Combates

Exército sírio confirma trégua de 48 horas em Aleppo a partir de hoje

Estados Unidos e Rússia também concordaram em incluir Aleppo no cessar-fogo; desde a retomada das hostilidades, em 22 de abril, na segunda maior cidade do país, 284 pessoas, incluindo 57 crianças e 38 mulheres, morreram na violência

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48
( Bombeiros e moradores foram ao local onde um projétil caiu e atingiu o hospital Dubeet, em Aleppo, no norte da Síria, na terça-feira,3)

Aleppo - O regime sírio anunciou ontem a intenção de respeitar a partir de hoje uma trégua de 48 horas na cidade de Aleppo (norte), abalada por combates entre forças pró e contra o presidente Bashar al Assad.

"Uma trégua será aplicada em Aleppo por 48 horas a partir da 1h local de quinta-feira (19h desta quarta-feira, hora de Brasília)", destacou em um comunicado o comando das forças armadas, publicado pela agência oficial de notícias Sana e a TV estatal síria.

O anúncio das forças do regime ocorre momentos depois de Estados Unidos e Rússia concordarem em incluir Aleppo na trégua na Síria, segundo o Departamento de Estado americano.

Acordo

Washington e Moscou negociavam desde o início da semana a renovação do acordo de cessação das hostilidades na Síria em vigor, em princípio, desde 27 de fevereiro, mas que foi quebrado no final de abril em Aleppo, a grande cidade do norte do país.

Tanto o chanceler russo, Sergei Lavrov, quanto o seu colega americano, John Kerry, - cujos governos apoiam lados opostos na guerra na Síria - expressaram confiança nestes últimos dias quanto a uma renovação do acordo.

"Como parte de nossos esforços urgentes para reduzir a violência na Síria e reafirmar a cessação das hostilidades em todo o país (Síria), os Estados Unidos e a Rússia chegaram ontem à noite a um acordo para estender este esforço para a província de Aleppo e a cidade de Aleppo", afirmou Toner.

Mortes

Desde a retomada das hostilidades, em 22 de abril, na segunda maior cidade do país, 284 pessoas, incluindo 57 crianças e 38 mulheres, morreram na violência, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ainda de acordo com a France Presse.

A cidade está dividida desde 2012 e a nova escalada de violência fez 156 vítimas do lado rebelde, quase que exclusivamente em ataques do regime, e 128 vítimas em bombardeios rebeldes contra setores controlados pelo governo.

Os grupos rebeldes dominam a periferia oeste da cidade enquanto as forças do regime cercam quase todos os bairros rebeldes ao leste. Ontem, três civis foram mortos quando um foguete caiu em um bairro controlado pelo governo, segundo a agência de notícias oficial SANA.

Ainda em Aleppo, uma coalizão de grupos rebeldes chamada "Fatah Halab" ("A conquista de Aleppo") iniciou na terça-feira,3, uma ofensiva contra os bairros da zona oeste, controlados pelo regime. "São os combates mais violentos em Aleppo em mais de um ano", afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

"Não acredito que os bombardeios vão cessar, porque a decisão de interrompê-los não está nas mãos de Assad, e sim nas mãos de seu aliado russo. Não parece que a Rússia deseja que a calma retorne a Aleppo", disse Mahmud Sendeh, um militante de 26 anos que mora em um dos bairros controlados pelos rebeldes, em referência ao presidente sírio.

Rússia
Rússia e Damasco justificaram assim a ofensiva lançada em Aleppo em 22 de abril, que acabou com a trégua estabelecida entre o regime e os rebeldes, mas que excluía grupos jihadistas, tais como o Estado Islâmico e a Frente Al-Nosra.

"O problema é que todo mundo tem uma visão diferente do cessar-fogo. O regime e os russos consideram que a partir do momento em que há membros da Al-Nosra, mesmo que apebas 2%, todo o resto é Al-Nosra também. Esta não é a nossa visão", declarou uma fonte diplomática europeia.

O governo russo chegou a afirmar na terça-feira que desejava obter um cessar-fogo nas próximas horas em Aleppo.

Últimos dias
Na segunda-feira,2, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que o conflito na Síria está "em muitos aspectos fora de controle". Ele foi a Genebra, na Suíça. na tentativa de salvar a trégua instaurada há dois meses na Síria.

Os bombardeios dos últimos dias atingiram hospitais e uma mesquita. Na terça-feira (3), um ataque rebelde a um hospital, fica em área controlada pelo governo, deixou 19 mortos e cerca de 80 feridos terça-feira (3).

Na sexta-feira,29, uma clínica médica e uma mesquita foram alvos. Na mesquita, 15 pessoas morreram. Na quarta-feira,27, bombardeios atingiram o hospital Al-Quds, apoiado pela organização Médicos Sem Fronteiras, deixando 50 mortos. Entre eles, estava o último pediatra que atuava na região.

Frase

"Não acredito que os bombardeios vão cessar, porque a decisão de interrompê-los não está nas mãos de Assad, e sim nas mãos de seu aliado russo"

Mahmud Sendeh

Militante de 26 anos

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.