Bandeira Verde

Crise de identidade

Crise de identidade

Ney Farias Cardoso

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54

Dez anos atrás, ele conseguiu escrever seu nome na história da Fórmula 1. Aos 24 anos e 57 dias, superando assim o grande Emerson Fittipaldi e derrubando um recorde de longos 33 anos, Fernando Alonso conquistava seu primeiro título mundial.

Isso aconteceu em Interlagos. No mesmo 2005 em que aconteceu a lamentável e vergonhosa “Guerra dos Pneus”, no Grande Prêmio dos Estados Unidos, em Indianápolis. Então a bordo de uma Renault bastante competitiva, Alonso emplacou três vitórias seguidas – na Malásia, no Bahrein e em San Marino – e depois foi só uma questão de manter a tal da regularidade. Tanto que quando chegou a São Paulo, ele só precisava marcar módicos seis pontos nas três últimas etapas – Brasil, Japão e China.

Uma década depois, o Príncipe das Astúrias tem todos os motivos para não comemorar rigorosamente nada. Muito pelo contrário. No Grande Prêmio do Japão, disputado à tarde na terra do sol nascente e “na madrugada de sábado para domingo” aqui na terrinha, o excelente piloto espanhol perdeu as estribeiras ao reconhecer que anda guiando um pangaré empacado que está a léguas de distância dos anos de glória da McLaren.

“GP2!”, ele gritou via rádio a quem quisesse ouvir. “Motor de GP2!”. O berro partiu após a facílima ultrapassagem de Max Verstappen. Além de ter parecido um surto de crise de identidade, foi uma referência curta, grossa e direta à unidade motriz sem dúvida alguma ineficiente que a Honda – logo ela – instalou nos carros de Alonso e de Jenson Button. Outro campeão do mundo, o que torna a situação da McLaren vergonhosamente dramática. Quantas vezes nesta temporada vimos Button ficar pelo meio do caminho nas classificações? E não veremos qualquer reação no sentido de melhoras sensíveis. Na verdade, o que se percebe é uma imensa torcida para o ano acabar logo. Porque 2015 tem sido bom apenas para uma pessoa em todo o grid.

A partir da corrida de ontem, quero crer que não haja mais dúvidas quanto ao tricampeonato de Lewis Hamilton. Ainda que a Fórmula 1 tenha voltado a ser “mais do mesmo” em Suzuka, com a incontestável superioridade das Mercedes, não dá para deixar de contatar que esse terceiro título vai ficar nas mãos de um piloto que já deu provas suficientes de ter se tornado tão bom quanto o Fernando Alonso que ajudou a acabar com uma outra hegemonia, a de Michael Schumacher. Que, por sua vez, apareceu para “substituir” Ayrton Senna. Vejam só o paradoxo: na F-1, as transições são muito lentas. Precisamos de uma década, mais ou menos, para assistir ao surgimento de quem é mesmo notável.

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