração (ENA), sediada em Estrasburgo (leste). Como Macron, Philippe teve experiências profissionais no setor privado, incluindo um escritório de advocacia americano e no grupo nuclear Areva.

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