Investigação

Trump defende secretário que manteve contato com a Rússia

Presidente dos EUA disse ter confiança em Jeff Sesssions, que é alvo de críticas; membros do Partido Republicano pediram que ele se afaste das investigações sobre o envolvimento entre a equipe de campanha de Trump e as autoridades de Moscou

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, faz juramento em sabatina do Senado em 10 de janeiro
O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, faz juramento em sabatina do Senado em 10 de janeiro ( O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, faz juramento em sabatina do Senado em 10 de janeiro)

WASHINGTON - Em meio às crescentes pressões sobre o secretário de Justiça dos Estados Unidos, Jeff Sessions, por contatos dele com a Rússia, o presidente Donald Trump disse ontem ter "total confiança" em seu subordinado e disse não haver necessidade de que ele se afaste de investigações sobre o tema.

Trump também disse que não sabia sobre os encontros de Sessions com autoridades russas. Os comentários foram feitos a jornalistas enquanto o presidente se preparava para um discurso em uma base da Marinha no Estado da Virgínia.

Mais cedo, figuras proeminentes do Partido Republicano pediram que Sessions se afaste das investigações do Departamento de Justiça sobre o envolvimento entre a equipe de campanha de Trump e as autoridades de Moscou. Desde a véspera, membros do Partido Democrata vêm pedindo a renúncia do secretário de Justiça.

O Departamento de Justiça apontou quarta-feira,1º, que Sessions se encontrou duas vezes com o embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak, durante a campanha eleitoral do ano passado. Na época, Sessions exercia mandato de senador pelo Estado do Alabama.

A revelação contradiz declarações feitas por Sessions durante a sabatina no Senado sobre a aprovação de seu nome para integrar o gabinete do presidente Donald Trump. Na ocasião, ele disse que não havia se comunicado com autoridades russas durante a campanha.

Sessions diz que as acusações contra ele são "falsas" e, em entrevista nesta quinta à emissora NBC, afirmou que se afastaria de investigações "caso seja adequado". Na véspera, ele havia dito que seus encontros com autoridades russas não envolveram "assuntos da campanha eleitoral".

O deputado republicano Kevin McCarthy, líder da maioria na Câmara, disse nesta quinta à emissora MSNBC que o Sessions deve "esclarecer" suas declarações e se afastar de investigações do departamento de Justiça sobre temas relacionados à Rússia.

"Eu penso –[em nome da] confiança do povo americano– que você deve se afastar dessas situações", disse McCarthy. "Para que qualquer investigação prossiga, você quer que todos confiem na investigação." Mais tarde, McCarthy recuou, dizendo ao canal Fox que "não havia sugerido que ele [Sessions] se afastasse".

Já o deputado republicano Jason Chaffetz, chefe da Comissão de Fiscalização da Câmara, disse no Twitter que "o secretário Sessions deve esclarecer seu depoimento [dado ao Senado] e se afastar [das investigações]".

Investigações

O presidente da Câmara, o republicano Paul Ryan, disse que Sessions deveria se afastar de quaisquer investigações sobre contatos com a Rússia apenas no caso de ele próprio vir a ser alvo de inquéritos. Ryan disse, porém, que o Congresso "não foi apresentado a nenhuma evidência de que alguém na [equipe de] campanha de Trump ou que qualquer americano tenha conspirado com os russos".

O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, saiu em defesa do secretário de Justiça, dizendo que ele atuou de maneira "100% correta".

O governo russo classificou de "vergonhosas" as acusações de conluio entre autoridades do país e a equipe de Trump.

A líder democrata na Câmara, Nanci Pelosi, disse nesta quinta que Sessions "mentiu sob juramento" e reiterou pedidos por sua renúncia. Na véspera, ela disse que o republicano "não é adequado para exercer o principal cargo de cumprimento de lei do nosso país" e pediu a instalação de uma "comissão externa, independente e bipartidária para investigar as conexões políticas, pessoais e financeiras de Trump com os russos".

A pasta que Sessions dirige é a responsável por administrar o FBI (a polícia federal dos EUA), que conduz a investigação sobre o elo da equipe eleitoral de Trump com Moscou.

Sessions não é o primeiro membro do alto escalão do governo Trump a se ver em polêmicas envolvendo a Rússia.

Há duas semanas, o general Michael Flynn renunciou ao cargo de conselheiro de Segurança Nacional após a revelação de que ele havia conversado com o embaixador Kislyak em dezembro –antes da posse de Trump, ocorrida em 20 de janeiro– sobre sanções aplicadas contra o país pela administração Barack Obama. Já o secretário de Estado, Rex Tillerson, tinha relações com autoridades e empresários do país enquanto chefiava a petroleira ExxonMobil.

Trump chegou à Casa Branca com promessa de reorientar a política externa dos Estados Unidos no sentido de aproximar-se de Moscou, após o período de maior tensão bilateral desde a Guerra Fria.

No ano passado, os serviços de inteligência americanos concluíram que o Kremlin interferiu na eleição presidencial em benefício de Trump, por meio de ciberataques contra alvos do Partido democrata.

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