Festa

Abertura dos Jogos Olímpicos exalta a diversidade e os ritmos

Uma festa de luzes, cores e músicas e recheada de atrações marcou na noite de ontem no Maracanã a abertura dos Jogos Olímpicos do Rio; Giselle Bündchen interpretou a Garota de Ipanema a festa abordou as mudanças climáticas que o país e o mundo enfrentam

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46
(Explosão de luzes marcou a grande festa realizada no Maracanã, que retratou diversos aspectos da diversidade cultural do país e do Rio de Janeiro, sede dos Jogos)

Rio - Os olhos do mundo estavam voltados para o Maracanã na noite desta sexta-feira,5, data da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio.

A cerimônia de abertura dos Jogos iniciou exaltando uma das principais características do Rio de Janeiro: a combinação entre áreas verdes e urbanas. A cidade possui duas grandes reservas ambientais, a Floresta da Tijuca e o Parque Estadual da Pedra Branca, e imagens aéreas mostraram a proximidade desses espaços em um videoclipe com a música Aquele Abraço, cantada por Luiz Melodia, que o público acompanhou nos versos mais famosos.

Após a projeção das primeiras imagens, foi anunciado o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach. Pelo protocolo, estava previsto também o anúncio do presidente interino Michel Temer, o que não ocorreu.

O cantor Paulinho da Viola emocionou o público com uma interpretação do Hino Nacional em um palco inspirado nas formas do arquiteto Oscar Niemeyer. Ao violão, o cantor foi acompanhado por uma orquestra de cordas. A bandeira do Brasil foi hasteada pelo Comando de Policiamento Ambiental do Rio de Janeiro e 60 bandeiras foram carregadas por 50 atletas iniciantes e estrelas do esporte como Virna, Robson Caetano, Maureen Maggi e Flávio Canto.

A festa seguiu com uma homenagem ao "espírito da gambiarra", definido pelos organizadores como "o talento para fazer algo grande a partir de quase nada". Nessa parte da abertura, a arte geométrica brasileira foi homenageada, como referências a Athos Bulcão, geometria indígena, estampas africanas e azulejos portugueses. As duas mensagens mais importantes da cerimônia, a paz e a sustentabilidade, vieram logo em seguida, com a transformação do símbolo da paz em uma árvore.

Logo depois, a cerimônia voltou no tempo, ao nascimento das imensas florestas que cobriam o Brasil na chegada dos portugueses. Do começo da vida, a homenagem avança até a formação dos povos indígenas, cuja entrada foi representada por 72 dançarinos das duas grandes agremiações do Festival de Parintins, os Bois Caprichoso e Garantido.

A chegada dos europeus em caravelas, o desembarque forçado dos africanos escravizados e a migração de árabes e orientais ao país foi representada após, com pessoas que descendem de cada um desses grupos.

Grupos de parcour atravessaram o palco e pularam sobre telhados de prédios na parte da cerimônia que destacou a urbanização do Brasil contemporâneo, concentrada em grandes cidades. Ao som do clássico Construção, de Chico Buarque, acrobatas desafiaram as fachadas dos prédios e montaram uma parede, de trás da qual o avião 14 Bis saiu ao som de Samba do Avião, com um ator interpretando o inventor Santos Dumont.

O avião voou pelo Maracanã e a bossa nova continuou a dar o tom da festa com a exaltação das curvas do Rio de Janeiro, que inspiraram Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Oscar Niemeyer e o paisagista Roberto Burle Marx.

Desfile de Giselle

Giselle Bündchen interpretou a Garota de Ipanema e desfilou no Maracanã, enquanto Daniel Jobim, neto do maestro, tocava o clássico. Por onde passava, Giselle desenhava curvas que formavam obras de Niemeyer, como a Igreja da Pampulha e a Catedral de Brasília.

Depois de Ipanema, as favelas foram representadas com um show de ritmos como o samba e o funk, que reuniu as cantoras Elza Soares, que interpretou o Canto de Ossanha, e Ludmilla, com oRAP da felicidade ao lado de dançarinos de passinho. O rapper Marcelo D2 e o cantor Zeca Pagodinho simularam um duelo de ritmos, representando a diversidade da música do Rio de Janeiro.

A partir daí, a importância dos negros na cultura brasileira ganhou destaque com as rappers Karol Conka e McSofia, de apenas 12 anos. Manifestações culturais como o maracatu, os bate-bolas e o bumba-meu-boi também dividiram o espaço no palco do Maracanã e o treme-treme, do Pará, foi representado pela Gang do Eletro.

A diversidade era representada no palco em tom de disputa até que a conciliação veio com Jorge Ben Jor e a frase: "Vamos procurar as semelhanças e celebrar as diferenças". O cantor foi a atração seguinte, com o sucesso País Tropical, dançado por mais de mil bailarinos do baile charme de Madureira, festa tradicional na zona norte do Rio de Janeiro. O público cantou de pé trechos da canção.

Mudanças climáticas

Após mostrar com muita luz, cor e música a diversidade cultural do Brasil, a temática do espetáculo de abertura da Rio 2016 mudou e abordou as mudanças climáticas que o país e o mundo enfrentam. A emissão de gases de efeito estufa, o degelo dos polos, a elevação do nível do mar e o aumento da temperatura entraram em cena para alertar por um mundo mais sustentável.

Nessa parte da festa, as atrizes Fernanda Montenegro e Judy Dench recitaram o poema A Flor e a Náusea, enquanto telões apontavam o reflorestamento como um caminho.

Em seguida, começou o desfile dos 12 mil atletas de 207 delegações participantes dos jogos olímpicos. São 206 países e o time dos refugiados olímpicos.

O primeiro país a desfilar foi a Grécia, que tradicionalmente abre essa parte da cerimônia. Em, seguida, as delegações começaram a entrar em ordem alfabética. O público está aplaudindo de pé a entrada dos atletas. A delegação brasileira, anfitriã dos Jogos, será a última a entrar, com 465 atletas.

Floresta dos Atletas

Todos os atletas que participam da cerimônia de abertura receberam uma semente ao entrar no campo. Essas sementes, de 207 espécies, serão plantadas no local em que hoje está instalado o Parque Radical, no Complexo Esportivo de Deodoro, onde será criada a Floresta do Atletas.

MAIS

Uma quebra de protocolo marcou o início da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O presidente interino Michel Temer não foi anunciado ao lado de Thomas Bach, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional). O protocolo previa a apresentação da dupla, mas apenas o segundo teve seu nome chamado ao microfone.

O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, foi aplaudido. Quanto a Temer, havia um temor da equipe do presidente de que ele pudesse ser vaiado pelo público no Maracanã. Segundo informações da TV Globo, foi um pedido anterior para que o nome do presidente em exercício não fosse anunciado.

Pelo protocolo, Temer teria de declarar os Jogos abertos como fazem todos os presidentes de países-sede. Teria recitar apenas uma frase: "Declaro abertos os Jogos".

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