POLÊMICA

Revendedores de Noz da Índia defendem uso do produto no MA, mas retiram do mercado

Semente com proposta de emagrecimento que teria sido responsável pela a morte da funcionária pública Rachel Cristina Ferreira Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Semente é usada para emagrecimento
Semente é usada para emagrecimento

SÃO LUÍS - Mesmo após polêmica envolvendo o uso da Noz da Índia - semente com proposta de emagrecimento que teria sido responsável pela a morte da funcionária pública Rachel Cristina Ferreira Araújo -, os revendedores do produto continuam defendendo o seu consumo. A Vigilância Sanitária Municipal recolheu ontem, de feiras, lojas de produtos naturais e farmácias o artigo.

Sem se identificar, equipe de OEstadoMA.com entrou em contato com revendedores que divulgam o produto via internet, em São Luís. Nenhum deles topou vender a semente, alegando que estava "indisponível". Ao serem questionados sobre os perigos do uso do produto e citando o caso da morte da funcionária pública, todos defenderam a sua comercialização.

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"A moça que infelizmente veio a óbito morreu por ter problemas hepáticos e pressão alta. Além disso, ela não consumia só Noz da Índia. Ela também usava ibisco e carque verde. Temos vários relatos de pessoas que tomaram, emagreceram e não tiveram problema nenhum", alegou uma das revendedoras, que enviou, via WhatsApp, depoimentos de clientes que teriam obtido sucesso no consumo da semente.

Revendedora diz que produto está indisponível
Revendedora diz que produto está indisponível

Outras revendedora afirmou que quem se sente mal após o uso da Noz da Índia não usou corretamente ou comprou um produto falsificado. "O que acontece é que muita gente compra em qualquer lugar e acaba comprando noz falsificada. Tem gente que vende chapéu-de-napoleão como se fosse noz. O chapéu sim é bastante prejudicial, mas a noz não. Sem falar que tem gente que compra e usa mais do que a quantidade recomendada. Não se passa mal se usar direito e comprar a verdadeira", alegou.

Entenda o caso

Rachel Araújo faleceu na noite de quinta-feira, dia 12, após ter apresentado pelo menos cinco episódios de diarreia com fezes líquidas, sem sangue, ao mesmo tempo em que tinha vômitos e dores abdominais. A cunhada de Rachel, a médica pediatra Marizélia Ribeiro, pensou a princípio que se tratasse de um episódio infeccioso.

A situação, no entanto, evoluiu para uma hemorragia digestiva e terminou no óbito da paciente. Os exames solicitados durante esse tempo teriam apontado altos índices de comprometimento no pâncreas e no fígado de Rachel. O atestado de óbito mostrou a causa da morte como choque hipovolêmico, hemorragia digestiva, infarto mesentérico, hipertensão arterial, esteatose hepática e congestão passiva do fígado.

A família soube que Rachel utilizava a noz-da-índia, às vésperas da morte, quando ela já estava internada na área vermelha, para pacientes graves da UPA. Na ocasião, a cunhada teria ouvido de funcionários da UPA que outras pessoas já haviam sido internadas ali por causa do uso da semente.

Ed Wilson Araújo, irmão de Rachel, e sua esposa Marizélia Ribeiro, já protocolaram nas vigilâncias sanitárias municipais e estaduais solicitações para uma investigação mais aprofundada sobre os reais efeitos da noz-da-índia, tanto no que se diz respeito aos seus efeitos benéfico, quanto aos possíveis malefícios. A princípio, tanto a Secretaria de Estado de Saúde (SES) quanto Secretaria Municipal de Saúde (Semus) emitirão uma nota técnica sobre o produto e proceder com o recolhimento do mesmo das prateleiras, até que haja um estudo mais completo sobre o caso.

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