Caça a Noz

Vigilância Sanitária fiscaliza para coibir venda de Noz da Índia

Produto não tem regulamentação na Anvisa e, por isso, não deveria estar sendo comercializado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Fiscal da Vigilância Sanitária verifica produto Cura Tudo em loja
Fiscal da Vigilância Sanitária verifica produto Cura Tudo em loja (Noz)

SÃO LUÍS - Após a morte de uma funcionária pública depois de utilizar por dois meses o produto Noz da Índia para o emagrecimento, a Superintendência Estadual de Vigilância Sanitária (Suvisa) iniciou uma operação em estabelecimentos de São Luís para coibir a venda do produto. O emagrecedor não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, por essa razão, não deveria estar sendo comercializado, uma vez que a sua eficácia no emagrecimento não foi comprovada cientificamente.

Ontem, os fiscais da vigilância estiveram em uma loja de produtos naturais localizada na Avenida Daniel de La Touche, na Cohama, para verificar se a noz-da-índia estava sendo comercializada no estabelecimento. No fim da inspeção, não foi constatada a presença do emagrecedor, mas outras irregularidades foram encontradas.

Uma delas diz respeito à venda de produtos que prometem ações terapêuticas, mas que também não têm registro na Anvisa. Um desses medicamentos, intitulado “Cura Tudo”, prometia tratamentos contra gastrite, úlcera, diabetes, entre outros problemas.

“Esses produtos serão recolhidos e o dono notificado para que ele apresente a sua defesa”, disse Edmilson Diniz, superintendente da Vigilância Sanitária. “Também vamos entrar em contato com os fabricantes descritos nos rótulos, para saber se eles têm autorização na Anvisa para comercializar esses produtos”, complementou.

Reforço
Além disso, as equipes de fiscais reforçarão, ao longo dos próximos dias, as fiscalizações em farmácias e outros estabelecimentos comerciais para coibir não apenas a venda da noz-da-índia, mas de outros produtos sem regulamentação. Na capital maranhense, as ações serão feitas em parceria com a Vigilância Sanitária Municipal e já foram mapeados alguns locais onde serão realizadas as atividades.

“Esse produto [Noz da Índia] não tem registro na Anvisa e tem sido usado como substância para emagrecer. Geralmente, ele não é recomendado por profissionais e sim vendido por pessoas leigas em comércio não regularizadas. Nós já lançamos uma nota determinado o recolhimento imediato do produto”, disse Marcelo Rosa, que é secretário adjunto de Atenção Primária e Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES).

Ele afirmou ainda que há vários casos em que o produto é comercializado por telefone ou internet e o fornecedor faz a entrega diretamente na casa do comprador. “Recomendamos à população que não utilize, pois, se não tiver quem compre, não há quem venda”, destacou.

Ela pontuou ainda que já foram recebidas diversas outras reclamações junto à ouvidoria do SUS e da Vigilância Sanitária de pessoas que ingeriam a noz-da-índia e, pouco tempo depois, apresentaram problemas de saúde.

Morte
A funcionária pública Rachel Cristina Ferreira Araújo faleceu na noite de quinta-feira, dia 12. Os exames teriam apontado altos índices de comprometimento no pâncreas e no fígado de Rachel. A causa da morte no atestado de óbito foi choque hipovolêmico, hemorragia digestiva, infarto mesentérico, hipertensão arterial, esteatose hepática e congestão passiva do fígado.

A família soube que Rachel utilizava semente noz-da-índia, às vésperas da morte, quando ela já estava internada na área vermelha, para pacientes graves da UPA. Na ocasião, a cunhada teria ouvido de funcionários da UPA que outras pessoas já haviam sido internadas ali por causa do uso da semente.

SAIBA MAIS

Uma operação desenvolvida pela Vigilância Sanitária Municipal já visitou 50 estabelecimentos e autuou os quatro locais onde a noz da Índia foi encontrada. O produto foi apreendido pelos fiscais e estabelecimento que for autuado pela Vigilância tem 15 dias para apresentar defesa, de acordo com a Lei Federal 6437/1977 - que versa sobre infrações sanitárias. Durante as vistorias, a Coordenação de Vigilância Sanitária identificou e apreendeu outros produtos que estão sendo vendidos de forma irregular, com prescrição indevida, como Cerveja Preta, Cura Tudo e Extrato de Raiz Gotas do Zeca que são prescritos como medicinais, sem comprovação de eficácia nem registro no Ministério da Saúde.

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