Ativistas

Grupo rebelde sírio diz que investiga vídeo de decapitação de criança

Rebeldes matam menino que dizem ser de facção que luta com Assad; grupo diz que envolvidos foram detidos e serão investigados

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46

Síria - Um grupo rebelde sírio que recebeu apoio militar dos Estados Unidos informou estar investigando a decapitação de uma criança em Aleppo, após divulgação de imagens de vídeo que mostram o menino sendo morto por um homem, que é apontado por ativistas como um membro deste grupo, informa a agência Reuters.

As imagens do militante cortando a cabeça de um menino com uma faca se comparam às maiores brutalidades cometidas pelo grupo jihadista Estado Islâmico, que matou centenas de prisioneiros na Síria e Iraque nos últimos três anos.

Antes de ser morto, o menino é visto na caçamba de um caminhão sendo insultado por diversos homens, que dizem que ele é de uma facção palestina que luta em Aleppo com apoio do presidente Bashar al-Assad.

"Este é um prisioneiro da Brigada Quds. Eles não possuem mais homens, então nos enviaram crianças hoje", diz um dos homens no vídeo. "Estes são seus cachorros, Bashar, crianças da brigada Quds", diz outro homem. De acordo com a France Presse, as brigadas Al-Qods negaram que o menino fizesse parte de seu movimento e indicaram que se tratava de um refugiado palestino de 12 anos.

Em comunicado, o grupo rebelde denunciou o que descreveu como "abusos dos direitos humanos que foram compartilhados nas mídias sociais", que não representam suas políticas ou práticas, e que um comitê foi formado para investigar o caso.

"Todos os indivíduos que participaram na violação foram detidos e entregues ao comitê para investigações, de acordo com as padrões relevantes da lei", diz a nota. Seu veredicto será anunciado "o quanto antes", diz o grupo.

Síria indignada
Moradores da cidade de Aleppo relatam à agência France Presse estarem indignados com a decapitação da criança. A segunda maior cidade da Síria está dividida entre os bairros a leste, controlados pelos rebeldes, e as áreas do oeste, nas mãos do regime de Assad.

"Como podem matar uma criança desta forma?", declarou Basel Zein, um barbeiro de 25 anos que vive no bairro de Al Kalasseh de Aleppo, nas mãos dos insurgentes. "Ele deveria ter sido julgado de forma justa e talvez trocado por rebeldes detidos pelo regime em vez de (ser submetido) a este ato de ódio", acrescentou.

Mohamad Badawi, imã em uma mesquita em Aleppo, disse que esta ação "é obra de criminosos. É proibido pelo Islã".

O incidente macabro também foi condenado pela Coalizão Nacional Síria, o principal grupo de oposição política no exílio, que expressou sua "comoção com as horríveis cenas" e pediu que o grupo rebelde puna os culpados.

"A Coalizão [...] não endossa qualquer comportamento contrário aos princípios da revolução e as aspirações do povo sírio por liberdade, dignidade e justiça", diz o comunicado.

Em Washington, o Departamento de Estado indicou que foi informado do incidente "horrível" e disse que poderia reconsiderar seu apoio ao grupo rebelde.

"Estamos investigando para ter mais informações", declarou na terça-feira seu porta-voz, Mark Toner. "Se for confirmado que essas alegações são fundadas, vamos examinar qualquer cooperação que temos com este grupo", acrescentou.

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