Bandeira Verde

E nessa copinha tem goteira

E nessa copinha tem goteira

Ney Farias Cardoso

Atualizada em 11/10/2022 às 12h52

A Copa São Paulo de Futebol Júnior começou no sábado. E está inflada, em 2016. Se ano passado teve 104 participantes, o torneio atual tem nada mais, nada menos que 112. Isso significa poder. Muita força concentrada nas figuras das federações (que querem aparecer) e dos empresários e eventuais agentes de jogadores. Ainda mais se for levado em consideração que o futebol sempre foi um negócio bem lucrativo. Até quem não cuida da carreira de uma das “joias da coroa” pode se beneficiar do talento de um jovem do segundo escalão. É um ambiente sórdido, até certo ponto, mas absolutamente verdadeiro.

A Copinha é uma vitrine. Vamos considerar que cada equipe tenha levado 22 atletas para São Paulo. Isso dá um total máximo de 2.464 garotos buscando o famoso “lugar ao sol”. A maioria não vai conseguir. Isso porque, querendo ou não, o futebol é surpreendentemente um esporte de elite. Não no sentido financeiro. Ele não pode ser equiparado ao golfe, ao automobilismo, ao hipismo. O menino (e também a menina) que moram na favela mais humilde tem todas as condições de participar das famosas “peneiras” (esse nome se ajusta com perfeição ao argumento) e mostrar que pode muito bem chegar ao Barcelona – no caso das meninas, se transformar na substituta da própria Marta -, desde que faça por merecer.

Nesse aspecto, o grande Goteira começou sua odisseia na Copa mais ou menos com o pé direito. Quer dizer, vou supor que ele tenha aberto com a chuteira destra o placar da partida do seu time, o Primavera (SP), contra o sergipano Boca Júnior. Que, aliás, terminou na igualdade por 1x1. Como disse aquele grande filósofo contemporâneo, o trabalho do Goteira não foi suficiente para alagar com mais gols a abertura dos trabalhos no grupo 14, com sede em Indaiatuba.

Quem “alagou” mesmo a rede adversária foi o Coritiba. Os “coxinhas” detonaram dez vezes a União Barbarense. Muito fácil? Pode ser que sim, pode ser que não. Se os paranaenses tomam um gol logo de cara, talvez o placar final não tivesse sido tão elástico. Agora, e esses 10x0 tivessem sido aplicados pelo Corinthians, por exemplo, o massacre não teria passado batido. Um minuto após o fim da partida, o país inteiro exaltaria esse feito e apresentaria os artilheiros como os próximos candidatos a vestir a própria “amarelinha” A crônica esportiva consegue ser tendenciosa, com o inaceitável bairrismo, até nesses momentos. Entra ano, sai ano.

Para não dizerem por aí que não falei dos maranhenses na competição, o Sabiá se deu mal na estreia. Não sei o resultado do Sampaio contra o poderoso Palmeiras. Se ganhou, ganhou. Se perdeu, melhor sorte na próxima partida.

Sem essa de “orgulho de ser maranhense”.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.