Posicionamento

Turquia diz que moção de genocídio ''danifica'' as relações com a Alemanha

Deputados alemães aprovam resolução que reconhece genocídio armênio; presidente da Turquia chamou o embaixador turco em Berlim para consulta

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

Berlim - A adoção no Parlamento alemão de uma moção sobre o genocídio armênio "danifica seriamente" as relações entre Alemanha e Turquia, afirmou ontem em Ancara um porta-voz do governante Partido de Justiça e Desenvolvimento (AKP).

"O resultado do voto é um sério dano às relações entre Turquia e Alemanha", declarou o porta-voz do AKP, Yassin Aktay. Vários jornais turcos, opositores e próximos ao governo, asseguram em suas versões online que Ancara tem intenção de chamar para consultas seu embaixador em Berlim, Hüsein Avni Karslioglu, por consequência do voto parlamentar alemão.

O AKP prepara, além disso, uma declaração conjunta de três dos quatro partidos do parlamento turco para expressar seu repúdio oficial à resolução adotada em Berlim hoje.

Enquanto isso, os opositores Partido Republicano do Povo (CHP) e Movimento de Ação Nacionalista (MHP) aderirão à declaração do AKP, o pró-curdo Partido Democrático do Povo (HDP) não se unirá, assegura a imprensa turca.

O parlamento alemão aprovou hoje praticamente por unanimidade uma resolução que classifica como "genocídio" os massacres cometidos há mais de um século pelo Império Otomano contra a minoria armênia.

A votação aconteceu apesar das advertências da Turquia que as relações bilaterais se veriam afetadas pela moção.

O texto reconhece como "genocídio" -termo que a Turquia rejeita- a morte de entre 800 mil e 1,5 milhão de pessoas das minorias cristãs da Armênia nos massacres de 1915, assim como a responsabilidade alemã nelas, já que o país era então aliado do Império otomano.

Embaixador
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que o embaixador turco em Berlim, Hüsein Avni Karslioglu, foi chamado para consultas após a adoção nesta quinta-feira de uma moção sobre o genocídio armênio pelo parlamento alemão.

"A primeira reação é chamar para consultas o embaixador. Está voltando", manifestou Erdogan. "Esta decisão afetará seriamente as relações entre Alemanha e Turquia. Após meu retorno (à Turquia), vamos debater que passos tomar", acrescentou o presidente turco.

Merkel
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que as relações entre Alemanha e Turquia são muito amplas, apesar de existirem diferenças, e garantiu que é muito o que une os dois países, após o protesto de Ancara pelo reconhecimento do genocídio armênio.

Merkel lembrou os múltiplos laços que unem Turquia e Alemanha, onde residem mais de três milhões de cidadãos com raízes turcas, durante uma entrevista coletiva junto ao secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

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