Tensão

Rússia veta investigação da ONU sobre ataque químico na Síria

Moscou vetou uma resolução que instalaria uma investigação das Nações Unidas sobre o ataque químico que deixou mais de 80 mortos no nordeste da Síria; Putin afirmou que pioraram as relações entre a Rússia e os EUA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Nikki Haley disse que a Rússia está se isolando da comunidade internacional
Nikki Haley disse que a Rússia está se isolando da comunidade internacional ( Nikki Haley, embaixadora dos EUA na ONU, disse que a Rússia está sew isolando da comunidade internacional)

NOVA YORK - Em uma reunião tensa no Conselho de Segurança da ONU ontem, os EUA afirmaram que a Rússia está "se isolando na comunidade internacional" ao manter o apoio ao ditador sírio, Bashar al-Assad.

Como previsto, Moscou vetou uma resolução que instalaria uma investigação da ONU sobre o ataque químico que deixou mais de 80 mortos no nordeste da Síria na semana passada. Foi o oitavo veto russo a uma resolução contra Assad desde o início da guerra civil síria, em 2011.

"Aos meus colegas da Rússia, vocês estão se isolando da comunidade internacional a cada vez que os aviões de Assad lançam outra bomba de barril em civis e toda vez que Assad tenta matar de fome uma comunidade", disse a embaixadora americana, Nikki Haley.

O representante britânico no conselho, Matthew Rycroft, informou que exames conduzidos no local do ataque indicaram a presença de gás sarin. Rycroft acusou a Rússia "ficar ao lado de um criminoso e assassino bárbaro em vez de seus pares internacionais".

O enviado russo, Vladimir Safronkov, rebateu: "Estou surpreso que essa seja a conclusão. Ninguém visitou até agora o local do crime. Como você sabe isso?". Ele exigiu que o britânico olhasse para ele ao afirmar que não permitiria "que a Rússia fosse insultada".

A reunião do Conselho de Segurança ocorreu em meio a visita do secretário de Estado americano, Rex Tillerson, à Rússia, onde ele se encontrou com o chanceler Sergei Lavrov e o presidente Vladimir Putin.

Relações pioraram

Ontem, Putin afirmou que as relações de seu país com os Estados Unidos pioraram desde que Donald Trump chegou à Casa Branca. "Pode-se dizer que o nível de confiança no nível de trabalho, especialmente em questões militares, não melhorou, e ao invés disso se deteriorou", disse Putin em entrevista à mídia russa.

A declaração de Putin ocorre em meio à visita do secretário de Estado americano, Rex Tillerson, a Moscou, em um momento de elevada tensão bilateral devido a divergências sobre o conflito na Síria. Os atritos também se evidenciaram nesta quarta durante a recepção de Tillerson pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.

"Não esconderei o fato de que temos muitas questões, levando em conta as ideias extremamente ambíguas e às vezes contraditórias que têm sido expressadas por Washington", afirmou Lavrov.

Tillerson manteve um tom mais contido no encontro, dizendo que seu objetivo era "esclarecer os pontos de divergência aguda para entender melhor por que essas diferenças existem e quais são as possíveis perspectivas para diminuí-las".

Além do encontro com Lavrov, o secretário de Estado americano se reuniu com Putin. A reunião de ambos estava havia sido posta xeque devido às tensões bilaterais entre Moscou e Washington.

Bombardeios

Na semana passada, Trump ordenou bombardeios contra a base aérea de Al Shayrat, na Síria, de onde supostamente teriam saído os aviões que conduziram um ataque químico que matou mais de 80 pessoas no nordeste do país. Foi a primeira vez que os EUA atacaram alvos do regime do ditador Bashar al-Assad desde o início da guerra civil no país, há mais de seis anos.

Os EUA acusaram o regime sírio de ter conduzido os ataques químicos e disseram que a Rússia, principal aliada de Assad, trabalha para encobrir as violações. Enquanto isso, a Rússia responsabilizou grupos rebeldes pelo uso de armas químicas e criticou duramente os bombardeios americanos.

Após a decisão de Trump de atacar a Síria, o governo russo aumentou seus mecanismos de defesa aérea no país e reduziu os canais de comunicação estratégica com as Forças Armadas americanas.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.