Calais

Hollande promete desmantelar acampamento de migrantes

Entre 7 mil e 10 mil migrantes vivem atualmente em Calais, onde aguardam em condições deploráveis uma chance de cruzar para o Reino Unido; presidente francês cobrou que britânicos assumam sua parcela de responsabilidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45
(Hollande quer que britânicos 'assumam sua parcela' de responsabilidade)

Paris - O presidente francês François Hollande prometeu ontem que o acampamento de migrantes de Calais será "completamente desmantelado", em meio a uma polêmica sobre um plano para transferi-los a centros espalhados por todo o país.

Em Calais, porto às margens do Canal da Mancha, que visitou pela primeira vez desde sua eleição em 2012, Hollande pediu aos britânicos que "assumam sua parcela" de responsabilidade para resolver esta crise.

Entre 7 mil e 10 mil migrantes, em sua maioria provenientes de Sudão e Afeganistão, vivem atualmente neste acampamento conhecido como "Selva", onde aguardam em condições deploráveis uma chance de cruzar para o Reino Unido.

Há alguns meses, o número de pessoas que vivem apinhadas neste acampamento, em condições deploráveis, duplicou. "Estou determinado a fazer com que os britânicos participem do esforço humanitário que a França está realizando em Calais", declarou Hollande.

Diante do aumento da tensão entre os migrantes e os residentes desta cidade do norte da França, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, já havia anunciado o desmantelamento deste acampamento antes do inverno. "O governo irá até o fim", confirmou ontem François Hollande. Ele se reuniu ontem em Calais com políticos locais, ONGs e empresários

Mini Calais

A sete meses das eleições presidenciais, a imigração dominou a campanha de uma parte da direita com o objetivo de cortejar os eleitores da ultradireitista Frente Nacional, que segundo todas as pesquisas passaria ao segundo turno das presidenciais.

O ex-presidente Nicolas Sarkozy, candidato às primárias da direita, visitou Calais na semana passada e convocou a restabelecer os controles nas fronteiras para evitar que a França seja "afundada" pelos migrantes.

Sarkozy e seus simpatizantes multiplicam os ataques contra a política do governo socialista e criticam sobretudo a abertura anunciada de centros de migrantes em todo o território para acolher as milhares de pessoas evacuadas de Calais e de acampamentos informais em Paris.

Hollande, que até agora havia se mostrado discreto sobre o tema da imigração, entrou de cabeça no debate nos últimos dias.

No sábado, ele visitou um dos 164 centros que abrirão suas portas e prometeu que a França "não será um país de acampamentos" de migrantes, em referência às críticas de uma parte da direita, que estima que este plano não solucionará o problema, mas que, pelo contrário, criará vários "mini Calais" em todo o país.

Em uma cidade do sudeste do país, um prefeito anunciou sua intenção de organizar um referendo para bloquear o projeto. Além disso, no sábado, várias centenas de pessoas se manifestaram em um subúrbio abastado de Paris contra a instalação destes centros de acolhida.

A França, que registrou 80 mil novos pedidos de asilo em 2015 diante de cerca de um milhão na Alemanha, é considerado fundamentalmente como um país de passagem para os migrantes.

FRase

"Estou determinado a fazer com que os britânicos participem do esforço humanitário que a França está realizando" em Calais"

François Holande

Presidente da França

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