Problemas

Com surto de viroses, unidades de saúde seguem lotadas

Demora no atendimento causa revolta entre pacientes; classificação de risco é utilizada como parâmetro de prioridade

Adriano Martins Costa - Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Pacientes aguardam atendimento na UPA Itaqui-Bacanga
Pacientes aguardam atendimento na UPA Itaqui-Bacanga (upa itaqui lotada h)

Hoje em São Luís tanto faz se a pessoa vai parar em um hospital público ou privado para conseguir um atendimento de urgência. Nesses tempos de zika, chikungunya e dengue, todas as unidades de Saúde da cidade que fazem atendimento de emergência estão lotadas e o tempo de atendimento às vezes leva uma manhã, ou até mesmo um dia inteiro, a depender do problema.

Quarta-feira, por exemplo, na Unidade de Pronto Atendimento da Região Itaqui-Bacanga, a ante-sala de espera estava com todos os bancos ocupados. Um grupo de pacientes e acompanhantes ainda aguardava do lado de fora. Ezequias Soares era um desses acompanhantes. Ele estava desde às 10h da manhã com uma tia, que às 15h da tarde ainda estava dentro do hospital, e reclamava da demora no atendimento, afirmando que tem que ter muita paciência e força de vontade para continuar esperando.

Quem também esperava desde manhã, no mesmo hospital, era Raimundo Alves. Ele relatou que mais cedo houve até mesmo um principio de confusão, isso porque os pacientes e, principalmente, seus acompanhantes começaram a reclamar justamente da demora no atendimento. “Acontece que as pessoas pensam que vão chegar aqui e ser atendidas logo, mas não é assim, tem que saber esperar”, reclamou o senhor.

Risco

E até que ele está certo. De acordo com a cartilha de “Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de Urgência”, elaborado pelo Ministério da Saúde e que serve de parâmetros para o atendimento em hospitais e unidades de urgência e emergência, o atendimento aos pacientes não é realizado por ordem de chegada, mas sim pela gravidade da situação.

“A classificação de risco vem sendo utilizada em diversos países, inclusive no Brasil. Para essa classificação foram desenvolvidos diversos protocolos, que objetivam, em primeiro lugar, não demorar em prestar atendimento àqueles que necessitam de uma conduta imediata. Por isso, todos eles são baseados na avaliação primária do paciente, já bem desenvolvida para o atendimento às situações de catástrofes e adaptada para os serviços de urgência”, ressalta o documento.

A classificação é realizada por um profissional de enfermagem de nível superior, que se baseia em consensos estabelecidos com a equipe médica para avaliar a gravidade do caso, assim como o grau de sofrimento do paciente. Mas a quantidade de atendimentos que está sendo realizada hoje, tanto na rede pública quanto privada, termina por sobrecarregar o sistema com sintomas quase todos parecidos, causados, em sua maioria, pelas “viroses” mais comuns no momento.

O médico José Luíz Guimarães, diretor de um hospital infantil em São Luís, destacou que nos últimos dois meses a demanda em sua unidade de saúde tem aumentado em decorrência dessas viroses, por isso é fundamental que os pais acompanhem a situação de seus filhos, para observar a evolução da doença e, em caso de complicações, levarem a criança ao pronto-socorro. O conselho vale para todos os pacientes.

Viroses

Na semana passada, O Estado mostrou que, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), a cada hora uma pessoa dá entrada nos hospitais da cidade com sintomas de dengue, zika e febre chikungunya. Isso acaba por lotar as unidades de saúde. Na Unidade de Pronto Atendimento do Vinhais, por exemplo, cerca de 90% dos atendimentos são relativos a uma das três doenças.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informou que, para contornar o problema da demanda, na rede de urgência e emergência estão sendo adotadas algumas medidas, como o fortalecimento da classificação de risco nas portas de entrada dos hospitais, unidades mistas e Socorrinhos, visando identificar os casos mais graves para atendimento imediato; o aumento do quantitativo de profissionais de saúde das equipes de emergência; e agilização dos resultados de exames laboratoriais, junto ao Laboratório Central do Município; a intensificação das ações de vigilância epidemiológica em toda a rede municipal de urgência e emergência para monitorar e notificar os agravos mais relevantes.

Entenda a classificação de risco

PRIORIDADE AZUL (Não urgente)

Queixas sem alterações agudas. Encaminhar para consulta médica, urgência menor. Sem risco de morte. (exemplo: curativos, trocas ou requisições de receitas médicas, avaliação de resultados de exames, solicitações de atestados médicos)

PRIORIDADE VERDE (Pouca urgência)

Pacientes em condições agudas (urgência relativa) ou não agudas atendidos com prioridade sobre consultas simples. (Exemplo: ferimento craniano menor, dor abdominal difusa, cefaléia menor, doença psiquiátrica, diarreias, idosos e grávidas assintomáticos, etc.)

PRIORIDADE I AMARELA (Urgência)

Pacientes que necessitam de atendimento médico e de enfermagem o mais rápido possível, porém não correm riscos imediatos de vida. Deverão ser encaminhados diretamente à sala de consulta de enfermagem para classificação de risco. (Exemplo: trauma moderado ou leve, tce sem perda da consciência, queimaduras menores, dispnéia leve a moderada, dor abdominal, convulsão, cefaléias, idosos e grávidas sintomáticos, etc.)

PRIORIDADE VERMELHA (Emergência)

Pacientes que deverão ser encaminhados diretamente à Sala Vermelha (emergência) devido a necessidade de atendimento . Em morte iminente. (Exemplo: parada cardiorrespiratória, Infarto, politrauma, choque hipovolêmico, etc.)

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