Um dos mais prestigiados autores da literatura brasileira no segmento infantojuvenil, o escritor Pedro Bandeira estará neste sábado, 26, às 10h, na Livraria Moderna (Cohama) para lançar novas edições de oito livros de sua autoria.
Serão relançados os livros “Alice no País da Mentira”, “Brincadeira Mortal”, “Gente de estimação”, “O Grande desafio”, “Descanse em paz meu amor...”, “Prova de Fogo”, “Maria Menina e Mulher” e “Histórias Apaixonadas”. Na ocasião, o autor vai conversar com os leitores e contar novidades da carreira. As obras, publicadas há mais de 20 anos, ganharam edições inéditas pela Editora Moderna e trazem novidades como textos totalmente revistos pelo autor e novo conceito visual com novas capas e projetos gráficos diferenciados. Nessas obras, é possível encontrar enredos variados repletos de suspense, mistério, amor e emoção que prometem levar o leitor para mais que uma simples leitura: uma nova experiência.
Nascido em Santos, em 1942, Pedro Bandeira trabalhou em teatro profissional como ator, diretor e cenógrafo. Foi redator, editor e ator de comerciais de televisão. A partir de 1983 tornou-se exclusivamente escritor. Sua obra, direcionada a crianças e jovens, tem ganhado diversos prêmios, como Jabuti, APCA, Adolfo Aizen e Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Já vendeu mais de 20 milhões de exemplares de seus livros. Atualmente, é autor exclusivo da Editora Moderna.
Nesta entrevista a O Estado, o escritor fala sobre literatura, relação com os leitores e sobre inspiração.
O senhor está relançando grandes clássicos da literatura infantojuvenil e que marcaram gerações. O senhor acha que a forma das crianças e adolescentes de hoje em se relacionar com os livros mudou?
Publico livros para crianças e adolescentes há quase 40 anos. O que posso dizer é que alguns dos primeiros que publiquei, como “A droga da obediência”, “A marca de uma lágrima” e “O fantástico mistério de Feiurinha” fazem grande sucesso até hoje, como se eu os tivesse lançando novamente a cada ano que se inicia. Meus leitores atuais, que têm 10 anos, recebem estes livros das mãos de professoras que têm 50 anos, de mães e pais que têm 30 e essas três gerações leram, leem e curtem esses livros com grande prazer! Isso só pode significar que os tempos podem ter mudado, mas não as pessoas. Meus livros, como todos os clássicos, não tratam do tempo de hoje; falam dos sentimentos humanos, tratam do amor, do ciúme, da inveja, da alegria, do medo, da esperança, da justiça, da amizade, da confiança. E nada disso depende da invenção do computador, da Internet, do Facebook, do Google, do videogame ou do telefone celular. Meus livros tratam de gente. E gente é eterno. Quando eu escrevi estes livros, quando eu os escrevo atualmente e quando eu continuarei a escrever, sempre estarei inspirado pelo amor que tenho pelas gentes. E meus leitores sabem disso.
Os livros trazem novidades gráficas e também textos revistos pelo senhor. Em suas obras, os temas são comuns às descobertas de crianças e adolescentes, temas que acontecem em qualquer geração. Houve alguma necessidade de mudanças nos textos?
Foram leves demais, porque, como eu disse acima, as pessoas são sempre as mesmas, os sentimentos delas são sempre os mesmos. Revisitações de textos significam uma varredura da sala, uma tirada de pó dos móveis. O que fiz foi rearrumar a sala e os móveis usando as novas vassouras e os novos espanadores que fui aprendendo com a experiência de décadas. Quem tiver uma edição antiga e for compará-la a essas novas apenas ficará impressionado com a beleza da produção dos livros, com sua modernidade gráfica e artística. Só um especialista notará detalhes das arrumações de textos e estruturas.
Seus livros falam de descobertas da adolescência e, em algumas vezes, já foram alvo de polêmicas com pedidos de pais de alunos para que sejam retirados da leitura obrigatória por mostrarem descobertas comuns da adolescência. Hoje, na época que a velocidade de informações está bastante acelerada, por que, na sua opinião, que as descobertas em relação ao corpo ainda causam tanta polêmica?
Isso é bastante raro. Em quase 40 anos como autor, houve apenas uma ou outra dessas censuras. Meus textos são extremamente sérios quanto à adequação da psicologia de cada idade à qual cada livro meu é indicado, isso todas as professoras sabem. Mas (felizmente!), as pessoas não são iguais, nem todas pensam do mesmo jeito. Há famílias mais conservadoras que as outras e assim, não só em relação aos meus livros quanto aos livros de todos os meus colegas, de vez em quando aparecem reclamações. Por exemplo, no caso dos menores, quando eu e outros autores usamos o folclore, ouvimos reclamações quando incluímos o Saci ou alguma bruxa em nossas histórias, devido a certas posturas religiosas. Não se pode agradar a todo mundo... Conhecem a fábula do Esopo em que um velho vai com um menino vender seu burro na feira e cada pessoa que aparece os critica porque estão andando a pé e não montados no burro, ou porque só o homem monta no burro e explora o menino que vai a pé, ou porque o menino está montado no burro enquanto o velho o segue a pé, ou porque os dois montam o burro, exaurindo o pobre animal? Diferenças de opinião existem há séculos! Felizmente eu sou um dos que menos sofrem reclamações. Mas estou certo de que mesmo os reclamantes sabem que eu amo os filhos deles, que eu dedico a minha vida a ajudar as professoras a educá-los e a construir sua segurança psicológica.
Além do relançamento desses livros, há ainda para esse ano títulos inéditos?
Sim, estão para sair algumas novidades muito divertidas, mas desta vez eu andei pensando nos menores, nos alfabetizandos. Eu só escrevo para meus netinhos desde a pré-escola até o fim do fundamental. Para todos os meus milhões de netinhos!
No bate-papo em São Luís, o que o público que é fã de sua obra pode esperar?
Eles sabem que de mim só podem esperar carinho, muito carinho, muito amor. Aos quase 75 anos, minha maior alegria é poder abraçá-los, ouvi-los, senti-los ao meu lado. E sempre me emociono como se fosse a primeira vez. Eles são o meu oxigênio.
Meus livros, como todos os clássicos, não tratam do tempo de hoje; falam dos sentimentos humanos, tratam do amor, do ciúme, da inveja, da alegria, do medo, da esperança, da justiça, da amizade, da confiança"Pedro Bandeira, escritor
Serviço
O quê: Lançamento de livros e bate-papo com o escritor Pedro Bandeira
Quando: Neste sábado, às 10h
Onde: Livraria Moderna (Cohama)
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