Holguín - O papa Francisco viajou ontem a Holguín, no leste de Cuba, para celebrar sua segunda missa em território cubano, acompanhada por milhares de pessoas. Após a celebração, o papa cumpriu uma antiga tradição, e abençoou a cidade a partir do topo de uma colina.
O avião que levou o pontífice decolou às 8h locais (9h de Brasília) do aeroporto internacional de Havana, onde foi saudado pelo presidente do Parlamento cubano, Esteban Lazo; pela primeira-secretária do governante Partido Comunista na capital, Mercedes López, e pelo cardeal Jaime Ortega, constataram jornalistas da AFP.
Em Holguín, 760 km a leste de Havana, o pontífice começou a missa no fim da manhã. A primeira celebração do papa em Cuba foi realizada no domingo na Praça da Revolução de Havana. Durante sua homilia, Francisco ressaltou o esforço e o sacrifício da Igreja católica para levar sua mensagem a todos os lugares de Cuba, onde são poucos os padres e os templos.
"Sei com que esforço e sacrifício a Igreja em Cuba trabalha para levar a todos, nos locais mais distantes, a presença de Cristo", afirmou o papa ante a multidão reunida na Praça da Revolução Calixto García de Holguín.
"Uma menção especial merecem as chamadas 'casas de missão' ante a escassez de templos e de sacerdotes, pois permitem a tantas pessoas que tenham seu espaço de oração, de escuta da Palavra (de Deus), de catequese e de uma vida em comunidade", acrescentou pontífice na missa oficiada na província natal dos irmãos Fidel e Raúl Castro.
Depois de confrontar o governo comunista surgido da revolução de 1959, nos últimos anos a Igreja recuperou seu espaço na sociedade cubana e se converteu em interlocutor privilegiado do governo de Raúl Castro, sucessor do irmão enfermo em 2006 e que assistiu a missa.
"As autoridades do país sabem bem que a Igreja não pede para si, e sim solicita para aqueles que necessitam para cumprir com a missão que Jesus pregou", afirmou, durante a missa, o bispo de Holguín, Emilio Aranguren. "A Igreja está convencida de que o Evangelho pode fazer que cada cubano tenha um rosto mais bondoso e mais humano, já que a fé em Jesus Cristo alimenta a vivência na virtude", acrescentou.
Guantánamo - Cubanos de Guantánamo que participaram da missa em Holguín pediram a ajuda do pontífice para recuperar a base naval americana nesta baía da ilha de Cuba. "Pedimos ao Papa a paz e tranquilidade, que o mundo de una, e que nos ajude a recuperar a base", declarou Noel Perez, um construtor de 54 anos que vive em Caimanera, vila "ao lado da base naval" americana.
O futuro da base de Guantánamo, arrendada desde 1903 por Washington sem uma data de rescisão do contrato, é uma das questões sensíveis do processo de normalização das relações entre os dois países, depois do restabelecido das relações diplomáticas em 20 de julho.
Cuba exige a devolução do território de 117 km/2, mas Washington diz que "não tem a intenção de alterar o contrato de arrendamento" e que a questão não faz parte das discussões em curso com Havana. "Francisco é o terceiro papa a visitar-nos em Cuba, mas é o primeiro latino-americano e pode nos ajudar a obter a base", disse Norales Mendoza, de 45 anos.
Benção - Após a missa, o papa foi para Loma de la Cruz, uma colina de 261 metros de altura, de onde abençoou a cidade cumprindo uma antiga tradição imposta em 1790 por um frade franciscano para conjurar doenças e outras desgraças.
Holguín é um dos centros mais antigos do cristianismo na ilha e a terra natal do líder cubano Fidel Castro e de seu irmão, o presidente Raúl Castro, com quem Francisco se encontrou no domingo, no âmbito de um dia repleto de compromissos.
A visita de Francisco a Cuba é a primeira etapa de um giro que também o levará aos Estados Unidos a partir de hoje.
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