Festas Juninas

Bois de matraca fazem festa a São Marçal, no João Paulo

Tradicional evento chegou este ano à sua 89ª edição; batalhões fizeram a alegria do público, em uma festa que começou durante a madrugada e se estendeu ao longo de todo o dia, com muita alegria na despedida do mês de junho

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47

[e-s001]A Avenida São Marçal, no bairro João Paulo, foi pal­co da passagem dos batalhões pesados de bumba meu boi durante todo o dia de ontem. No dia de homenagens ao santo, a tradição, que dura 89 anos, foi mantida com grande animação, e os brincantes de bumba boi de matraca lotaram o espaço para se despedir da temporada junina oficial em São Luís.

Desde as primeiras horas da manhã de ontem, os grupos de bumba-boi sotaque de matraca começaram as apresentações pela Avenida São Marçal, que leva o no­me do santo homenageado. A festança na área se estendeu por todo o dia, e o trânsito na região foi alterado para permitir a passagem dos batalhões.

Passagem
Um a um, os grupos de bumba meu boi se apresentaram para milhares de pessoas, que foram ao local prestigiar e participar do momento singular da cultura popular maranhense. As apresentações tiveram início próximo à sede do 24º Batalhão de Infantaria Leve (BIL), de onde os brincantes se concentraram, e de lá seguiam ao longo da avenida, passando pela frente da estátua do duque de Caxias, os dois palcos montados na via e, por fim, pela grande estátua de São Marçal.

Os grupos de bumba boi eram seguidos pelos brincantes, que queriam aproveitar até o ultimo segundo as festividades juninas. E, para fazer bonito, eles carregavam suas matracas e pandeirões, que de forma harmônica entoavam o som forte e característico do São João do Maranhão.

[e-s001]Já passava de 11h e, mesmo com o sol forte, os brincantes permaneciam no local e não demonstravam sinal de cansaço, mesmo aqueles que chegaram logo no início da fes­ta. Foi por volta desse horário que o batalhão do Boi de Maracanã passou pelo local, arrastando com ele uma grande multidão.

Para não perder um só momento da festa, as pessoas batiam suas matracas e se juntavam aos integrantes do batalhão. Durante a passagem do grupo, foi feita uma homenagem ao mestre Humberto de Maracanã, que faleceu em janeiro do ano passado, aos 75 anos.

Impressões
Não apenas os ludovicenses, mas muitos turistas estiverem ontem, no João Paulo, para prestigiar a passagem dos grupos de bumba meu boi. “Estive aqui há quatro anos e agora voltei. Eu gostei do boi na rua, porque dessa forma as pessoas participam e podem interagir mais”, disse Rosemary Martins, turista de Salvador, na Bahia.

O padre Haroldo Passos Cordeiro, conhecedor da cultura popular maranhense, principalmente as festividades de São João, criticou a falta de apoio do governo, uma vez que os arraiais na cidade começaram a funcionar apenas na metade do mês de junho. “O São João este ano foi muito fraco. Precisamos corrigir essa situação. Quem faz a cultura é o povo e não o governo”, disse.

Como também faz parte da tradição do encontro de bumba-bois de matraca, o 24º BIL fez a distribuição do caldo de feijão para os brincantes reporem as suas energias. A alta do preço do produto fez com que o exército diminuísse a quantidade do alimento, mas nada que comprometesse a tradição.

“No ano passado, tínhamos cer­ca de 300 kg de feijão e este ano estamos com cerca de 200 kg. Mas somos privilegiados de poder participar desse evento que faz parte na nossa cultura. Nós participamos tanto oferecendo o caldinho de feijão, quanto participando das brincadeiras”, disse o coronel Carlos Frederico Azevedo, comandante do 24º BIL.

No ano em que se comemorou a 89ª edição do encontro de bumba-boi de matraca, cerca de 30 grupos folclóricos se apresentaram ontem ao longo da Avenida São Mar­çal. Aproximadamente 1.200 pessoas participaram da organização e segurança do evento, entre pessoas do Grupo Ação Voluntária e Instituto São Marçal; Exército Brasileiro; Polícia Militar (PM); Corpo de Bombeiros Militar (CBM); Guarda Municipal e Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT).

[e-s001]De acordo com os organizadores, o evento tem como significado a resistência de um povo em manter a identidade diante do processo de globalização crescente, que traz consequentemente a desintegração das identidades locais, substituindo-as por valores mercadológicos.

SAIBA MAIS

Lava-Bois

Os festejos juninos do Maranhão serão oficialmente encerrados neste fim de semana, no município de São José de Ribamar. Trata-se do tradicional Lava-Bois, evento promovido pela Prefeitura municipal e que, este ano, chega à sua 63ª edição. A previsão é de que mais de 100 mil brincantes passem pela sede da cidade durante os dois dias da festa – sábado e domingo, 3. A programação terá início na noite de sábado, a partir das 21h, no Parque Municipal do Folclore Therezinha Jansen, na orla marítima da sede.

Histórico

O primeiro encontro de bois no João Paulo, também chamado de confraternização dos grupos de bumba-boi sotaque de matraca ou Festa de São Marçal, aconteceu no fim da década de 20, quando os batalhões do Sítio do Apicum, o Boi do Lugar dos Índios, do povoado de São José dos Índios, em Ribamar, e, segundo contam alguns, o Boi da Maioba, se reuniram no espaço onde hoje é a Praça Ivar Saldanha, sob o pedido de José Pacífico de Moraes, comerciante, apreciador da cultura popular, que resolveu reproduzir, em seu bairro, um encontro que já ocorria desde 1924, todo dia 29, em honra a São Pedro, na então Vila do Anil.

Festa de São Marçal

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