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Tasso Fragoso: homem de armas e letras

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47

O Maranhão tem muitos nomes que, embora muito importantes, acabaram ficando esquecidos. Um deles é o do general, historiador e escritor Tasso Fragoso.

Filho de Joaquim Coelho Fragoso e de Maria Custódia de Sousa Fragoso, Augusto Tasso Fragoso nasceu em São Luís do Maranhão no dia 28 de agosto de 1869. Possivelmente motivado pelo pai, desde a juventude se viu inclinado tanto à vida militar quanto às letras, principalmente ao campo da historiografia.

Após uma década e meia vivendo em sua cidade de nascimento, Fragoso resolveu expandir seus horizontes. Estudou na Escola Militar, instituição na qual se graduou em Artilharia. Logo depois ingressou na Escola Superior de Guerra, bacharelando-se em Matemática, Ciências Físicas e Engenharia Militar. Nessa época travou amizade com Euclides da Cunha e Cândido Rondon, além de entrar em contato com as ideias de Benjamim Constant, de quem se tornou discípulo e a quem se referia como o maior mestre de todos os tempos.

As atuações políticas e militares de Tasso Fragoso foram de vital importância para a História do Brasil. Antes mesmo de ser graduado como oficial ele participou de uma missão militar que culminou com a Proclamação da República em 1889. Seu nome ganhou projeção nacional, levando-o a ser indicado pelo Maranhão para compor o quadro dos deputados responsáveis pela elaboração da Constituição de 1891. Indicação que ele não aceitou por questões pessoais.

Durante a Revolta da Armada, Tasso Fragoso foi gravemente ferido, mas mesmo sem estar totalmente recuperado, continuou cumprindo suas obrigações militares. Embora tenha recebido diversas indicações para exercer cargos executivos e administrativos no Governo, o oficial maranhense quase sempre declinava os convites quando considerava que não poderia contribuir com a administração pública. Após muita insistência, acabou assumindo alguns cargos públicos, como, por exemplo, intendente do Departamento de Obra e Viação Geral, chefe da Casa Militar no governo de Venceslau Brás, chefe do Estado-Maior do Exército brasileiro e ministro do Supremo Tribunal Militar.

Porém, o momento mais lembrado da longa trajetória militar de Fragoso foi quando, em 1930, integrou a junta governativa militar provisória que depôs o então presidente da República Washington Luís e impediu que o candidato eleito Júlio Prestes assumisse a presidência. No meio desse tumultuado momento histórico, Tasso Fragoso chegou a assumir o cargo de presidente do Brasil no curto período compreendido entre 24 de outubro e 03 de novembro daquele histórico ano de 1930, entregando depois o cargo a Getúlio Vargas.

Patrono da cadeira 36 da Academia Maranhense de Letras, Tasso Fragoso é autor de diversos artigos acadêmicos e de dois importantes livros que comentam em analisam momentos da História do Brasil: A Batalha do Passo Rosário, livro no qual “abordou o maior choque militar jamais travado em territórios brasileiros, durante a Guerra Cisplatina, em 20 de fevereiro de 1827”, conforme explica o historiador Mário Maestri. Mas seu trabalho de maior fôlego foi História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, publicado em 1934. Esse livro é tido até hoje como uma espécie de paradigma para a construção de uma história crítica da vida militar brasileira.

Tasso Fragoso foi compulsoriamente aposentado, por haver completado setenta anos de idade, e faleceu no dia 20 de setembro de 1945, não sem antes deixar para a posteridade outros trabalhos historiográficos de sua lavra, como é o caso de A Revolução Farroupilha, Os Sofismas e as Contradições do Doutor Max Fleiuss e Franceses no Rio de Janeiro.

José Neres

Professor, escritor e membro da Academia Maranhense de Letras

E-mail: joseneres@globo.com

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