Espetáculo

Formas de amar são debatidas no palco

Espetáculo “Fatal” faz uma trilogia sobre a paixão criada a partir de mitos e lendas; no elenco, os atores Debora Lamm e Paulo Verlings

Italo Stauffenberg/ Enviado Especial

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50
Cena do espetáculo "Fatal"
Cena do espetáculo "Fatal" (Peça Fata)

RIO DE JANEIRO - Três histórias sobre o amor contadas a partir da percepção de três autores diferentes. Essa é a proposta de “Fatal”, espetáculo que está em cartaz no Oi Futuro Flamengo. A peça é escrita pelos dramaturgos Jô Bilac, Marcia Zanelatto e Pedro Kosovski. A concepção e direção é de Guilherme Leme Garcia. No elenco, os atores Debora Lamm e Paulo Verlings.

Sob o palco, os atores chamam a atenção pelo simples. Não é preciso muitos elementos cenográficos para que suas histórias ganhem vida. Os corpos não se movimentam. Aqui, somos impulsionados pela força da palavra. De imediato somos surpreendidos pelo encontro às escuras de Eros e Psiquê num darkroom mitológico. A concepção do ato é de Pedro Kosovski.

Em seguida a plateia é direcionada a trágica história de amor entre Tristão e Isolda. A lenda de origem celta, adaptada em forma de peepshow por Zanelatto, é de tirar o fôlego. Com forte domínio da palavra, Lamm e Verlings conseguem nos fazer imaginar quão profundo e intenso foi a relação de amor proibido entre um cavaleiro e sua rainha. Só que contada de forma diferente. Não da forma como já conhecemos. O que nos chama atenção para o texto é a forma como os próprios personagens se enxergavam interiormente.

Por fim, Jô Bilac, filho de pai indiano, mergulhou em suas origens para dar vida na história de Kama, deus do amor hindu, e Rati, deusa da paixão. A temporada de “Fatal” segue até 10 de abril, de quinta a domingo, às 20h.

Preparação – Debora Lamm e Paulo Verlings confessaram que foi bastante desafiador encarar personagens tão distintas. No segundo ato, a atriz chega a declarar 135 palavras de duas sílabas no imperativo. É de tirar o fôlego. A plateia chaga ao êxtase. “É muito bom se sentir desafiada. Mas eu pensei: ‘Caramba, como é que eu vou fazer dessas palavras uma cena? Como eu vou passar todos os sentimentos da Isolda?”, disse a atriz que conseguiu decorar todas as palavras na semana de estreia do espetáculo.

Para composição dos personagens, os atores foram enfáticos ao afirmar que buscaram inspiração nos trabalhos de Fernanda Montenegro e Maria Bethânia, mulheres que trazem uma carga emotiva muito grande através da palavra, dos discursos narrativos.

Segundo a atriz, que também faz parte da Cia OmondÉ, a representatividade das suas personagens também lhe motivou a fazer um trabalho diferenciado sob o palco. “Sendo bem sincera, o que me ajuda a ter esse sentimento é a emoção de fazer essas três personagens. Acho isso tão incrível. Quantas atrizes já tiveram a oportunidade de fazer a Isolda? Poxa, eu vou fazer a Psiquê”, indagou Lamm. “A emoção de dar voz a essas grandes personagens me faz alcançar, a partir do discurso do discurso delas, um lugar que seja interessante”, concluiu a atriz.

“Fatal” segue o projeto de Guilherme Leme Garcia de revelar novos olhares a partir de um mesmo tema. É uma continuação do trabalho de pesquisa que ele vem desenvolvendo desde as montagens de “RockAntígona” (2010) e “Trágica.3” (2014) – ambas criadas a partir de tragédias gregas. “Agora sinto muita vontade de falar sobre a paixão. Seguindo a trilha do espetáculo que fiz sobre as mulheres trágicas, decidi que era o momento de trazer novos olhares sobre o amor. E assim surgiu a ideia da trilogia romântica”, explicou o diretor.

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