Polícia Federal

Operação Turing: Justiça mantém preso apenas ex-auxiliar do governo

Ex-adjunto da Secretaria de Administração Penitenciária, Danilo dos Santos saiu da investigação como chefe de um esquema na licitação de cerca de R$ 37 milhões

Marco Aurélio D''Eça - Editor de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Danilo Santos continua preso na Polícia Federal.
Danilo Santos continua preso na Polícia Federal. (Danilo)

SÃO LUÍS - O ex-secretário adjunto de logística e inovação da Secretaria de Administração Penitenciária do governo Flávio Dino (PCdoB), Danilo dos Santos Silva, é o único dos quatro envolvidos presos na operação Turing, da Polícia Federal, a ser mantido em prisão temporária por decisão do juiz da 2ª Vara Federal do Maranhão, Magno Linhares. Ele deve ficar preso até domingo, caso o juiz não decida prorrogar a temporária por mais cinco dias.

Criada para investigar suposto envolvimento de servidores da Polícia Federal e blogueiros com vazamentos de inquéritos sigilosos na PF, a Operação Turing acabou descobrindo que Danilo dos Santos comandava um provável esquema para favorecer empresários com obras na Seap, que movimento, só em 2016 algo em torno de R$ 37.676.984,56.

No relatório policial encaminhado à Justiça, Danilo aparece como alvo de interceptação telefônica, em conversas suspeitas com funcionários da Seap e proprietários de empresas que prestam serviços ao Governo, “denotando possível prática de outros ilícitos, tais como fraude em licitações e desvios de verbas públicas, inclusive de origem federal, oriundas do BNDES e de convênio com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen)”.

O ex-funcionário do governo Flávio Dino foi exonerado do cargo no dia 10 de março, apenas três dias antes de o juiz Magno Linhares decretar sua prisão temporária. Além dele, são citadas no esquema de licitações da Seap as empresas VTI Serviços e Projetos de Modernização e Gestão Corporativa Ldta; Vitral Construções e Incorporação Nossa Senhora e Fátima Ltda; Monte Líbano Engenharia Ltda e Brasfort Construções e Serviços Ltda.

Em nota divulgada no dia da operação, a Secretaria de Administração Penitenciária informou que a exoneração de Danilo foi feita a pedido do próprio servidor, embora no documento publicado no Diário Oficial do Estado não conste nenhum inscrição “a pedido”, como é praxe em casos desse tipo.

“Os outros suspeitos já não exercem funções na secretaria, dentre eles o ex-secretário adjunto Danilo dos Santos Silva, que pediu afastamento do cargo no dia 9 de março por decisão pessoal”, disse a nota da Seap.

Além de Danilo dos Santos, outras três pessoas tiveram a prisão preventiva decretada e revogada no mesmo dia, logo após os depoimentos, por que, na visão dos delegados que apuram o caso, não havia mais necessidade de mantê-los sob custódia.

Mais

Algumas coincidências marcam a exoneração de Danilo dos Santos Silva e a decretação de sua prisão pela Justiça Federal. Ele foi exonerado no dia 10 de março, conforme extrato do Diário Oficial do Estado. E a prisão foi decretada no dia 13 de março, apenas três dias depois. Nem o Governo nem a Polícia Federal, no entanto, souberam explicar se houve vazamento de informações para precipitar a demissão do auxiliar de Flávio Dino antes do estouro da operação.

Secretário transferiu servidora

que o alertou sobre corrupção

O secretário de Estado de Administração Penitenciária, Murilo Andrade, foi avisado sobre a nomeação para alto cargo na pasta de um indivíduo com histórico de corrupção no interior do estado. A decisão de Andrade, importado de Minas Gerais pelo governador Flávio Dino (PCdoB), foi a de transferir a servidora.

A informação é do blog de Daniel Matos.

O individuo é ninguém menos que Cesário Ferreira Brandão Júnior, nomeado em agosto de 2015 para o cargo de pregoeiro oficial da pasta. Um ano e meio depois, ele é um dos investigados na operação Turing, que levou para cadeia o adjunto da pasta, Danilo dos Santos Silva.

De acordo com o blog de Daniel Matos, Cesário Brandão responde a várias ações civis públicas ajuizadas pelo Ministério Público do Maranhão por causa de sua suposta má conduta no exercício do cargo de leiloeiro oficial da Prefeitura de Brejo. Os processos datam de 2015, mesmo ano em que o suspeito foi nomeado presidir a Comissão Setorial de Licitação da Seap.

Na Operação Turing, ele aparece como membro da “Organização Criminosa comanda pelo servidor Danilo dos Santos Silva”, como revelou a Polícia Federal.

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