Ser uma mulher transexual é enfrentar muitos desafios: auto identificação, autoaceitação, família, educação, saúde, mercado de trabalho, estereótipos, preconceitos, é ver um reflexo no espelho e entristecer, é sentir uma sensação incontestável de que a imagem refletida não traduz quem se é de verdade, é se negar a fotos, lugares, contatos, é observar o universo feminino sentindo que aquele sim é seu espaço e que ali está sua identidade, personalidade e felicidade, é sentir-se em uma prisão sem muros.
Mas, em um dado momento, o descontentamento é tanto que se sente o forte e incontestável desejo de mudar, de se “transformar”, de se tornar mulher, pois, como já dizia Simone de Beauvoir: “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, e aos poucos acontece uma desconstrução para logo em seguida haver uma reconstrução, a harmonização entre corpo e mente. Nesse momento, começa a se tornar real o desejo a tanto sufocado, onde enfim se é o que se sente, um momento de decisões drásticas, algumas vezes desesperadas, onde ponto crucial é autoaceitação.
É ainda estar fadada a rótulos, situações constrangedoras, curiosidades, julgamentos, falta de oportunidades, e a figura sexuada. Os problemas são muitos, mas aos poucos degraus estão sendo galgados rumo à dissolução do preconceito, na busca por uma vida digna, onde a condição sexual não seja critério para discriminação e preconceito, mas sim fator de respeito a diversidade, e principalmente respeito ao ser humano.
Ser uma mulher transexual é ter várias dúvidas e estar cheia de certezas, é chorar de alegria e sorrir na tristeza, é ser frágil e fingir que é forte, é acreditar quando ninguém mais acredita.
*Julia Rodrigues é transexual, design de interiores e universitária
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