São João

Comerciantes reclamam da Festa de São Marçal

Donos de estabelecimentos comerciais, apesar de entenderem a tradição popular, temem prejuízos com o fechamento das lojas no dia da festa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
Festa de São Marçal está em sua 88ª edição
Festa de São Marçal está em sua 88ª edição (São Marçal)

Por causa da tradicional Festa de São Marçal que ocorre no bairro João Paulo há 88 anos e recebe dezenas de batalhões de bumba meu boi, o comércio da Avenida João Pessoa fica de portas fechadas durante o dia 30, quando acontecem as homenagens ao padroeiro. Mas apesar de entenderem que se trata de uma tradição popular, comerciantes da área reclamam dos prejuízos causados por terem de ficarem com as portas fechadas durante todo o dia.

Nas calçadas dos estabelecimentos comerciais ao longo da Avenida São Marçal, onde acontece o encontro de grupos de bumba meu boi é possível notar a expectativa de muita gente para a festa. As calçadas estão demarcadas e os espaços reservados para o comércio informal, que no dia da festa vende água mineral, lanches, bebidas alcoólicas, matracas e adereços típicos das festas juninas. Mas eles serão os únicos comerciantes a lucrarem com a celebração.

Para o comércio formal ao longo da avenida o dia 30 é de vendas suspensas. Para os funcionários das farmácias, lojas de departamento, eletrodomésticos e eletrônicos, móveis e estofados, lanchonetes entre outros, a folga é bem-vinda, mas para os proprietários não. “Como esse ano a festa acontece durante uma quinta-feira, a gente vai acabar ficando dois dias na semana com as portas fechadas, por causa do feriado do dia 29, quarta-feira. Na atual conjuntura, qualquer dia sem vender faz muita diferença para a gente”, informa Joab Barbosa, comerciante.

Quem também reclama de ter de ficar com as portas fechadas é Ribamar Nogueira, gerente de uma farmácia. Entretanto, ele afirma que o dia sem vendas representa um prejuízo menor. “Antes, a gente ficava aberto normalmente. Colocávamos umas barreiras na entrada, mas com o empurra-empurra do povo a gente acabava com a porta quebrada. Então, nos últimos anos seguimos o restante do comércio da área e ficamos com as portas fechadas, até para evitar o risco de algum tipo de avaria, que seria um prejuízo bem maior”, afirma.

Festa

Este ano, mais de 20 grupos de bumba meu boi são esperados para o encontro no João Paulo. Por causa do festejo em homenagem a São Marçal, os planejamentos de policiamento, trânsito e a distribuição de caldo de feijão já estão definidos. Esta será a 89ª edição da festa que reúne os brincantes e admiradores do bumba meu boi.

Ainda de acordo com ele, a avenida terá, por mais um ano, o trânsito interditado na área da feira e no Monte Castelo, além de todas as transversais que cortam a via. Na praça onde há a imagem do santo, dois palanques serão dispostos: um deles para organização do evento e a apresentação dos grupos e o outro destinado a idosos e portadores de necessidades especiais com 60 cadeiras.

Durante todo o dia, mais de 100 mil pessoas devem passar pela via. Para garantir a segurança de todos, serão destacados mais de 200 policiais para o João Paulo. O efetivo total se revezará durante o dia em viaturas, motos, companhias a pé e conjuntos de cavalaria. Segundo o coronel Pedro Ribeiro, do Comando de Policiamento da Área Metropolitana I (CPAM I), os grupos poderão se apresentar na via entre as 6h e às 18h.

A distribuição de caldo feijão também está garantida segundo o presidente do Instituto São Marçal, Raimundo Morais. “Apesar do alto preço do feijão, teremos o caldo para os brincantes”, afirmou. Cerca de 200 kg de feijão e outros ingredientes serão repassados ao 24º Batalhão de Infantaria Leve (24º BIL) para que os militares preparem o caldo e façam a distribuição no próximo dia 30.

Saiba mais

O primeiro encontro de bois no João Paulo data de 29 de junho de 1928, quando os batalhões do Sítio do Apicum, o Boi do Lugar dos Índios, do povoado de São José dos Índios, em Ribamar, e, segundo contam alguns, o Boi da Maioba se reuniram no espaço onde hoje é a Praça Ivar Saldanha, sob o pedido de José Pacífico de Moraes, comerciante, apreciador da cultura popular, que resolveu reproduzir, em seu bairro, um encontro que já ocorria desde 1924, todo dia 29, em honra a São Pedro, na então Vila do Anil.

O encontro se repetiu todos os anos até 1949, quando foi para o Monte Castelo, mas ficou lá somente um ano. Depois, foi para o Bairro de Fátima e rodou por outros bairros até retornar ao João Paulo, em 1959. Somente nos anos 1980 a festa tomou a forma que tem hoje. Em 2006, a Prefeitura de São Luís, depois de ter sancionado a lei que alterou o nome da Avenida João Pessoa para São Marçal, atribuiu à Festa de São Marçal, através da lei Nº 4626 de 14 de julho, o título de bem cultural e imaterial, transformando a data no Dia Municipal do Brincante de Bumba Meu Boi.

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