Pornochanchadas

Filme aborda Ditadura Militar no Brasil a partir do cinema nacional

“Histórias que nosso cinema (não) contava”, de Fernanda Pessoa, foi exibido no Thessaloniki Documentary Festival, na Grécia e segue para Cinélatino 29e Rencontres de Toulouse, na França

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Cena do documentário “Histórias que nosso cinema (não) contava”
Cena do documentário “Histórias que nosso cinema (não) contava” (Histórias que nosso cinema (não) contava)

Depois de estrear no Brasil em janeiro, no Festival de Cinema de Tiradentes, “Histórias que nosso cinema (não) contava”, filme de estreia de Fernanda Pessoa, realiza uma revisão da história da ditadura militar no Brasil (1964 – 1985), com ênfase nos anos 1970, através de recortes de imagens e sons das pornochanchadas, gênero mais visto e mais produzido durante aquele período no país. A pornochanchada é um gênero muito diverso, tendo em comum somente a atmosfera erótica e o apelo popular.

A produção teve uma première internacional no Thessaloniki Documentary Festival, na Grécia. Agora, segue para Cinélatino 29e Rencontres de Toulouse, onde participará, dia 20 deste mês, da competição oficial de documentário.

Com caráter experimental, mas com uma clara cronologia narrativa – começando com o Golpe de 1964 e terminando com a perspectiva de uma abertura democrática no final dos anos 1970 – o documentário discute assuntos desse período que raramente são abordados, como o rápido crescimento econômico do país aliado a todos os tipos de desigualdades e a televisão como unificadora da identidade nacional do Brasil.

“O que me motivou não foi ver algo nunca visto antes, mas foi achar o novo no que todo mundo viu, mas não notou: traços de história num corpo incomum de trabalho que faz parte da memória coletiva brasileira, mas uma esquecida e latente memória. Isso é o que eu pretendia ao colocar uma luz em um lado sem precedentes do gênero da pornochanchada. Para o público brasileiro, é um filme sobre cinema e a história que não devemos esquecer. Para o público internacional, uma versão invisível da história brasileira e uma parte de nós que não sabemos como lidar”, disse a diretora.

Sobre a diretora

Fernanda Pessoa é cineasta e artista visual. Formada em cinema pela FAAP (2010) e mestre em Cinema e Audiovisual pela Université Sorbonne Nouvelle (2013), sob a direção de Philippe Dubois. “Histórias que nosso cinema (não) contava” é seu primeiro longa-metragem.

Desde 2011 desenvolve um trabalho de interação entre cinema e artes visuais, com foco na pesquisa do cinema em super 8mm e 16mm e na utilização de found footage. Dirigiu cinco curtas-metragens, exibidos em festivais nacionais e internacionais. Em 2014 foi selecionada no edital de Artes Visuais do 18o Cultura Inglesa Festival, com o projeto Estações, uma instalação fílmica com quatro projetores 16mm. Em 2016, realizou no MIS-SP a videoinstalação Prazeres Proibidos, sobre a censura aos filmes de pornochanchada durante o regime militar.

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