Bandeiras Verde

O joio e o trigo

O joio e o trigo

Ney Farias Cardoso

Atualizada em 11/10/2022 às 12h55

O automobilismo é um dos poucos esportes nos quais há pouco ou quase nenhum espaço para quem não é o melhor naquilo que faz. Em noventa e nove por cento dos casos, os grandes pilotos estarão nas primeiras posições e os menos talentosos, por assim dizer, têm lá seu espaço reservado na rabeira do grid de largada. Isso desde a primeira corrida de Fórmula 1, lá nos anos 1950. Faz algum tempo.

É claro que o Improvável – com “i” maiúsculo por seu inquestionável peso em nossa trajetória – pode e deve dar o ar de sua graça. Qualquer esporte precisa desse toque inusitado do destino para atrair o interesse da plateia. Para o bem ou para o mal. No caso de Nico Rosberg, ontem, arruinou totalmente as chances mínimas que o jovem e excelente piloto alemão ainda tinha de brigar com Lewis Hamilton pelo título deste ano. Mesmo o poderoso motor Mercedes pode explodir nas voltas finais de uma prova, como aconteceu em Monza. Circunstâncias de competição, imagino eu.

Mas essa questão das probabilidades contrárias a um desempenho só aparece aqui e ali. Pouco afeta a dinâmica de uma corrida de automóveis que se deslocam de um ponto a outro a quase 300 por hora. Ou mais de 300, como a Fórmula Indy nos circuitos ovais. Kimi Raikkonen é um dos resultados quando são separados o joio e o trigo. O ferrarista deu um grande susto na largada: seu carro simplesmente se recusou a partir, assim que as luzes vermelhas se apagaram. A colisão com os carros posicionados imediatamente atrás teria sido algo em que ninguém gosta de pensar, principalmente depois das recentes perdas de Jules Bianchi e de Justin Wilson.

Agora, no que o bólido vermelho do Homem de Gelo desembestou, Raikkonen protagonizou uma atuação que só não pôde ser considerada histórica porque não venceu o Grande Prêmio da Itália. No entanto, imagine um piloto partir rigorosamente da última posição e chegar em quinto. E numa corrida com apenas quatro abandonos.

Raikkonen merecia um lugar no pódio? Creio que sim. Por outro lado, os três primeiros colocados também estiveram em uma tarde (manhã pelos lados daqui) inspirada. Valteri Bottas, o quarto, por pouco não tirou o terceiro lugar de Felipe Massa. Sebastian Vettel, o segundo, mostrou que não é tetracampeão por acaso. Ou seja, no fim das contas o resultado ficou de bom tamanho. Ninguém pode questionar, porque os que se deram bem fazem parte da turma dos feras, dos que largam da terceira fila para a frente. Jamais daí para o fundão.

É como uma ciência. Com espaço mínimo para o Imponderável. Ou então nenhum.

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