ONU

Conselho de Segurança da ONU exige que Israel pare de construir colônias

Estados Unidos, aliados de Israel, se abstiveram e não usaram poder de veto. Texto diz que colônias "colocam em risco a viabilidade da solução de dois estados"

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42
Conselho de Segurança da ONU se reuniu na sexta-feira
Conselho de Segurança da ONU se reuniu na sexta-feira (Conselho de Segurança da ONU aprova na sexta-feira,23, resolução contra colônias israelenses)

Nova York - O Conselho de Segurança da ONU aprovou na sexta-feira,23, uma resolução que exige que Israel pare de construir colônias em territórios palestinos. O projeto de resolução exige que "Israel cesse completa e imediatamente todas as atividades dos assentamentos nos territórios palestinos ocupados, incluindo Jerusalém oriental".

A resolução foi apresentada nesta sexta para o Conselho por Nova Zelândia, Malásia, Venezuela e Senegal, um dia depois que o Egito recuou por pressão de Israel e do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

O texto foi aprovado por 14 votos a favor. Os EUA, aliados de Israel e que vetaram uma resolução similar em 2011, se abstiveram. O Conselho de Segurança conta com 15 membros, sendo cinco permanentes com direito a veto: Estados Unidos, China, França, Grã-Bretanha e Rússia.

O texto afirma que os assentamentos "colocam em risco a viabilidade da solução de dois Estados", que preconiza a criação de um estado palestino independente coexistindo com Israel.

O documento também exorta Israel a dar "passos imediatos" para reverter a situação no terreno, assim como para prevenir atos de violência contra civis, mas não se dirige de forma específica aos palestinos para deter sua instigação, como exige Israel.

De acordo com a France Presse, cerca de 430 mil israelenses vivem atualmente na Cisjordânia e outros 200 mil em Jerusalém Oriental, que para os palestinos deve ser a capital de seu futuro país.

Esforços de paz

Esta é a primeira resolução que o Conselho de Segurança adota sobre temas relacionados ao conflito entre israelenses e palestinos em cerca de 80 anos, segundo a Reuters.

A ONU estima que as colônias são um obstáculo para os esforços de paz entre palestinos e israelenses, pois ocorrem em terras que os palestinos consideram parte de seu futuro estado.

As Nações Unidas exortaram Israel diversas vezes a acabar com a colonização, mas tem constatado o ressurgimento da construção de casas nos territórios palestinos nos últimos meses.

Reações

O governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou em comunicado que rejeita a resolução. "Israel rejeita esta resolução vergonhosa anti-Israel na ONU e não vai respeitar seus termos", diz comunicado do gabinete.

O ministro israelense de Energia, Yuval Steinitz, disse que os EUA abandonaram Israel ao se absterem de votar. "Esta não é uma resolução contra assentamentos, é uma resolução anti-Israel, contra o povo judeu e o Estado dos judeus. Os Estados Unidos hoje simplesmente abandonaram seu único amigo no Oriente Médio", afirmou Steinitz, que é próximo ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, à emissora Channel Two News.

O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, reconheceu que seu governo esperava que os EUA vetassem "esta vergonhosa resolução". "Não tenho dúvidas de que a nova administração americana e o próximo secretário-geral da ONU (Antonio Guterres) acertarão o passo em direção a uma nova era na relação da ONU com Israel", declarou.

Nabil Abu Rudeina, porta-voz da presidência palestina, disse que a resolução é um “golpe” para Israel. “Trata-se de uma condenação internacional unânime da colonização e um claro apoio a uma solução de dois Estados”, disse após a votação em Nova York.

O negociador-chefe palestino Saeb Erekat disse à Reuters que este é um "dia de vitória": "Este é um dia de vitória para o direito internacional, uma vitória para a linguagem civilizada e negociação e uma rejeição total das forças extremistas em Israel", afirmou.

"A comunidade internacional disse ao povo de Israel que o caminho para segurança e paz não será feito pela ocupação... mas sim pela paz, encerrando a ocupação e estabelecendo um Estado palestino para viver lado a lado com o Estado de Israel na linha de 1967", disse Erekat.

Mudanças com Trump

O presidente eleito nos Estados Unidos, que defendeu nesta semana que os EUA vetassem a resolução, disse pelo Twitter, após a aprovação, que "em relação à ONU, as coisas serão diferentes após 20 de janeiro", data de sua posse.

A Casa Branca defendeu a decisão de o país se abster na votação, afirmando que a expansão dos assentamentos coloca em risco a solução de dois Estados. "Nós não poderíamos vetar com consciência uma resolução que expressou preocupações sobre as tendências que estão erodindo a fundação para a solução de dois Estados", disse Ben Rhodes, conselheiro adjunto de Segurança Nacional de Obama.

Samantha Power, embaixadora dos EUA na ONU, disse que a construção das colônias “compromete seriamente a segurança de Israel”. "Os Estados Unidos têm enviado uma mensagem de que os assentamentos precisam parar, em particular e em público, por quase cinco décadas", ela disse ao conselho após a votação.

"Não se pode simultaneamente apoiar a expansão dos assentamentos de Israel e uma solução viável de dois Estados que encerraria o conflito. É preciso fazer uma escolha entre os assentamentos e a separação", ela disse.

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