Cuba e EUA

ONU pede fim de embargo a Cuba e EUA votam contra

Israel também votou contra o fim do embargo; resolução dá boas-vindas ao restabelecimento das relações diplomáticas; o presidente Barack Obama defendeu o fim do embargo, mas isso depende da aprovação do Congresso dos Estados Unidos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h53
(Assembleia Geral da ONU votou resolução sobre o fim do embargo à Cuba; apenas os EUA e Israel votaram contra )

Nova York - A Assembleia Geral da ONU pediu ontem, pelo 24º ano consecutivo e por imensa maioria, o fim do embargo aplicado a Cuba pelos Estados Unidos, em uma resolução votada três meses após o restabelecimento de laços diplomáticos entre os dois países.

Em julho, EUA e Cuba retomaram suas relações diplomáticas e abriram embaixadas nos respectivos territórios depois de vários meses de negociações que puseram ponto final a mais de meio século de ruptura. No entanto, o embargo econômico ainda vigora. O presidente Barack Obama defendeu o fim do embargo, mas isso depende da aprovação do Congresso dos EUA.

A resolução foi apoiada por 191 países, enquanto apenas Estados Unidos e Israel votaram contra, um resultado ainda mais contundente que no ano anterior, quando foram registrados 188 votos positivos, dois negativos e três abstenções, segundo informa a agência France Presse.

A resolução deste ano dá as boas-vindas ao restabelecimento das relações diplomáticas entre Havana e Washington e reconhece a o esforço do presidente Obama em acabar com o embargo. Esta é a única diferença em relação às resoluções apresentadas por cuba nos outros anos, de acordo com a Reuters.

Os Estados Unidos criticaram o fato de a resolução ser muito parecida com as apresentadas em anos anteriores. "O texto fica aquém da reflexão dos passos significativos que foram tomados e do espírito de comprometimento que o presidente Obama tem defendido", disse antes da votação Ronald Godard, conselheiro sênior para assuntos do Ocidente. "Se Cuba pensa que esse exercício vai ajudar a levar as coisas adiante na direção que os dois governos indicaram que desejam, é um erro", afirmou Godard na Assembleia Geral.

Normalização - Godard disse que a normalização das relações entre os dois países requer anos de persistência e dedicação dos dois lados. O presidente cubano, Raul Castro, já deixou claro que a normalização completa implica no levantamento total do embargo e na devolução da base naval de Guantánamo.

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, disse à Assembleia Geral terça que o embargo é "uma violação flagrante, massiva e sistemática dos direitos humanos de todos os cubanos".

"Nós compartilhamos o sonho de que os Estados Unidos prossigam para uma mudança de uma política ineficiente, cruel e injusta ancorada no passado", disse. "Enquanto o bloqueio persistir nós continuaremos a apresentar esta resolução".

O bloqueio americano à Cuba foi imposto em 1962 pelo então presidente John F. Kennedy para forçar a queda do regime comunista da ilha. Na primeira vez em que foi aprovada, em 1992, a resolução recebeu 59 votos a favor, três contra e houve 71 abstenções.

Bloqueio - O embargo causou prejuízos de mais de 100 bilhões de dólares à ilha, segundo o governo cubano. Cuba tem de comprar em mercados mais distantes, o que encarece as mercadorias com fretes e seguros. No caso dos medicamentos e outros bens tecnológicos, às vezes os Estados Unidos são o único fornecedor.

A ilha produz 65% dos medicamentos para seus 11,1 milhões de habitantes e importa os 35% restantes, principalmente para tratamentos de câncer, aids e diabetes. Nesse sentido, o representante da Bolívia ante a ONU, Sacha Llorenti, recordou o caso da menina Noemí Bernárdez, de 7 anos e que teve um tumor cerebral extraído e agora deve ser submetida a quimioterapia com um medicamento oral produzido nos Estados Unidos.

Como não pode ter acesso a esse remédio de maneira oficial devido ao embargo, o ministério da Saúde cubano tenta comprá-lo sigilosamente em um terceiro país, o que, segundo Llorenti, é "um exemplo do alcance genocida do bloqueio".

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