Perigo

Ponte Marcelino Machado deve ter interdição parcial

Após vistoria realizada ontem, o Crea-MA recomendará ao Dnit que veículos pesados não trafeguem mais na ponte, que é utilizada pelos veículos que chegam a São Luís e está comprometida por uma rachadura

Adriano Martins Costa / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44

A rachadura existente embaixo da Ponte Marcelino Machado, sobre o Estreito dos Mosquitos, que liga a Ilha de São Luís ao continente, é preocupante. Segundo o engenheiro Clovis da Silva Souza, ao realizar uma vistoria na manhã de ontem na estrutura, representando a Defesa Civil Estadual, junto com membros do Corpo de Bombeiros e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MA), a construção está comprometida e se algo não for feito imediatamente a ponte pode colapsar.

Rogério Carlos Silva, engenheiro civil e fiscal do Crea-MA, ressaltou, com base no que foi analisado ontem, que ele escreverá um relatório ao Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) recomendando que veículos pesados deixem de passar por cima da ponte, até que o problema seja resolvido.

Segundo ele, atualmente o fluxo de carros maiores, tais como carretas e bitrens, está contribuindo para que a rachadura aumente ainda mais, por causa da trepidação que ocorre no local, bem maior do que em outras partes da ponte.

Estrutura mudada
O corpo de engenheiros do Crea-MA, da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros explicou que a obra de restauração da ponte, ocorrida de 2004 a 2006, mudou a estrutura da obra. Antes existiam vigas com vários suportes que se equilibravam e absorviam a trepidação dos veículos que passavam no local. Depois da reforma, foram colocadas vigas fixas. Não por acaso, a rachadura surgiu no local onde termina a nova armação. “O trecho que era flexível virou fixo. Temos uma estrutura antiga que mudou sua forma de trabalhar. Essa mudança contribuiu para a deformação”, afirmou Clóvis Silva.

O engenheiro disse que, como membro da Defesa Civil, também enviará um comunicado ao Dnit para que se pronuncie a respeito da situação. Mas destacou que a deformação já alcançou um nível macro e é grave. “A ponte tem uma questão social. Por isso, é necessária uma intervenção urgente. Esta é uma deformação macro, com características fortes de comprometimento estrutural”, destacou.
Além da rachadura, partes de ferro da estrutura da ponte também estão enferrujadas e corroídas, devido à ação do salitre. Isso contribui para o agravamento do problema.

Reportagem
A rachadura sobre a Ponte Marcelino Machado foi exposta por reportagem de O Estado no último 5 de outubro. Na ocasião, o Crea-MA ressaltou que seria necessária uma vistoria in loco para se definir a gravidade da situação.

Ainda na época, em nota, a superintendência local do Dnit informou que, por meio do Programa de Reabilitação de Obras de Arte Especiais (Proarte), monitora constantemente a ponte sobre o Estreito dos Mosquitos, com a realização de vistorias constantes, nas quais são providenciadas as medidas necessárias à manutenção da segurança da estrutura.

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Na última terça-feira, dia 25, o Dnit afirmou que realizou uma vistoria no local no dia seguinte à publicação da reportagem de O Estado e que e já havia solicitado maiores informações à Coordenação de Desenvolvimento e Projetos (CGDESP) quanto às providências a serem tomadas por conta da fissura.

HISTÓRICO

Em agosto de 2004, foram descobertas fissuras nas bases de concreto da ponte, perto do mesmo ponto onde existe hoje a rachadura. A passagem de um caminhão fez com que uma parte da estrutura cedesse, obrigando o Dnit a interditar a via para passagem de veículos. Depois de melhorias emergenciais, apenas carros de passeio e veículos de carga, com até 24 toneladas de peso, puderam transpor o estreito. Veículos com peso acima desse limite passaram a utilizar a ponte ferroviária Benedito Leite, que foi adaptada com pranchas de madeira para receber o trânsito rodoviário. A situação melhorou depois da construção da nova ponte e da reforma total da antiga.

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