Escolas ocupadas

Alunos do Cintra ficam sem aula por causa de ocupação

Na madrugada de ontem, um grupo de cerca de 35 membros da União dos Estudantes Secundaristas do Maranhão (Uesma) ocuparam a escola e trocaram cadeados, impedindo entrada de estudantes

Atualizada em 11/10/2022 às 12h43
Estudantes do Cintra não puderam entrar na escola na manhã de ontem e houve princípio de tumulto
Estudantes do Cintra não puderam entrar na escola na manhã de ontem e houve princípio de tumulto (Estudantes)

Mais de mil instituições de ensino estão ocupadas em todo o país, segundo levantamento da União Nacional dos Estudantes (Une). A ocupação foi a forma de protesto eleita pelos estudantes que são contrários à reforma do ensino médio e à PEC 241. Em São Luís, as ocupações estão ocorrendo no Centro Integrado do Rio Anil (Cintra), nos campus da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Instituto Federal do Maranhão (IFMA). Entretanto, ontem, houve confusão entre os ocupantes e demais alunos do Cintra que foram impedidos de entrar na escola para assistirem aulas. A Polícia Militar (PM) foi chamada para conter os ânimos. Hoje, representantes das ocupações, das instituições de ensino e da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) se reúnem na sede da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Maranhão (OAB/MA) para discuti o movimento.

Na madrugada de terça-feira, 8, um grupo de cerca de 35 membros da União dos Estudantes Secundaristas do Maranhão (Uesma) ocupou o Cintra, escola da rede estadual localizada no Anil. De acordo com o presidente da entidade, Brendo Costa, durante a ocupação os cadeados dos portões da escola foram substituídos. “Nós trocamos os cadeados da escola por cadeados nossos durante a ocupação e não houve resistência dos vigilantes que estavam de serviço”, informou Brendo Costa.

Surpreendidos
A ocupação pegou de surpresa funcionários e estudantes da escola, que ao chegarem ao local no início da manhã e não puderam entrar no prédio. Os estudantes contrários à ocupação e os ocupantes entraram em conflito e começaram a discutir. De dentro da escola, os representantes da Uesma explicavam o motivo do movimento. “A PEC 241 propõe o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e o setor da educação será atingido. Se nós não lutarmos agora contra isso, no futuro teremos um sistema de ensino ainda mais precário que o atual”, argumentou Brendo Costa.

Não quero passar as férias de janeiro de 2017 estudando por causa do protesto. Quero entrar para assistir aula e fazer minhas provas e trabalhos”Aline Gonçalves Dutra, estudante do 1º ano

Para os estudantes contrários ao movimento, a ocupação da escola prejudicará o andamento do calendário escolar 2016. “Não quero passar as férias de janeiro de 2017 estudando por causa do protesto. Quero entrar para assistir aula e fazer minhas provas e trabalhos”, afirmou Aline Gonçalves Dutra, estudante do 1º ano.

Pais de alunos também foram até a escola manifestar sua revolta contra a ocupação. “Eu acho que eles deveriam protestar sem prejudicar os estudantes que querem estudar. Eu moro em Paço do Lumiar e faço muito sacrifício para que meu filho possa vir todos os dias para escola. Não sou contra o protesto, mas acho errado como está sendo feito”, disse.

Mediação
O diretor geral da escola, Márcio José Gonçalves, informou que tentou mediar o impasse, pois ele era prejudicial à escola. “Eu acredito que o conteúdo, motivo do protesto, está correto, mas a forma está errada. Propusemos que fossem feitas atividades para debater a reforma do ensino médio e a PEC 241 no contra turno das aulas, mas a proposta foi rejeitada. Hoje, fomos surpreendidos pela ocupação ocorrida na madrugada”, comentou.

A PM foi chamada para controlar os ânimos e três viaturas ficaram de prontidão na porta da unidade de ensino. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, Rafael Silva, esteve presente no local e tentou contornar a situação. “O mais importante é garantir a integridade de todos os estudantes, sejam eles contrários ou não à ocupação e evitar quaisquer atos de violência”, destacou.

Rafael Silva informou que hoje, às 14h, na sede da OAB, na Avenida Carlos Cunha, Calhau, haverá uma reunião com representantes das ocupações e das instituições de ensino ocupadas e a Seduc para debater o movimento na capital.

SAIBA MAIS

Reforma do Ensino Médio
O Ministério da Educação anunciou em setembro uma série de mudanças no ensino médio brasileiro que devem, efetivamente, começar a entrar em funcionamento no país a partir de 2018. As principais alterações são a flexibilização do currículo escolar, a ampliação da carga horária dos alunos para até 1.400 horas anuais (hoje são 800 horas), a possibilidade de inserir o ensino técnico já no ensino médio e o aproveitamento dos conteúdos aprendidos nesta fase da educação quando os estudantes ingressarem na universidade. As mudanças chegam por meio de uma medida provisória, sem um debate prévio com o Congresso Nacional ou com a sociedade, por isso, os protestos.
PEC 241
A PEC, a iniciativa para modificar a Constituição proposta pelo Governo, tem como objetivo frear a trajetória de crescimento dos gastos públicos e tenta equilibrar as contas públicas. A ideia é fixar por até 20 anos, podendo ser revisado depois dos primeiros dez anos, um limite para as despesas: será o gasto realizado no ano anterior corrigido pela inflação (na prática, em termos reais - na comparação do que o dinheiro é capaz de comprar em dado momento - fica praticamente congelado). Se entrar em vigor em 2017, portanto, o Orçamento disponível para gastos será o mesmo de 2016, acrescido da inflação daquele ano. A medida irá valer para os três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. Pela proposta atual, os limites em saúde e educação só começarão a valer em 2018. A PEC já foi aprovada nas duas votações na Câmara dos Deputados e agora tramita no Senado Federal com a denominação de PEC 55.

Ocupação no Cintra

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